20 de abr. de 2016

ENTRE O CÉU E O INFERNO


Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil (26/06/2015) Fotos Públicas

Foto: Lula Marques/Agência PT (18/08/2015) Fotos Públicas

O Senado nem sequer acatou formalmente o processo de impedimento da presidente e os futuros apoiadores do provável governo Temer já começam a dar sinais de desentendimento entre si, confirmando que o apoio ao impeachment será a moeda de troca utilizada para o pagamento dos mais de 300 votos contrários à permanência de Dilma no comando do país.

Sim, a fatura chegou mais rápido do que se esperava.

Temer já articula nomes para seu mandato presidencial como se já tivesse sido empossado. Entre recusas e aceitações publicamente não declaradas, o ainda vice-presidente vai efetivando sua chegada ao poder.

A estratégia é escolher nomes que impactem e conquistem a população e agradem o mercado.

Medidas muito ousadas não serão adotadas de início, mas, a julgar pelas propostas contidas no plano de governo divulgadas há meses sob o nome de “Uma ponte para o futuro”, políticas neoliberais serão o destaque e a tônica inevitável do provável futuro presidente do Brasil.

Nesse jogo de cartas marcadas, a guerra de afirmações também já foi declarada, tanto é que a imprensa, em informações oficiosas, já divulga que Temer não pretende acabar com os programas sociais, bandeira vitoriosa da administração petista, mas em atualizar esses programas. O risco é saber qual é o significado de atualizar no dicionário temeresco.

Longe de ser uma unanimidade entre a população, o apoio declarado ao muito provável governo Temer também não está consumado ou garantido por parte de alguns partidos até então alinhados com o vice-presidente em relação a aprovação do impeachment.

É o caso do PSDB que, como sempre, nunca está totalmente afinando nem interna nem externamente entre si.

Enquanto há alguns nomes do partido apoiam que embarque total no barco de Temer, outros são contrários e acreditam que o PSDB estaria entrando em uma canoa furada e defendem um apoio seletivo ao governo do peemedebista, como é o caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Alckmin não está preocupado com o partido, mas com suas intenções políticas para 2018 ou mais precisamente com a possibilidade do também sempre presidenciável José Serra se tornar ministro de Temer. 

Se Serra aceita e se dá bem, pode levar a melhor na disputa com Aécio e o próprio Alckmin pela indicação do partido como concorrente a presidência nas próximas eleições.

De uma forma ou de outra, o PSDB está em um mato sem cachorro e diante de um dilema político: se apoia Temer e o governo dele emplaca, com que argumentos e moral poderá se contrapor à uma possível, e muito provável, candidatura de Temer à reeleição em 2018?

Se fica de fora e o governo Temer emplaca, quais os argumentos que usará para atacar um governo que deu certo? 

Se aceita e o governo Temer for mal, com que moral poderá criticar ou atacar um governo do qual fez parte e ajudou a colocar no poder? 

Pelo que tudo indica, Temer e o PSDB podem se tornar o céu ou o inferno um do outro. Sem direito a purgatório.

Local: SÃO PAULO São Paulo, São Paulo - SP, Brasil
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Um comentário:

  1. Para esses políticos que só pensam no benefício próprio e deixa os interesses do povo sempre em segundo plano, é isso mesmo que acontece não se irão se entender jamais.

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