8 de abr. de 2018

IDEIA VIVA, LUZ PRÓPRIA

IDEIA VIVA, LUZ PRÓPRIA
Lula e o Povo: Tudo a ver.
Foto: Divulgação



A inviabilização da volta de Lula a Presidência da República atingiu seu ponto máximo ontem com a prisão dele em São Bernardo do Campo, seu berço sindical e político. Porém, o processo de desconstrução da imagem do maior líder político popular do Brasil e da América Latina nas últimas décadas deverá seguir seu curso, embora sem muito sucesso.

Impedir que Lula voltasse a governar o Brasil nunca foi suficiente para seus algozes. Afinal, apesar dele não ter mais o comando do país em suas mãos, não estava morto.

O fato é que, mesmo fora da presidência, Lula ainda continuava sendo uma grave ameaça para as elites que, com o impeachment de Dilma, sequestraram o Brasil.

Depois do impeachment, Lula passou a ser a possibilidade e o “risco real” de devolver o Brasil para os brasileiros.

Não bastava apenas anulá-lo política, moral e judicialmente. Era preciso também isolá-lo, mantê-lo fora do campo de visão do povo e do país, silenciá-lo, calar a sua voz.

Era preciso impedir que Lula continuasse a "vociferar" seus brados Brasil afora e dar ouvidos e voz a quem mais lhe deu atenção e reconhecimento nos últimos tempos: o brasileiro sofrido, e agora iludido, enganado e assaltado pelas falsas promessas do impeachment.

Na verdade, a tentativa de transformar Lula em um fantasma político começou quando esse nordestino, ex-metalúrgico e semi-analfabeto – como eles sempre fizeram questão de dizer – ousou pela primeira vez ser presidente do Brasil.

Depois que Lula conseguiu ser eleito, a vontade de detê-lo se intensificou diariamente de forma sistemática, na maioria das vezes, é bem verdade, com o apoio e o aval de alguns veículos da imprensa.

Esse desejo tornou-se obsessão quando Lula deixou claro para o Brasil e para o mundo, através de suas ações e projetos sociais, a que veio e para quem veio governar.

O poder de resistência e de renascimento de Lula também sempre incomodou e impressionou.  

Afinal, que cara esse que, mesmo chicoteado pela chibata da imprensa comercial, corporativa e hegemônica, açoitado pelas sucessivas negativas de um Judiciário seletivo e abandonado pela classe política golpista, consegue dar a volta por cima e se manter líder nas pesquisas? Esse cara é Lula.

Nos últimos dias, ao verem a tentativa de silenciar Lula seguir seu curso programado, muitos políticos ficaram surdos, cegos ou se fingiram de mudos. Por um lado pela conivência com os algozes do ex-presidente. Por outro, por pura inveja.

Eles sabem que jamais terão o carisma, a popularidade, o dom natural, a genuinidade política para representar o Povo brasileiro como Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve e bem representou. Fato, aliás, reconhecido e reafirmado nacional e internacionalmente tanto por seus admiradores quanto por quem o desqualifica.

Quem esteve ontem em São Bernardo do Campo, ou viu as poucas imagens divulgadas pela mídia, sabe os reais motivos que levaram conjuntamente os três poderes constituídos do Brasil a isolar o “animal” político Lula atrás das grades.

Lula deixou claro em seu discurso horas antes de ser preso que tem o jeito, o cheiro, a alma, a garra, a sobrevida e o espírito do Povo brasileiro. Ou pelo menos, daqueles que se consideram Povo.

Deixar de ser um ser humano para se transformar em uma ideia e assim torna-se igual ao seu Povo, não é para muitos, mas para Políticos com P maiúsculo como Lula sempre foi.

Não quero aqui fazer de Lula um herói – até mesmo porque não acredito nem confio em heróis - ou negar seus erros políticos, ações inadequadas, atitudes equivocadas e algumas escolhas inconvenientes que ele fez. Reconheço-as e acredito que qualquer um é capaz de enumerá-las.

Contundo, acredito que Lula também as reconheceu. Sua luta para voltar a todo o custo ao comando do país é um indicativo de seu arrependimento.

Seus inimigos também reconhecem e sabem que, voltando ao poder, Lula, arrependido, faria muito mais e melhor do que fez e para quem fez. Daí a necessidade urgente e inevitável de encarcerá-lo.

Entretanto, reconheço também, como os ouros 47% dos brasileiros contrários à sua prisão - segundo pesquisa realizada pelo Datafolha – Lula como um grande líder político que soube enxergar seu Povo e as necessidades deles, dando-lhe a dignidade que lhe fora negada por centenas de anos.

Tenho, portanto, reconhecimento e gratidão por Lula e por tudo que ele fez pelos menos favorecidos. Só lamento que não tenha feito em seus dois mandatos a reforma agrária que o Brasil precisa.

Acredito sinceramente que não há provas em relação ao dito apartamento, que sequer está no seu nome - e por isso não foi confiscado como foram seus outros bens - que justificam sua condenação e prisão, mas respeito a opinião de quem se sentiu convencido da condenação dele por esse motivo menor.

Não basta apenas olhar a prisão de Lula sobre o aspecto emocional ou pela tentativa de santificá-lo ou demonizá-lo. Temos que analisar o que aconteceu ontem, sobretudo, sob a perspectiva e o olhar da História.

A prisão de Lula é resultado de um processo histórico que se repete e vai se repetir todas as vezes que alguém tentar desafiar e incomodar a elite que se acha poderosa e dona do Brasil.  É resultado sim da luta de classes.

Gostem ou não, uma coisa é inegável, tanto para os que o amam como para os que o odeiam: o legado de Lula já é histórico. Ninguém jamais vai conseguir apagar.

Lula permanece livre na mente, na memória, na ideia, no coração e na alma de centenas de milhares de brasileiros, preso ou em liberdade, absolvido ou condenado.

A estrela de Lula vai continuar acesa, afinal de contas, só continua a brilhar quem tem luz própria.


Força e resistência, Presidente Lula!


Local: SÃO PAULO São Paulo, SP, Brasil

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