28 de out. de 2018

MARCHA À RÉ

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É preciso estar atento e forte.
Foto: Arquivo Nacional
A democracia, combalida e agonizante desde o impeachment fabricado em 2016, recebeu hoje seu tiro de misericórdia: Jair Bolsonaro, deputado federal extremista e militar autoritário reformado, foi eleito o 42º presidente do Brasil.

Após uma eleição marcada pela mentira, pelo ódio assumidamente declarado e pelo fanatismo religioso, a maioria dos eleitores brasileiros decidiu eleger um projeto autoritário que beira às vias do absurdo, apesar da afronta escancarada às instituições consolidadas do país e da promessa de extermínio de opositores apoiada pelos algozes da democracia.

Absurdo que despertou extintos selvagens, resultou em assassinatos e estendeu o medo aos limites dos terrorismo psicológico, tal e qual aquela época sombria de nossa história, a ditadura militar.

Mesmo muitos dizendo que os tempos são outros e o presidente eleito posando de conciliador é preciso estar atento e forte, não se deixar enganar: os personagens, os atores, as circunstâncias dadas e os métodos de atuação continuam idênticos aos dos anos de chumbo. 

Apesar do resultado catastrófico, um alento: a eleição foi decidida pelo voto. Espera-se que as próximas não sejam decididas pela guerra civil nem com a morte de inocentes, como já pregou o agora presidente eleito.

Ao contrário do que alguns afirmam, a maioria dos eleitores não reprovou a corrupção que dizem ter sido inventada e propagada pelo PT. Na verdade eles elegeram o projeto mentiroso, odioso, autoritário, odiento e excludente de Jair Bolsonaro. Uma hora vão cair na real.

Acima de tudo, de todos e da decepção evidente uma coisa permanecerá certa: não existe liberdade relativizada nem democracia autoritária.

Ou a liberdade e a democracia são absolutas ou não há uma nem a outra. 

Apesar da eleição do Elenão e das cinzas da derrota, a chama da esperança continua acesa, os sonhos dos valentes mais intenso, sempre vivos para, a qualquer momento, ressuscitarem a democracia.



7 de out. de 2018

ENCRUZILHADA POLÍTICA

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Tão surpreendente quanto decepcionante, os resultados das Eleições 2018 colocaram o Brasil em uma encruzilhada política.
Foto: Pixabay.com

Os resultados da eleição para presidente da República colocaram o Brasil em uma nova encruzilhada política: a velha polarização partidária entre PT e PSDB ruiu e deu lugar à radicalização ideológica sem direito a terceira via.

Dia 28 de outubro o brasileiro não tem saída: vai ter de decidir se vota a favor da democracia ou se elege o autoritarismo.

A disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno abre espaço para forças inconciliáveis que vão do extremismo político ao fundamentalismo religioso.

Na quebra de braço entre a extrema direita e a esquerda inflamada, Fernando Haddad leva vantagem sobre Jair Bolsonaro por conta de sua experiência administrativa e seu discurso conciliador, mas pode ser prejudicado pela truculência contaminadora de Bolsonaro personificada na mitificação apaixonada e raivosa de seus ardorosos eleitores.

Por sua vez, não ter ido para o segundo turno deixou Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva visivelmente decepcionados e literalmente abatidos.

A decepção de Ciro, em particular, decorre do fato dele realmente quase ter chegado lá. Candidato por três vezes a presidente da República, Ciro Gomes foi a terceira via que não se concretizou.

Ciro só não chegou lá porque no meio do caminho tinha Lula, tinha Lula no meio do caminho.

O desprezo e a admiração dos eleitores por Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva impediram Ciro, Alckmin ou Marina de chegar no segundo turno.

Pelo lado de Bolsonaro devido ao antipetismo fanático de seus seguidores.

Da parte de Haddad por causa do eterno reconhecimento dos eleitores petistas pelas conquistas alcançadas nos dois mandatos de Lula da Silva.

A gratidão dos eleitores menos favorecidos ao ex-presidente foi a pedra de tropeço de Ciro Gomes da mesma forma que a lealdade dos bolsonaristas e o incentivo ao antilulismo motivaram a desgraça de Alckmin e Marina, propagadores do antipetismo.

A partir de hoje começa uma nova eleição. A expectativa já aguça a imaginação dos brasileiros e os eleitores já estão curiosos em descobrir para que lado a balança dos partidos vai pender.

Espera-se que a enxurrada de fake news através das redes sociais e aplicativos de mensagens dê lugar à verdade e à informação com isenção e credibilidade.

Que a razão, o bom senso e a sobriedade façam a diferença no segundo turno para o bem de todos e a favor da democracia.

Contudo, nessa briga de cachorro grande uma coisa é certa: não existe democracia autoritária nem autoritarismo democrático.

4 de out. de 2018

DEMOCRACIA SIM, #ELENÃO

A  desinformação, o apego dos candidatos ao ego e a confiança de alguns eleitores em quem só mostra a verdade que interessa e favorece os que se acham poderosos alimentam o risco de levarmos o Brasil a um retrocesso histórico, exatamente 30 anos depois de vermos aprovado aquele que é reconhecido mundialmente como um dos melhores, mais justos e mais democráticos conjunto de leis de todos os tempos: a Constituição Cidadã de 1988.

Às vésperas da eleição mais importante desde a redemocratização do país é grande o numero de eleitores brasileiros que, dominados pelo desejo de vingança ou atrelados à vontade indomável dos que querem fazer “justiça”, não conseguem enxergar suas próprias contradições.

Vociferam que vão votar no candidato Jair Bolsonaro porque consideram que ele é sinônimo de ética, mensageiro e defensor de valores cristãos, aquele que vai acabar com a degradação moral e pôr fim à corrupção, tal e qual Fernando Collor de Mello que prometeu que iria derrotar a inflação em um só golpe de judô quando foi eleito em 1990 para renunciar dois anos depois.

Entretanto, esses eleitores não conseguem – ou não querem enxergar – que esse mesmo candidato é o avesso do que eles querem, pensam e acreditam.

Um político que por várias vezes fez – e ainda faz – declarações públicas maldosas ou toma atitudes extremas contrárias a todos os valores que qualquer ser humano se sente honrado ter e praticar, e que Bolsonaro tem prazer sádico em demonstrar que na verdade parece não possuir.

Por outro lado, o comportamento inadequado, feroz, errático, de conseqüências maléficas, que induz ao erro e às interpretações equivocadas tem cegado a maioria dos postulantes à presidência da República, ecoando também na mente e no coração dos eleitores, conforme mostram as pesquisas eleitorais.

Apegado a um desejo muito mais pessoal do que à vontade sincera de querer mudar a realidade do país tem muito candidato se deixando levar e dominar pela inconsciência irracional do ego.

No fundo o que estão fazendo é também contribuir para que o Brasil retroceda 54 anos em 4.

Alguns desses candidatos e eleitores, inclusive, viveram, foram testemunhas ou vítimas diretas ou indiretas das atrocidades de uma época que resultou em um dos maiores erros brutais de nossa história: o golpe de 1964, a ditadura militar.

Contudo, queiramos ou não, os projetos políticos dos 13 candidatos nas Eleições 2018 estão postos. Eles são claros e diferentes, tanto quanto são quem os propõe e os defende.

De um lado tem-se um projeto que reintegra a dignidade aos brasileiros. Do outro, propostas que acentuam o ódio, o desrespeito, a desigualdade, o preconceito, a discriminação, a criminalização dos mais pobres, o retrocesso político, jurídico e institucional, a revogação dos direitos sociais conquistados com muito suor, sangue e lágrimas.

A partir da constatação dolorosa dessa nossa triste realidade, uma pergunta não quer calar: de que lado você vai estar? De quem quer resgatar a democracia e devolver o poder para o povo brasileiro ou de quem sataniza tudo e a todos, ressuscitando o desrespeito e fazendo valer o fascismo e a imposição?

Seja qual for sua resposta, acredite: você não vota apenas para escolher que vai lhe representar, vota também em quem você se espelha e se identifica.

Democracia sim, #Elenão. Simples assim.