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30 de set. de 2018

DIVA NACIONAL

DIVA NACIONAL, ANGELA MARIA, MPB, SAPOTI, CAUBY PEIXOTO, RAINHA DO RÁDIO
Voz rouca e marcante, Angela Maria foi referência e inspiração para várias cantoras.
Foto: Arquivo/Estadão Contéudo


A voz rouca e marcante de Angela Maria, ícone e inspiração para várias gerações de cantoras, silenciou ontem à noite, aos 89 anos, depois de 34 dias de internação em um hospital da capital paulista.

Presença marcante nos palcos brasileiros por mais de sete décadas seguidas, a Sapoti, apelido dado por Getúlio Vargas por conta da voz doce e do tom de sua pele, eternizou-se como uma das grandes Rainhas do Rádio.

Vinda de família protestante – o pai era pastor de uma igreja Batista – a fluminense de Macaé, Abelim Maria da Cunha, seu nome de batismo, foi tecelã e inspetora de lâmpadas antes de despontar para o sucesso em 1947, através do rádio.

Dos sambas-canção, passando pelas músicas românticas e de dor cotovelo, Angela conseguiu manter-se ativa e bem sucedida como cantora e intérprete. Dias antes de ser internada, continuava lotando casas de shows em todo o país.

Junto com Cauby Peixoto, amigo e parceiro de palcos, teve uma das carreiras mais admiradas, reconhecidas e longevas de todos os tempos.

Diva Nacional, Angela Maria sai de cena vitoriosa, pronta e iluminada para cantar na eternidade.

RIP, Angela Maria!

4 de ago. de 2017

PÉROLA RARA

LUIZ MELODIA, PÉROLA NEGRA, NEGRO GATO, MPB, MORRO DE SÃO CARLOS, ESTÁCIO, NEGRO GATO, MELODIA.
Luiz Melodia, O Pérola Negra, morreu aos 66 anos.
Foto: Divulgação

A MPB perdeu mais uma joia rara de sua coroa na madrugada dessa sexta-feira. Luiz Melodia, o Pérola Negra, partiu aos 66 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer, deixando uma história repleta de música e simpatia.

Carioquíssimo da gema, Melodia, que tinha como nome de batismo Luiz Carlos dos Santos, nasceu no morro de São Carlos, no Estácio.

Adotou o sobrenome artístico do pai, Oswaldo Melodia, funcionário público e músico amador boêmio do Estácio, um dos berços do samba carioca. 

A partir do Estácio, Melodia espalhou para todo o Brasil sua luminosidade através da voz suave empregada em grandes sucessos.

Tímido e de comportamento reservado, o supercarioca Luiz Melodia trazia a música impregnada no nome e na vida. Preferia cantar do que falar.

Era conhecido e admirado pelos amigos por sua simplicidade e singeleza, características que soube valorizar e utilizar com reconhecimento em todas as músicas que cantou e gravou.

Melodia, que quando jovem queria ser jogador de futebol, deixou de lado o sonho de ser ponta-direita do Vasco para se tornar um craque da MPB.

Ótima troca para ele e para nós que poderemos, todas as vezes que quisermos, nos alegrar com sua gentileza impregnada no seu Swing, na poesia singular de suas canções, na sua voz suave e gostosa de se ouvir.


RIP, Luiz Melodia!


26 de jul. de 2017

ETERNA MADRE

EVITA, MARÍA EVA DUARTE, EVA PERÓN, ARGENTINA, MÃE DOS POBRES E DESCAMISADOS, JUAN DOMINGO PERÓN, PARTIDO FEMININO PERONISTA.
 María Eva Duarte, Evita, continua viva na memória dos argentinos 65 anos após ter morrido.
Foto: Reprodução


Eram 20h45 daquele sábado, 26 de julho de 1952, quando as emissoras de rádio locais anunciaram que María Eva Duarte, aos 33 anos de idade, saía da vida para ser eternizada na memória e no coração do povo argentino como uma das maiores e mais influentes personalidades políticas de todos os tempos.

Evita, após ter sido derrotada por um câncer diagnosticado alguns anos antes, mas tratado de forma insuficiente, a partir daquela data passou a integrar o imaginário afetivo e histórico de uma imensa massa de argentinos.

Imediatamente após sua morte, as ruas de Buenos Aires viraram o centro da peregrinação de milhares de cidadãos órfãos daquela que fora considerada por muitos mãe, amiga, estadista e líder política.

Muitos descamisados – era assim que Evita chamava os pobres - se comportaram como se o país inteiro tivesse apenas uma única cidade e um só destino: Buenos Aires.

Durante duas semanas, mulheres, homens, idosos e crianças velaram e choraram a morte da “Madre de los pobres y descamisados.”

Entretanto, 14 dias foram insuficientes para apagar a dor e serenar os corações dos argentinos, tanto que o corpo de Evita foi embalsamado e ficou exposto à visitação pública durante pelo menos dois anos.

Em 1955, o corpo de Evita foi roubado e enterrado na Itália para, somente mais de 20 anos depois, encontrar sepultura definitiva na Argentina.

Tamanha comoção, dor e reverência dos descamisados argentinos foi justificada pelo fato de Evita Perón ter sido considerada a maior figura púbica feminina a dedicar seu carisma, sua influência política e sua persistência em solidariedade ao povo e às questões sociais dele.

Vida difícil, ascensão meteórica

Filha de um relacionamento extraconjugal entre uma costureira e um grande fazendeiro, mal querida pelos meio-irmãos, Evita aprendeu desde criança a conviver com sentimentos opostos e a superar adversidades.

Aos 15 anos de idade mudou-se sozinha para Buenos Aires em busca do sucesso como atriz, mas nunca obteve reconhecimento considerável da classe artística nem da crítica, apesar de ter feito participações em filmes, atuado em radionovelas e incursionado pelo teatro.

Em 1944, ao conhecer Juan Domingo Perón, 24 anos mais velho do que ela, Evita, que quando adolescente afirmara que só se casaria com um príncipe ou um presidente, conseguiu realizar seu segundo sonho e viver seu melhor papel: o de primeira-dama estadista.

Não poupou esforços para efetivar sua união com Perón a ponto de falsificar os documentos e mudar seu nome de Eva María Ibarguren para María Eva Duarte.

Apesar de ter atuado em defesa dos argentinos menos favorecidos e ter ajudado a devolver a dignidade a muitos cidadãos construindo escolas, hospitais, lares para mães solteiras, asilos para idosos, distribuído alimentos e roupas através da Fundação Eva Perón, Evita dividiu a opinião dos militantes da esquerda e da direita argentina.

Mesmo tendo criado o Partido Peronista Feminino e atuado para que o voto das mulheres passasse a ser considerado um direito em 1947, Eva Perón não foi aclamada pela esquerda da Argentina como uma militante, chegando a ser chamada de assistencialista e acusada de populista por seus adversários.

Atriz, estadista, política, mulher destemida e de ascensão rápida e passagem meteórica pela vida, Evita, a menina decidida e líder de braços sempre abertos para os mais necessitados, ainda continua sendo lembrada tanto pelo o que fez como pessoa pública quanto pelo que provocou na história da Argentina e dos que ainda reconhecem nela a representação marcante e intensa de seu povo.
 
Hoje, passados 65 anos após sua partida, Evita ainda está viva na memória de seu povo como sempre sonhou. Segue sendo amada e reverenciada além morte. Permanece como um mito ainda não substituído no ideário político e afetuoso de milhares de argentinos .

FRASES

“Onde há uma necessidade, nasce um direito.”

“Eu não queria nem quero nada para mim. A Minha glória é e será sempre Perón, escudo e bandeira do meu povo. E, enquanto na estrada deixar pedaços da minha vida, sei que você recolhe meu nome e carrega a bandeira para a vitória.”

“Como mulher sinto a ternura das pessoas de onde eu vim.”

“É chegada a hora da mulher que compartilha uma causa pública e a hora da morte da mulher com valor numérico e inerte dentro da sociedade.”

“De nada valeria um movimento feminino em um mundo sem justiça social.”

“Se este povo me pedisse a vida, daria cantando, porque a felicidade de um descamisado vale mais do que toda minha vida.”

“A pátria não é patrimônio de nenhuma força. A pátria é o povo e nada pode se sobrepor ao povo sem que corram perigo a liberdade e a justiça.”

“Nossa pátria não será mais uma colônia ou a bandeira tremulará sob suas ruínas.”


“Ninguém, senão o meu povo me chama de Evita. Quando escolhi ser Evita, escolhi o caminho do meu povo.”


1 de jun. de 2017

OVERDOSE MUSICAL

Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band, Beatles, Quarteto de Liverpool, Paul Mccartney, John Lennon, George Harrison,  Ringo Star, Peter Blake, Jann Harworth, Chris Backer,
Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band ainda é o LP mais emblemático da história do Rock
Foto: Reprodução
NO dia 1º de Junho de 1967 os olhos e os ouvidos dos amantes da música se voltaram atentos para os Estados Unidos. A data marcou o lançamento do legendário Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band pelos Beatles.

Meio século depois, o disco ainda continua sendo celebrado como um dos maiores e mais emblemáticos álbuns do quarteto de Liverpool e da história do Rock.

O Sargent Pepper’s foi sucesso de vendas e confirmou o Beatles como a banda de rock mais influente de todos os tempos.

O vinil também alcançou pioneirismo ao incorporar uma capa dupla com as letras completas de suas 13 faixas

O LP histórico reuniu talento, criatividade artística e engenharia sonora em um experimento que, a principio parecia conceitual, mas que se tornou um dos produtos artísticos mais populares, ricos e inovadores ao longo dos anos.

O disco junta e mistura com bom gosto, humor, ousadia, estilos musicais e artísticos diversos que vão do circo à música clássica em uma viagem exuberantemente psicodélica de sons, cores e sentidos que resultaram em um tremendo sucesso de venda, público e crítica.

O Sargent Pepper’s surgiu em um momento delicado da carreira dos Beatles, logo após a banda ter realizado uma série de turnês em que, da mesma forma que os astros eram reverenciados em alguns países, também eram hostilizados em outros.

Todo esse descompasso ocorreu pelo fato do quarteto ter assumido posturas que desagradaram alguns fãs, e em decorrência de John Lennon ter afirmado que eles eram mais populares que Jesus Cristo.

Essas controvérsias foram a gota d’água para que Paul Mccartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Star reconsiderassem as viagens do grupo e dessem adeus definitivo às temporadas de turnês, ainda em 1966.

Porém, o Sargent Pepper’s emplacou. O disco ficou 27 semanas na top parade do Reino Unido e três meses e meio como número um nos Estados Unidos.

Além das músicas, a capa do disco, aclamado com o mais importante da história do Rock, e que em 2011 vendeu mais de 35 milhões de cópias, também é considerada uma obra de arte, um capítulo à parte cheio de histórias e simbolismos.

A capa, criada por Peter Blake e Jann Haworth a partir de uma ideia nascida na mente inventiva de Paul Mccartney, que também sugeriu o nome do disco, reuniu em uma mesma foto gurus, artistas, jogadores de futebol e escritores.

A dupla capa, outra inovação da época, foi a vencedora do Grammy na categoria de artes gráficas em 1968, mas a empreitada só foi realizada porque contou também com o trabalho coletivo de pelo menos dez artistas.

Entre as celebridades que ilustram a capa principal do disco estão, lado a lado, ícones como Paramanhansa Yogananda, Bob Dylan, Marlon Brando, Marlene Dietrich, Oscar Wilde, Sonny Liston e Albert Stubbins.

Há relatos de que John Lennon propôs que as imagens de Jesus Cristo e de Adolf Hitler também fizessem parte do grupo de personalidades estampadas na premiada capa, mas a sugestão foi imediatamente rejeitada por todos os integrantes do projeto.

Anos depois, a capa seria recriada por artistas gráficos em álbuns de outros astros do mundo da música.

A última recriação ocorreu no ano passado pelas mãos do artista inglês Chris Backer.

A reprodução trazia estampadas as imagens de celebridades que morreram em 2016, e fazia paródia a um dos principais eventos políticos do ano.

No espaço que ocupava o nome do Beatles foi colocada a expressão Brexit, referência ao plebiscito que marcou a saída do Reino Unido da União Européia.

Cinco décadas depois de seu lançamento, Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band, primeiro produto musical a viralizar em uma época em que não havia redes sociais, continua insuperável.

Verdadeira overdose criativa e musical, o agora coroa Sargent Pepper’s segue alegrando o coração solitário dos fãs dos Beatles, apimentando o Rock, e tem tudo para permanecer artisticamente insuperável durante os próximos 50 anos.



30 de abr. de 2017

INTENSO E ENIGMÁTICO

BELCHIOR, MORRE BELCHIOR, APENAS UM RAPAZ LATINO AMERICANO, DISCO ALUCINAÇÃO, SOBRAL, CEARÁ.
Artista de criatividade intensa, Belchior morreu aos 70 anos
Foto: Divulgação

De nome comprido e talento de primeira grandeza, o cantor e compositor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, o Belchior, morreu hoje (30), aos 70 anos, aparentemente de causas naturais, em Santa Cruz do Sul (RS).

Belchior era o décimo terceiro filho de uma família de 23 irmãos (13 mulheres e 10 homens). A paixão espontânea pela música desabrochou cedo no garoto de Sobral, cidade do interior do Ceará.

O dom, que mais tarde seria reconhecido como criatividade à flor da pele, foi influenciado e amparado pelo talento amador do avô que tocava instrumentos musicais, da mãe que era corista de igreja e de alguns tios, seresteiros e tocadores de violão.

Em 1971, depois de quatro anos cursando medicina, Belchior decidiu transformar todo seu talento artístico e seu conhecimento sobre filosofia, política, religião, ciência, em música de alta qualidade.

Com “A hora do almoço” venceu o Festival Universitário da Canção, em 1971. Em 1972, abandou o curso de medicina da Universidade Federal do Ceará para definitivamente trilhar os caminhos sem volta da música

Belchior considerava sua música contemporânea, nordestina e autobiografica, em determinado nível. Costumava afirmar que procurava com suas letras e canções apresentar uma vertente verbal e visual nova

O aspecto visual do concretismo em suas composições iniciais logo foi adotado, assumido, apoiado, vinculado e misturado à tradição da música nordestina e cearense, em particular.

Artista de grande talento e reconhecimento nacional, Belchior sempre buscou em seu trabalho misturar a novidade com a tradição. Conseguiu, como poucos, fazê-lo com sucesso e propriedade

Cantor e compositor que quase se tornou padre, Belchior, quando criança, tinha o hábito de fugir de casa. A partir de 2007, começou a sair de cena

Em 2008, Belchior resolveu se auto-exilar e fugir definitivamente do campo de visão do cotidiano, do alcance da fama e do sucesso, ao ponto de não comparecer ao sepultamento da mãe.

De comportamento intenso e ao mesmo tempo enigmático, Belchior transformou-se em uma esfinge: todos queriam decifrá-lo, mas ao mesmo tempo tinham respeito por sua decisão e pessoa, talvez por medo de serem devorados por ele.

Autocrítico bem-sucedido de sua geração, Belchior buscou insistentemente o novo, o momento presente da música popular brasileira.

Mesmo ausente do show business por uma decisão consciente, ele sempre foi uma presença marcante na MPB através da suas letras, canções e da história que construiu.

Apesar de sua reclusão determinada e de seu silêncio decidido, Belchior, o rebelde cearense e enigmático rapaz latino-americano, continuará presente no mundo através da intensidade de suas letras, da sonoridade marcante de suas músicas e da força perene e atemporal de suas canções.

RIP, Belchior!

BELCHIOR POR BELCHIOR

“O meu trabalho pretende, gostaria de ser, um objeto poético transformador. Que tende para os interesses da história do homem. Um objeto útil, enfim. Uma arte que sirva, que não seja ornamental. Uma arma na mão do homem para a conquista de si mesmo, do universo e dos espaços esquecidos. Tudo isso, claro, aparece como um universo, novo, jovem e cujo conhecimento só pode ser expresso em palavras novas. É uma utopia paradisíaca, de transformação pelo que é primitivo no homem” (Sobre si mesmo e seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM)

“Essa música fala de uma pessoa do terceiro mundo na esquina do mundo. Na expectativa, dependente do resto do mundo, mas com uma capacidade tremenda de desdobramento, de resistência, de rebeldia de espírito, de novidade, de transformação, de poder novo, enfim. Assume de fato sermos latino-americanos sendo brasileiros, cearenses, e justamente participantes da fraternidade latino-americana. Fala de “desinsular” a cultura, de fazer com que a cultura seja penetrante, troque energias com todos os espaços. Mas, também é uma música irônica, satírica, de humor branco, negro, amarelo e vermelho sobre a situação das pessoas da Latina América”. (Sobre a canção Apenas um rapaz latino-americano. Em entrevista à Rádio Universitária FM)

“O humor cearense está sempre presente na minha música. É uma ironia característica da nossa cultura, mas que também contém uma certa graça. Não quero dizer que minha música contenha naturalmente um humor explícito ou que eu faça uma música satírica do ponto de vista convencional. Todos esses dados aparecem diluídos no meu trabalho de um modo muito fino e sutil, o que aumenta cada vez mais o teor e a carga de ironia. (Sobre o tom humorado de suas letras e canções. Em entrevista à Rádio Universitária FM).

“Foi uma música que estava pronta há mais de um ano esperando a gravação de um artista competente. Foi a que mais marcou a minha vida de artista e cidadão naquele momento. Foi a música que mais simbolizou o movimento espiritual, todo o momento da juventude brasileira naquela circunstância e que também teve a sorte e a felicidade de ser interpretada por Elis, acrescentando ao material por si mesmo rico e complexo, o poder de sugestão da voz de Elis, o poder de invenção da voz de Elis. (Sobre “Como os nossos pais”. Em entrevista à Rádio Universitária FM).

“O meu trabalho tem uma continuidade, no sentido de que a cada disco eu vou tentando completar aquilo que está cantado anteriormente. Naturalmente que tudo isso está acrescido de comportamentos criativos novos, da tentativa de descobrir novas formas de cantar, de dizer,de pensar o ato de fazer música e de apresentar essa nordestinidade nova, de uma “cearensidade” aberta para o mundo. O meu trabalho vem tentado tudo isso de um modo muito amplo, no sentido de abrir uma perspectiva para o mundo todo mesmo, de tal forma que meu trabalho possa ser ouvido e interpretado como um trabalho de plena contemporaneidade”. (Sobre o significado de seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM.).

“O tema básico de minha música é o espírito de minha geração, a vida cotidiana do cidadão comum. É uma tentativa de retratar de um modo bastante característico, individual, pessoal, a vida do homem brasileiro do meu tempo, de tal forma que a fonte de expressão continua sendo a observação direta e imediata da vida mesmo”. (Sobre sua fonte de inspiração. Em entrevista a Josué Mariano.).

“É mais o critério da criatividade, do meu esforço criativo, o momento de liberdade de criação e de expressão. Como não faço um trabalho voltado imediatamente para o sucesso, ou o sucesso imediatista, eu uso como critério para escolha das canções ou para a própria feitura delas, o critério mais artístico, mais expressional e mais poético, desligado do rádio, da televisão e de se a música vai fazer sucesso ou não. Me preocupo realmente com o exercício do meu ofício de artista e de cantor. Se a música fizer sucesso, vem por acréscimo”.  (Sobre o critério que usa para compor suas canções. Em entrevista a Josué Mariano).

“Sou um operário da minha música e estou ligado ao meu trabalho diariamente. (...) Gosto muito do exercício do meu ofício porque ele combina o prazer com o fazer e a criação com o exercício contínuo da vida comum. Tenho uma visão artística ligada mais com o fazer, com o trabalho, do que com uma visão mais brilhante, que me parece mais tola”. (Sobre o seu ofício. Em entrevista a Josué Mariano). 

“Eu gostaria de ter uma mensagem muito concreta, muito direta, que pudesse salvar as pessoas, encaminhá-las, mas eu não tenho essa mensagem sequer para mim, de tal forma que eu acho que não devem me seguir porque eu também estou perdido. Cada um deve fazer ou encontrar seu caminho. Sobretudo, não façam como meu, inventem. Ou melhor, façam como eu: inventem!”. (Sobre qual mensagem deixaria para os fãs. Em entrevista a Josué Mariano).



17 de abr. de 2017

OUSADIA PAN-CULTURAL


TROPICÁLIA, MOVIMENTO TROPICALISTA, CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, OS MUTANTES, MÚSICA BRASILEIRA, ESTÉTICA, TROPICALISMO.
Movimento de renovação da cultura brasileira, a Tropicália foi criticada e exaltada
Foto: Reprodução/Internet




Há 50 anos, em meio ao caldeirão efervescente da década de 60 e ao crescimento das ditaduras militares que pipocavam principalmente na América Latina, nascia a Tropicália, movimento pan-cultural que promoveu uma verdadeira revolução estética na cultura e na arte brasileiras.

A Tropicália chegou com tudo, não só para organizar o movimento e orientar o carnaval, mas também para pôr mais lenha na fogueira das insatisfações com a falta de criatividade e a mesmice reinantes no país.

O Movimento Tropicalista evidenciou-se como um respiro novo diante da sufocante caretice dos valores morais intimidadores sustentados por comportamentos limitantes e pelo marasmo da rotina bem comportada que era  a produção artística da época. 

A Tropicália promoveu o isolamento e a incineração da pungência do conservadorismo crescente no Brasil.

Movimento que teve um papel histórico, na opinião de Chico Buarque. Uma fase fundamental para a música popular brasileira em termos de inovação e experimentação, segundo Haroldo de Campos. Cultura da descolonização, na visão de José Celso Martinez Correa, a Tropicália inovou, renovou, restaurou, resgatou, chocalhou a música, as artes plásticas e o teatro nacional.

O Movimento Tropicalista tornou-se um divisor de águas entre o antes e o depois daquele que se tornaria um momentum cultural único.

A ousadia da Tropicália foi além da simplicidade do banquinho e um violão da Bossa Nova e do balanço cadenciadamente comportado do Iê-iê-iê da Jovem Guarda.
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Os tropicalistas entraram sem pedir licença para estabelecer novos paradigmas em relação ao pensar e ao fazer artístico e cultural do Brasil.

ARTE ESSENCIAL

Ao mesmo tempo em que tinha arte como essência coletiva, a Tropicália também promovia a ruptura com velhos padrões ao inserir e adaptar modernos acordes, elementos sonoros diversos e meios eletrônicos sofisticados presentes na cultura mundial às criações artísticas nacionais que brotavam intensa e psicodelicamente da mente criativa e das mãos de seus artistas.

O resultado foi uma colcha de retalhos costurada por tendências diversas, um patchwork multicultural que recriou e atualizou o canibalismo praticado por Oswald de Andrade e pelos Modernistas de 1922.

Os tropicalistas promoveram o diálogo entre o moderno e o pós-moderno, a tradição e a vanguarda, o erudito e o popular.

Para o jornalista e escritor João Luís Gago, o maior mérito do Tropicalismo foi inserir a produção musical no Pós Modernismo. “O elemento paulista - muita antena, poucas raízes -, aliado à baianidade de Gil, Caetano e Tom Zé,  foi explosivo”, ressalta.

Gago destaca ainda que os arranjos maravilhosos e vanguardistas de Rogério Duprat, a técnica e as informações sobre a cultura pop dos irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, dos Mutantes, mais a influência de Augusto e Haroldo de Campos sobre Caetano Veloso foram fundamentais para formatar um movimento que era odiado pela esquerda e pela direita.

De fato, a Tropicália não conseguiu agradar 100% gregos e baianos.

CRÍTICA E EXALTAÇÃO

O Movimento foi exaltado e criticado por artistas, leigos e especialistas da época, apesar de reunir em seu time uma verdadeira constelação de estrelas com pensamentos e atitudes nada ortodoxas, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Hélio Oiticica, Gal Costa, Nara Leão, Glauber Rocha, José Celso Martinez Correa.

As críticas, em boa parte, vinham da esquerda que se ressentia da ausência de engajamento político por parte dos tropicalistas.

Entretanto, os artistas se consideravam revolucionários não necessariamente em relação à causa política, mas na estética que, ao não se subjugar aos padrões tradicionais comportados vigentes no país, era a forma artística de resistência pela qual eles expressavam sua ação política por si só.


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Mas, nem tudo foram flores e a Tropicália nunca navegou em um mar de rosas. Os militares também não pegaram leve nem pouparam esforços para implodir e esvaziar o Movimento Tropicalista.

Em 1968, sob a alegação de desrespeito aos símbolos nacionais e de insultos ofensivos às Forças Armadas, os militares prenderam Caetano e Gil durante uma apresentação com os Mutantes, no Rio de Janeiro.

Na noite do domingo do dia 20 de julho de 1969, Caetano e Gil fizeram o último show em Salvador. Logo depois, deixaram o país rumo ao exílio na Europa, sob a ameaça de que se voltassem ao Brasil seriam imediatamente presos.


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A Tropicália fechava seu ciclo de produção cultural intensa e transformadora, porém o Tropicalismo prosseguiria fazendo protestos em forma de metáforas.

Dona de divinas tetas, a Tropicália foi um traço fora da curva cultural e da vida cotidiana do Brasil.  Teve duração curta, mas o suficiente para dar o seu recado, fazer história, “derramar o leite bom na nossa cara e o leite mal na cara dos caretas”.


22 de fev. de 2017

ÍCONE UNDERGROUND



Resultado de imagem para andy warhol
Andy Warhol artista multimídia provocativo e inovador
Foto: Reprodução Pinterest

Foi em um domingo, 
há exatos 30 anos, que Andrej Varhola Jr., popularmente conhecido como Andy Warhol, morreu em Nova Iorque, aos 58 anos, quando seu coração não resistiu a uma arritmia cardíaca, um dia após ter-se submetido a cirurgia de vesícula.

Inovador e criativo, Warhol criticou o consumismo e o poder, mas não deixou de retratá-los em suas obras. 

De personalidade forte e marcante, recusava a fama e se considerava uma pessoa profundamente superficial.

Logo após ter-se graduado em design, começou a trabalhar ainda jovem como ilustrador de publicações importantes como Vogue, Harper’s Bazar e The New Yorker e foi um dos fundadores da revista Interview.

Do garoto que sofria de uma doença que atingia o sistema nervoso e provocava espasmos nas extremidades ao homem que, em pouco tempo, alcançou reconhecimento como artista gráfico, Andy Warhol colecionou muitos prêmios.

Em 1952, fez sua primeira exposição individual em que exibiu desenhos baseados na obra do escritor e roteirista Truman Capote.

A partir de 1960 a vida pessoal e a carreira profissional de Warhol passaram por um upgrade quando ele começou a incorporar conceitos da publicidade em suas obras para retratar temas do cotidiano e artigos de consumo.

Andy Warhol reinventou a Pop Art, movimento artístico que surgiu na Inglaterra na década de 50 e que originalmente expunha a massificação da cultura popular capitalista.  

Ele também foi um dos pioneiros no uso da colagem, serigrafia e de materiais descartáveis, deixados de lado por outros artistas quando se tratava de obras de arte.

Suas criações eram reproduzidas em latas de sopas Campbell e nas garrafas da Coca-Cola.

As cores vibrantes eram uma marca de seu trabalho e foram utilizadas para retratar rostos de celebridades como Pelé, Marilyn Monroe, Lyz Taylor, Che Guevara, Brigite Bardot, Mao, Elvis Presley, Michael Jackson, e obras de arte históricas como a Mona Lisa.

Homossexual assumido, mas casado com a televisão e o gravador, como afirmou certa vez, Warhol era de esquerda e transitou pelo universo underground experimental como artista multimídia.

Ao longo da carreira fez afetos e desafetos.

Em 1968, Andy Warhol foi baleado com três tiros por Valerie Solanas, ativista feminista, mas sobreviveu depois de passar por uma cirurgia de cinco horas.

Empresariou a Velvet Underground, banda nova-iorquina de rock, mas saiu por conta de incompatibilidade com alguns músicos.

Warhol atuou também como cineasta em mais de 50 filmes, alguns deles com tempo corrente superior a oito horas.

Ao afirmar que no futuro todo mundo teria seus 15 minutos de fama, Warhol antecipou a visibilidade que as redes sociais promoveriam, segundo a segundo, sem fronteiras, através da Internet, 30 anos após sua morte.

Por sua história e por sua obra inovadora, Andy Warhol foi um artista marcante.

Um cara tímido, curioso e inquieto, mas que preferiu enxergar seu tempo com lentes de aumento ao invés de ser atropelado por ele.

FRASES

“Acho que tenho uma interpretação muito livre de trabalho porque penso que estar vivo já dá tanto trabalho que não queremos fazer mais nada”.

“A arte suprema é o negócio”

“Um artista é alguém que produz coisas de que as pessoas não têm necessidade, mas que ele – por qualquer razão – pensa que seria uma boa ideia dá-las a elas”.

“Dizem que o tempo muda as coisas, mas você é quem tem de mudá-las”.

“Deveria haver um curso no primeiro grau de amor”.

“Espaço vazio é espaço nunca desperdiçado”.

“As atrações mais excitantes são entre dois opostos que nunca se encontram”.

“Até mesmo as belezas podem ser pouco atraentes. Se você pega uma beleza na luz errada na hora certa, esqueça”.

“As fantasias das pessoas é que criam os problemas delas. Se você não tivesse fantasias não teria problemas porque aceitaria o que viesse. Mas então você nunca terá nada romântico, porque romantismo é encontrar fantasia em que não tem”.

“Com tudo mudando tão depressa não se tem chance de encontrar a imagem de sua fantasia quando você está pronto para ela”. 

15 de dez. de 2016

ETERNO ÍDOLO POPULAR

Miguel Arraes de Alencar, Miguel Arraes, Arraes, Centenário de Miguel Arraes, Mito Popular, PSB, Pernambuco
Miguel Arraes até hoje ainda é querido e lembrado por seu povo
Foto: Divulgação
Se estivesse vivo,  Miguel Arraes de Alencar comemoraria hoje 100 anos de nascimento. Político e estadista de importância e reconhecimento nacional, Arraes construiu uma trajetória política de sucesso focada no povo e em decisões que beneficiaram as classes menos favorecidas.

Cearense de nascimento, desde os dezesseis anos Arraes adotou Pernambuco como estado de origem e seu domicilio eleitoral. A partir dali alcançou notoriedade como deputado estadual por duas vezes consecutivas, deputado federal por três legislaturas, prefeito, e governador do estado por três vezes.

De orientação esquerdista, Arraes fez dos ideais socialistas suas diretrizes e viveu toda sua vida pública e política no estabelecimento e na prática de ações igualitárias e coletivas.

Por adotar medidas que colocavam em risco o poder dos coronéis, dos usineiros e donos de engenhos de cana de açúcar, Miguel Arraes começou a ser mal visto pelas elites sociais e econômicas, mas caiu nas graças e na aprovação do povo.

Como governador estendeu o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais, bem como a eletrificação e o abastecimento de água para que se livrassem da dependência da oligarquias dos donos de terra.

Favoreceu também a criação de sindicatos, associações comunitárias e ligas camponesas, movimento que defendia e pregava abertamente a reforma agrária e a igualdade de direitos.

Com o golpe militar foi “convidado” a renunciar, mas recusou-se “por não trair a vontade dos que me elegeram”. Foi deposto e peregrinou por algumas prisões. Após ter sido solto, exilou-se na Argélia por quase 15 anos e foi considerado subversivo pelo (des)governo militar.

Em 1979, retornou ao Brasil e voltou para os braços do povo, elegendo-se facilmente deputado federal e governador pelo PMDB, sempre implantando medidas que beneficiavam os trabalhadores rurais e as populações urbanas desfavorecidas.

Em 1990 filiou-se ao PSB voltando a ser eleito governador. Em 1998 perdeu a eleição majoritária e só voltou a atuar politicamente em 2002, elegendo-se deputado federal, mas sem a facilidade de antes.

Crítico do personalismo político e opositor dos rótulos e das homenagens fora de lugar, Miguel Arraes morreu em 13 de agosto de 2005, mesmo dia em que Eduardo Campos, seu neto e herdeiro político, perdeu a vida em um acidente aéreo enquanto cumpria agenda como candidato à Presidência da República, em 2014.

Adorado e ovacionado por admiradores e correligionários, Doutor Arraes, como é respeitosamente chamado, ainda faz parte do imaginário coletivo de pernambucanos, nordestinos e todos os que continuam a enxergar nele a figura do político correto que tinha o jeito, a alma, os gostos e o cheiro do povo.

FRASES
"Acho que o personalismo em política é um erro, nós devemos é lutar para que surjam quadros novos (...). A posição de chefe, em política, é um grave defeito, um grave erro". 

"Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que importa é a prática política; o que importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo". 

"Minha vida todo mundo pode saber, pois nunca gostei de dinheiro pra ter muito dinheiro. Gosto de dinheiro pra gastar. Pra gastar, todo mundo gosta. Mas, pra ter dinheiro... Dinheiro é uma coisa perigosa. Na mão de um homem público é um desastre". 

"Não defendemos nem um Estado mínimo nem máximo. Defendemos e lutamos, isso sim, por um Estado que, a partir de suas peculiaridades, cumpra suas finalidades públicas". 

"O socialismo não precisa ser redefinido. O socialismo é fruto das contradições da sociedade". 

"Eu acho que a humanidade tem de encontrar um sistema que busque uma solução satisfatória para todos e pregue a pacificação das relações humanas. O socialismo seria essa busca da solução satisfatória para todos. O que se viu no Leste Europeu não era socialismo. Eram regimes de grandes partidos, bastante assistencialistas. A juventude não foi incorporada, não se identificou com o processo". 

"Irão dizer que [Luiz Inácio] Lula é incompetente, como se competência viesse dos livros dos eruditos. Lula é competente porque viveu com o povo e com os trabalhadores. É aquele que pode trazer tranquilidade para o país porque aprendeu a negociar nos sindicatos os direitos dos trabalhadores sem vacilar". 

"O Lula sofreu uma derrota política nas eleições presidenciais, mas continua com o mesmo discurso de derrotado. Não será jamais ouvido. Quando você é derrotado, tem de examinar sua derrota, tem de se compor". 

"Ele não parece em nada com o Juscelino, mas com o Dutra, assessorado pelos americanos. Juscelino se levantou contra o FMI e Prestes foi ao Palácio se solidarizar com ele. Quando a gente vai se solidarizar com FHC por se opor ao FMI?", sobre Fernando Henrique Cardoso. 

AMIGO DO POVO, OPERÁRIO DA IGUALDADE

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Dom Paulo Evaristo Arns, exemplo de dedicação, altruísmo e sacerdócio
Foto: Divulgação
Porta voz da igualdade, defensor dos direitos humanos, mensageiro da paz. Todos os adjetivos que possam expressar a importância e o significado da existência de dom Paulo Evaristo Arns, que nos deixou ontem, aos 95 anos, não se esgotam em si.

Porém, o que mais chamava a atenção nele, além de sua coragem e seu destemor, era a forma carinhosa e dedicada com que tratava a todos.

Dom Paulo soube muito bem, e como poucos, encarar e superar as adversidades impostas, na maioria das vezes por humanos, com sensatez, segurança e serenidade.

Sua decisão em fazer um culto ecumênico em honra ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos militares nas salas obscuras da ditadura, foi de uma grandeza de caráter tremenda e de uma visão humanista incomparável.

Dom Paulo conseguiu transitar pelo mundo complicado das contradições humanas ao longo dos seus mais de 50 anos de sacerdócio, completados em 2016, com a diplomacia e a consciência que faltam a muitos líderes políticos e humanitários.

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Dom Paulo Evaristo: líder humanitário sempre receptivo
Foto: Divulgação


Com seu comportamento solidário e altruísta, dom Paulo foi um exemplo de como o sentimento religioso pode superar o fundamentalismo da religião, frear a intolerância e possibilitar o respeito e a convivência pacifica entre os diferentes.

Ações como sentar-se à mesa com os que lhe serviam, criar Comunidades Eclesiais de Base, vender um palácio episcopal para comprar terrenos em bairros populares para a construção de centros comunitários através da Operação Periferia, permitiram a ele provar que o mais simples é sempre um caminho possível e viável.

Em um ano de perdas e rupturas que vão deixar marcas profundas e cicatrizes registradas para sempre em nossa História, a morte de dom Paulo nos entristece, porém sua luta e sua trajetória também nos dão alento, ânimo e a certeza de que é possível endurecer sem jamais perder a ternura. 

RIP, dom Paulo Evaristo Arns!