4 de mar. de 2016

POR UM TRIZ


Foto: Ricardo Sturkert/Instituo Lula (03/03/2016) Fotos Públicas


“A Casa caiu! ”. Foi assim que muitos brasileiros reagiram à ação da Polícia Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva na 24ª etapa da Operação Lava Jato.

Se para alguns causou surpresa, o mandado que intimou Lula a depor e depois ser liberado já era esperado por ele e pelo PT. As últimas atitudes do ex-presidente só anteciparam o inevitável.

Ao exigir que José Eduardo Cardozo deixasse o Ministério da Justiça por não agir com pulso firme em relação à PF, Lula juntou a fome dos juízes da Lava Jato com a vontade de comer. Fritou a si mesmo. Colocou na mão dos seus carrascos a corda que pode vir a enforcá-lo.

Aliás, as últimas atitudes de Lula têm sido marcadas por uma série de erros de estratégia, o que demonstra que ele está perdido em seus próprios enredos, girando em torno do próprio eixo.

Seu discurso cheio das mesmas justificativas já está se tornando vazio e cansativo. Repetição desagradável de sons desiguais.

Ao atirar em tudo e em todos, o ex-presidente corre o risco de acabar acertando em si mesmo. Ou passa a ter estratégia própria ou continuará sendo parte da estratégia dos que querem pegá-lo.

Ao optar por continuar responsabilizando os outros pelas faltas que ele mesmo cometeu, Lula abre mão de sua sabedoria política e erra ao acreditar que no mundo político o ataque é a melhor defesa.

Se quem não deve não teme, deveria ficar tranquilo e tranquilizar os que estão ao seu redor e aqueles que, por enquanto, ainda acreditam nele.

Se continuar a bater de frente com os que querem enquadrá-lo e persistir em querer transformá-los em seu saco de pancadas, o ex-presidente corre o risco ver o feitiço virar contra o feiticeiro e de ser atingido em cheio por seus próprios socos.

Ao confiar na crença de que o bem que fez ao país ao longo dos seus dois mandatos o redimirá, Lula poderá se tornar a voz do que clama no deserto e acabar sozinho e isolado.

Não se iluda presidente, “o símbolo da ingratidão não é a serpente, é o homem”. No mais, na política, no amor e nos negócios não existe cão fiel.

2 de mar. de 2016

A ÓPERA DOS MALANDROS


Foto: Reprodução/Universaljp.org


As últimas delações premidas da Lava Jato são provas da perversidade e do mercantilismo selvagem do atual modelo de financiamento de campanhas eleitorais no Brasil.

Ao mesmo tempo que esse modelo sujo expõe a facilidade de se corromper, de aceitar ser corrompido e de estimular a falcatrua, torna também financiados e financiadores reféns dos seus quereres e das vontades do capitalismo algoz.

Os tentáculos afiados do viciado e vicioso sistema de financiamento político brasileiro não poupa ninguém, seja de esquerda de centro ou de direita.

Democratas, republicanos, liberais ou socialista, todos parecem ter o rabo preso com os esquemas avessos dos financiamentos partidários. 

Reforma política de verdade e para valer, nem pensar.

O dinheiro ilegítimo oriundo das empresas que bancam os políticos brasileiros e seus partidos fortalece o capital de tal modo que transforma homens públicos em vermes parasitas.

Não podemos, nem devemos sequer chamar as altas quantias que saem dos bolsos de empresários, empreiteiros e afins de doações, mas de empréstimos.

Investimentos que são prontamente cobrados com juros e correção monetária assim que o derrière de seus financiados assenta as suntuosas cadeiras dos palácios e das casas legislativas.

Financiar campanhas políticas há muito tempo é o negócio mais rentável do Brasil. 

Os partidos deixaram de ser agremiações políticas e tornara-se empresas com ações altamente rentáveis na bolsa de valores das disputas eleitorais.

Negócio bom para ambos os lados, as doações financeiras para campanhas eleitorais são um retrato vivo e em cores do que é o fazer política no Brasil: investimento com retorno garantido.

Foto: Reprodução
Nesse longa metragem digno de fazer inveja aos maiores chefes das máfias, os mocinhos e os bandidos se confundem de tal modo que chega a ser quase impossível saber quem é quem.

Na ditadura sabíamos quem é o inimigo, hoje o inimigo pode ser qualquer um.

Contudo ainda há entre eles quem se ache indignado com tudo que está acontecendo, como se não soubesse de nada ou desconhecesse ou nunca tivesse usado as artimanhas ardilosas do poder. Exemplo disso são alguns oposicionistas de carteirinha.

Puritanismo hipócrita, santos do pau oco! Sepulcros caiados. Por fora bela viola, por dentro…

Malandragem, dá um tempo! Chega de oportunismo barato e nojento. 

Mamar nas tetas da vaca ninguém quer.

Vossas senhorias não enganam mais ninguém, apesar da blindagem midiática da imprensa hegemônica e de vossa insistência burra em subestimar a inteligência de todos. 

Diante da realidade crua, das mentiras deslavadas e dos falsos arroubos moralistas e moralizantes dos caras de paus abonados pela justiça seletiva de alguns juízes, a dura constatação vem do filósofo popular Bezerra da Silva; “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!

A hora é de arregaçar as mangas, exigir e lutar por uma reforma política ampla, irrestrita, verdadeira e desinfetante. Já! 

Caso contrário, malandro vai continuar malandro e mané vai continuar mané.