26 de nov. de 2016

PARA SEMPRE EL COMANDANTE

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El Comandante e Che Guevera
Fotos: Pixabay

Fidel Castro, líder revolucionário e ex-presidente de Cuba, morto ontem (25), aos 90 anos, afirmou certa vez que se alguém não faz, o tempo todo, tudo aquilo que pode e até mais do que pode, é exatamente como se não fizesse absolutamente nada. 
A frase, dita há mais de duas décadas, hoje não é só autobiográfica, mas define também quem Fidel foi e o que representou para o mundo: um lutador incansável.

Fidel foi chamado de tudo e vários adjetivos foram utilizados para classificá-lo e desclassificá-lo: ditador, inflexível, centralizador, líder, valente, feroz, destemido, generoso. Porém, nenhuma outra expressão o representa melhor do que El Comandante.

Além de simbólica, forte e marcante, a expressão, que ao mesmo tempo é homenagem, reconhecimento e titulo, representa também alguém que sempre fez questão de estar à frente de seu tempo e que nunca fugiu à luta, impossibilitando assim, quase que unanimemente, que alguém possa chama-lo de covarde e vacilante.

Pelo contrário. Ao longo de nove décadas, El Comandante fez justiça ao seu nome: Fidel sempre foi e permaneceu fiel e sincero.

Fidelidade e sinceridade que incomodaram porque Fidel Castro, enquanto revolucionário, não enxergava apenas a parte, mas fazia questão de ver o todo, o comum, o igual, o outro.  

Fidel foi um revolucionário que não se furtou a perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral, como também afirmou.

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Fidel Castro: Símbolo da luta e da resistência
Foto: Pixabay


Amado e odiado, temido e respeitado, conciliador e provocador, Fidel Castro também foi considerado por muitos, ao longo de vários anos, o sinônimo e o antônimo de luta, resistência, firmeza, rigidez, inflexibilidade, excesso e ausência de princípios.

Inteligência equilibrada que não dispensava o senso utilitário e comunitário, Fidel Castro sai da vida e entra para a história sem que se tenha tornado uma unanimidade nem para o bem e nem para o mal.

Líder para  uns, vilão para outros, mas exemplo para todos de que o conhecimento sem ação leva à estagnação e à morte dos sonhos. 

Guerrilheiro incansável, estrategista sem igual que colocou a luta à frente da vida, humano e passível de erros como todos nós, Fidel fará falta em um mundo que cada vez mais procura se encerrar em si mesmo e no individualismo desmedido do capitalismo globalizante, selvagem e predador.

Entretanto, a consciência que Fidel possuía de que os homens não moldam seu destino, mas que o destino produz o homem de cada momento; a certeza que os homens passam, mas os povos e as ideias ficam, permanecerão por muito tempo e seguirão contando sua história.  

História que não trai e que, como ele acreditava, o absolverá de qualquer acusação que possam vir a lhe imputar.

RIP, El Comandante!

22 de nov. de 2016

MORRENDO PELA BOCA

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Temer: ao pé do ouvido
Foto: Lula Marques/Agência PT - Fotos Públicas (24/11/2016)
Sai governo, entra governo e algumas figurinhas carimbadas da política brasileira insistem em adotar velhas práticas erradas. As bolas da vez agora são novamente o indeciso Michel Temer e seu fiel escudeiro Geddel Vieira Lima.

Titular do (des)governo que faz que vai, mas não vai, e crítico feroz das ações da administração anterior, as quais faz questão de classificar como equivocadas, Temer parece disposto a morrer pela boca ao decidir manter no cargo Geddel, seu ombro amigo, acusado, de novo, de benefício pessoal e barganha política.

O agora homem fraco de Michel, mais do que fritar a si mesmo, vai acabar eletrocutando o presidente, que queimado já está.

Por sua vez, Temer não deixa por menos e insiste em desmentir Temer. Contradizendo-se a si mesmo, o presidente só piora sua imagem tão enfraquecida e erra novamente quando não faz o que diz e quando continua a fazer o que condena.

Porém, o que mais chama a atenção é o silêncio conivente dos que há meses atrás insistiam em fazer barulho e alardear ações corruptas todas as vezes que algum cão (in)fiel do governo anterior, o qual ajudaram a derrubar, cometia travessuras.

O silencio do séquito presidencial é sepulcral.

Situação peculiar, atitude esperada ou eles morreram mesmo e viraram almas penadas?

Não. Eles continuam vivinhos da Silva, mas morrendo de medo de também serem pegos na mentira ou de serem alcançados pelas garras do juiz galã.

Antes eles fizessem o mesmo silêncio dos Maracatus na Noite dos Tambores Silenciosos do Recife. Fariam mais bonito.

Entretanto, preferem agir na surdina, na tocaia, na espreita, que nem assassino de aluguel.

Assim como os ratos e seus atos noturnos, são genuínos malabaristas e possuem múltiplas habilidades físicas, tal e qual o Rattus norvegicus, a popular ratazana: nadam, sobem em lugares altos, equilibram-se em fios, mergulham, abrigam-se em tocas que cavam na terra, terrenos baldios, lixões e sistemas de esgotos. 

10 de nov. de 2016

LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

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Donald Trunp, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com
A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, mas do que surpresa, causou decepção. A possibilidade dele obter sucesso na corrida eleitoral sempre foi um risco iminente, embora subestimado pela imprensa mundial. 

A decepção ocorre pelo fato de Trump ter sido eleito em um momento em que a humanidade necessita de homens públicos que tenham valores contrários aos que ele faz questão de demonstrar possuir.

Afirmei em outro artigo e reafirmo agora: Trump é o que é.

Donald Trump não se esconde atrás da máscara do politicamente correto, como fazem a maioria dos norte-americanos. Talvez isso seja o que há de pior e o de melhor nele: sua sinceridade.

A sinceridade de opiniões e as atitudes repletas de sentimentos baixos, mas deliberadamente assumidos, ao mesmo tempo que incomoda e preocupa o mundo, dão a Trump coragem para seguir em frente. Entretanto, da mesma forma que a sinceridade dele hoje é seu sucesso, amanhã poderá ser seu fracasso.

Apesar de tudo, prefiro a sinceridade politicamente incorreta de Trump do que a falsidade travestida de bom mocismo de hipócritas e golpistas. 

Por outro lado, considerando o atual contexto mundial, a realidade norte-americana e a dificuldade do ser humano em eleger qual o melhor caminho seguir, os estadunidenses se viram em um mato sem cachorro.

Se Trump é o sinônimo da antipolítica e o antônimo da diplomacia, Hilary Clinton também não fica para trás. Não me parecia ser o melhor, nem para o povo norte-americano nem para o mundo.

Hilary não é nenhum exemplo de bom estadista nem o suprassumo da quintessência. As atitudes e decisões que tomou durante o governo de Barack Obama falam por ela.

Na verdade, Hilary representava a opção menos pior para os norte-americanos, mas também era um risco.  Pouco evidente, mas nem por isso menor.

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Donald Trump, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com


Outrossim, a política, lá é cá, tem-nos nos dado lições diárias, de modo que, ser eleito é uma coisa, ter legitimidade é outra. O Brasil que o diga.

Entretanto, o discurso nada diplomático e pouco conciliador de Trump ao dizer, depois de confirmada sua vitória, que os EUA só vão se relacionar com quem quer se relacionar com eles, demonstra pouco flexibilidade em dialogar, mas não lhe oferece alternativa: ou Trump se insere na realidade do mundo ou vai ser anulado e engolido por ele.

Nesse caldeirão em constante estado de ebulição, cheio de dúvidas e repleto de impermanência, a única certeza aparente, pelo menos por enquanto, é que com Donald Trump o mundo viverá uma longa jornada noite adentro.

Contudo, é esse mesmo mundo que rejeita Donald Trump que terá pela frente o maior desafio: tentar convencê-lo a se tornar um ser humano melhor.