16 de mai. de 2016

INCOMPARÁVEL


Cauby Peixoto; MPB; Conceição;
Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas (15/05/2016)

Uma pneumonia calou ontem (15/05) para sempre a voz viva e marcante de Cauby Peixoto, ícone e mito musical brasileiro que emocionou gerações por mais de 66 anos, ao longo de 45 álbuns gravados.

Ídolo de um público fiel, Cauby também foi fiel aos seus fãs como se deve ser nos relacionamentos sinceros e duradouros. 

Por mais de seis décadas seus seguidores lotaram as casas de espetáculo onde Cauby se apresentava emocionando multidões de mulheres e homens.

Apesar do reconhecimento e da adoração apaixonada dos fãs, Cauby Peixoto não deixou o sucesso lhe subir à cabeça e manteve-se sempre próximo ao seu público, embora na vida intima fosse bastante reservado.

Filho caçula, Cauby tinha a música no sangue (o pai era professor de violão e mãe tocava violino) e a brasilidade Tupy-guarani no nome. Pertencia a uma família em que a maioria dos irmãos tinha nome indígena. Cauby é uma variação de Caiubi e significa Folhas azuis.

Fluminense de Niterói, há anos escolheu São Paulo como sua morada e foi devidamente aceito por ela. A partir de Sampa fortaleceu e expandiu sua bem sucedida carreira, chegando a lugares distantes do país.

Cauby possuía longevidade na vida e na arte. Do coro da igreja em Niterói aos palcos do mundo, sua voz também alcançou corações além-mar. 

Tentou carreira internacional cheia de idas e vindas e com relativo sucesso, usando como nomes artíticos Ron Coby e Coby Dijon, mas não atingiu o mesmo reconhecimento que conseguiu no Brasil.

Foto: Reprodução
A voz não era o único dom considerado inigualável (comparada somente com a de Frank Sinatra, um dos seus ídolos). Seu estilo e jeito de se vestir também eram sob medida, senão personalizados.

As roupas brilhosas e as perucas chamavam atenção, mas não tiravam o brilho daquele que tinha luz própria.

Fazia questão de ser educado e tratar, quem era ou não seu fã, sem rancor ou distinção, mesmo quando tinha sua orientação sexual posta em dúvida. 

Questionado se era ou não gay, nem confirmava nem negava, simplesmente continuava sendo quem era: Cauby.

A música era seu eterno amor, tanto que certa vez afirmou: “Prefiro cantar do que amar. Casei com a carreira. Sou autossuficiente e me basto”.

Músicas que eram aparentemente bregas ou de gosto duvidoso transformavam-se em canções românticas na interpretação de Cauby. 

Ele cantou do rock (foi o primeiro a gravar uma canção de Rock em português, em 1957) ao Samba-canção com propriedade, mas sempre sem abrir mão do bom gosto nem se render às batidas sensuais ou às letras meladas só para ficar em evidência.

Cauby não era apenas um cantor ou só mais um cantor. Era tradutor do amor e interprete dos corações. 

Sou voz límpida e tecnicamente bem colocada, juntamente com seu estilo incomparável, vão continuar a encantar muitos e permanecerão, como ele, para sempre inigualáveis.

RIP, Cauby! 
Local: SÃO PAULO São Paulo, São Paulo - SP, Brasil

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