Uma
pneumonia calou ontem (15/05) para sempre a voz viva e marcante de Cauby
Peixoto, ícone e mito musical brasileiro que emocionou gerações por mais de 66
anos, ao longo de 45 álbuns gravados.
Ídolo de um público
fiel, Cauby também foi fiel aos seus fãs como se deve ser nos relacionamentos
sinceros e duradouros.
Por mais de seis
décadas seus seguidores lotaram as casas de espetáculo onde Cauby se apresentava emocionando multidões
de mulheres e homens.
Apesar do
reconhecimento e da adoração apaixonada dos fãs, Cauby Peixoto não deixou o sucesso lhe subir
à cabeça e manteve-se sempre próximo ao seu público, embora na vida intima
fosse bastante reservado.
Filho caçula, Cauby
tinha a música no sangue (o pai era professor de violão e mãe tocava violino) e
a brasilidade Tupy-guarani no nome. Pertencia a uma família em que a
maioria dos irmãos tinha nome indígena. Cauby é uma variação de Caiubi e
significa Folhas azuis.
Fluminense de
Niterói, há anos escolheu São Paulo como sua morada e foi devidamente aceito
por ela. A partir de Sampa fortaleceu e expandiu sua bem sucedida carreira,
chegando a lugares distantes do país.
Cauby possuía
longevidade na vida e na arte. Do coro da igreja em Niterói aos palcos do
mundo, sua voz também alcançou corações além-mar.
Tentou carreira
internacional cheia de idas e vindas e com relativo
sucesso, usando como nomes artíticos Ron Coby e Coby Dijon, mas não
atingiu o mesmo reconhecimento que conseguiu no Brasil.
Foto: Reprodução |
A voz não era o único
dom considerado inigualável (comparada somente com a de Frank Sinatra, um dos
seus ídolos). Seu estilo e jeito de se vestir também eram sob medida, senão
personalizados.
As roupas brilhosas e
as perucas chamavam atenção, mas não tiravam o brilho daquele que tinha luz
própria.
Fazia questão de ser
educado e tratar, quem era ou não seu fã, sem rancor ou distinção, mesmo quando
tinha sua orientação sexual posta em dúvida.
Questionado se era ou
não gay, nem confirmava nem negava, simplesmente continuava sendo quem era:
Cauby.
A música era seu
eterno amor, tanto que certa vez afirmou: “Prefiro cantar do que amar. Casei
com a carreira. Sou autossuficiente e me basto”.
Músicas que eram
aparentemente bregas ou de gosto duvidoso transformavam-se em canções
românticas na interpretação de Cauby.
Ele cantou do rock
(foi o primeiro a gravar uma canção de Rock em português, em 1957) ao
Samba-canção com propriedade, mas sempre sem abrir mão do bom gosto nem se
render às batidas sensuais ou às letras meladas só para ficar em evidência.
Cauby não era apenas
um cantor ou só mais um cantor. Era tradutor do amor e interprete dos
corações.
Sou voz límpida e
tecnicamente bem colocada, juntamente com seu estilo incomparável, vão
continuar a encantar muitos e permanecerão, como ele, para sempre inigualáveis.
RIP, Cauby!
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