8 de jan. de 2020

NA PONTA DO LÁPIS



Conhecido como o mês de pagar as contas, janeiro exige cautela, jogo de cintura, organização e controle de gastos para manter as finanças em dia



Janeiro, mês de colocar as contas em dia
Foto: Pixabay.com
Terminadas as festas de fim de ano, janeiro chega com tudo e não está prosa. Cobranças e faturas pipocam de todos os lados: cartão de crédito, IPVA, IPTU, material escolar. 

Tradicionalmente conhecido como o mês de pagar as contas, janeiro já virou sinônimo de esvaziar o bolso, tentar colocar em dia as dívidas adquiridas em dezembro e se organizar para os débitos que virão nos meses seguintes.
   
Não bastassem as cobranças tradicionais da época há também reajustes de preços de todos os tipos e porcentagens, uns acima, outros na média, mas poucos abaixo da inflação.

No corre-corre para honrar o que foi adquirido no final do ano anterior e assumir com folga e tranquilidade os compromissos do novo ano, muitos consumidores se esquecem do principal: colocar tudo na ponta do lápis e se organizar financeiramente, ou seja, fazer o famoso orçamento doméstico.

Para diminuir o peso das novas dívidas que o começo do ano exige, as palavras de ordem são pesquisar e pechinchar, pelo menos em relação aos itens que, por força das circunstâncias, vão precisar ser assumidos de imediato como material escolar e IPVA, mas que podem ser facilmente negociados ou receberem bons descontos se forem pagos à vista.

ESTRATÉGIAS

Em todo o país a saída parece ser a mesma: apertar os cintos para manter as contas em dia. 

Contudo, tratando-se de dívidas, a criatividade do brasileiro não tem limites, o óbvio nem sempre é unanimidade e cada um tem sua receita infalível. 

Os pernambucanos não fogem à regra.

O estudante Vinicius, 23, vai na contramão de muitos consumidores: utiliza o décimo terceiro salário para adquirir em janeiro o que a maioria das pessoas costuma comprar em dezembro. 

“Sempre comparo o que eu ganho com a relação custo e consumo e deixo tudo para o início do ano, assim aproveito as promoções que, nessa época, têm um preço melhor, e desse jeito consigo pagar à vista”, revela.

O empresário Marcelo, 49, e a vendedora autônoma Maria José, 44, programam-se com antecedência fazendo reserva já no início de janeiro de cada ano. “Dessa forma consigo ter em 12 meses o suficiente para pagar com tranquilidade e sem surpresas tudo o que vem de uma vez só no começo do ano”, afirma o empreendedor.

Maria Luíza, 64, aposentada, tenta, apesar de ser difícil, estabelecer prioridades dando preferência para exigências fiscais mais urgentes como os impostos e tributos.     

Dependendo da disponibilidade financeira, Maria Luíza prefere pagar à vista para não precisar cair na cilada do cheque especial, "embora em relação às dívidas nenhum brasileiro consiga ficar totalmente seguro durante todo o ano”, reclama.

DICAS

Para Fernando Aquino, economista, conselheiro do Cofecon (Conselho Federal de Economia) e membro da ABED (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia), a melhor forma de encarar os compromissos financeiros assumidos no final de um ano e começo de outro é fazer um orçamento, tanto para os meses desse ciclo quanto para alguns meses seguintes. 

“É difícil aceitar e cumprir os valores orçados, mas ajuda muito a manter um certo equilíbrio”, afirma.

Segundo Aquino, parcelar dívidas é perigoso já que compromete os meses subsequentes e permite gastar mais agora em troca de gastar menos depois: “cada pessoa precisa avaliar, em cada gasto que pode parcelar, se vale à pena, pois todos têm que adequar o seu padrão de vida aos recursos que ganham”.

Do mesmo modo, tomar empréstimo também implica em riscos. “O que sempre deve ser evitado é o cheque especial e outros empréstimos com juros muito altos". 

É sempre recomendado, quando se está pagando altos encargos e se tem a possibilidade de acesso a encargos financeiros menores, fazer uma troca dessas dívidas, aconselha Aquino.

Em tempos de economia ainda desaquecida e números do desemprego e da inadimplência insistindo em permanecerem altos, cautela e canja de galinha ainda continuam não fazendo mal a ninguém. 


2 de jan. de 2020