2 de jun. de 2020

GATO POR LEBRE


Flexibilizar a quarentena agora é comprar gato por lebre
Flexibilizar a quarentena agora é comprar gato por lebre
Foto: Reprodução (www.fotocomedia.com)
A OMS declarou ontem que o Brasil e outros países da região ainda não alcançaram o pico da Covid-19. Por aqui, governadores e prefeitos já estão liberando a abertura de serviços não essenciais.

Cuidado, senhores!

Podem estar caindo em arapuca de pegar rato, nadando em rio de piranhas, assinando declaração de burrice, antecipando seus atestados de óbito e nos levando junto.

Quando menos esperarem vão perceber que compraram gato por lebre.

Se liga!

Se a previsão da OMS se confirmar, logo atingiremos o caos na saúde pública e os senhores que – por incrível que pareça - até agora agiram de forma racional e seguindo estratégias sanitárias corretas, serão acusados de incompetência, irresponsabilidade e má administração do erário.

Não demorará e aqueles, que em nenhum momento demonstraram respeito pelos cidadãos nem responsabilidade em relação ao cargo que ocupam, terão os argumentos suficientes para incentivar “o povo” a pedir a cabeça dos “gestores” estaduais e municipais por terem desonrado sua missão de homens públicos.

Na sequência, acusarão o Congresso e o Supremo de conivência com as ações ilícitas e irresponsáveis dos mesmos governantes incompetentes e decretarão o fechamento de ambas as Casas.

O fechamento do Congresso por ter liberado verba para financiar a bandalheira assassina dos governadores e prefeitos; O do Supremo por cumplicidade ao dar a esses total autonomia para decidirem o que podia e o que não podia .

Daí, do nada, surgirá em seu cavalo alazão  - tal e qual o que apareceu sendo cavalgado no último domingo – o Messias Bolsonaro.

O Falso Messias, que veio para libertar o Brasil da devassidão moral, da corrupção e da ameaça comunista, restabelecerá a ordem e cumprirá assim sua missão salvacionista.

E então...

Estaremos todos ferrados e mal pagos até que surja outro herói que venha nos redimir e nos resgatar dos novos 21 anos de autoritarismo e repressão. 

E daí? 

Daí, já era, já foi. 


Triste do povo que precisa de heróis, já disse sabiamente Brecht.

- Mas, o que passa, meu caro? Viraste profeta do mal? “Ora direis,  perdeste o senso, certo ouvir estrelas”.

- Não, meu caro cara pálida. Filme reprisado, figurinha repetida, o presente repetindo o passado.

Tomara que isso tudo não passe de alucinação da minha mente imaginativa e, esse texto, nada além de um artigo pessimista fatalista mal escrito por mais um desses comunistas ateus.

“Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso

Eu vos direi no entanto:

Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não,

Eu canto

Ora direis”....


8 de jan. de 2020

NA PONTA DO LÁPIS



Conhecido como o mês de pagar as contas, janeiro exige cautela, jogo de cintura, organização e controle de gastos para manter as finanças em dia



Janeiro, mês de colocar as contas em dia
Foto: Pixabay.com
Terminadas as festas de fim de ano, janeiro chega com tudo e não está prosa. Cobranças e faturas pipocam de todos os lados: cartão de crédito, IPVA, IPTU, material escolar. 

Tradicionalmente conhecido como o mês de pagar as contas, janeiro já virou sinônimo de esvaziar o bolso, tentar colocar em dia as dívidas adquiridas em dezembro e se organizar para os débitos que virão nos meses seguintes.
   
Não bastassem as cobranças tradicionais da época há também reajustes de preços de todos os tipos e porcentagens, uns acima, outros na média, mas poucos abaixo da inflação.

No corre-corre para honrar o que foi adquirido no final do ano anterior e assumir com folga e tranquilidade os compromissos do novo ano, muitos consumidores se esquecem do principal: colocar tudo na ponta do lápis e se organizar financeiramente, ou seja, fazer o famoso orçamento doméstico.

Para diminuir o peso das novas dívidas que o começo do ano exige, as palavras de ordem são pesquisar e pechinchar, pelo menos em relação aos itens que, por força das circunstâncias, vão precisar ser assumidos de imediato como material escolar e IPVA, mas que podem ser facilmente negociados ou receberem bons descontos se forem pagos à vista.

ESTRATÉGIAS

Em todo o país a saída parece ser a mesma: apertar os cintos para manter as contas em dia. 

Contudo, tratando-se de dívidas, a criatividade do brasileiro não tem limites, o óbvio nem sempre é unanimidade e cada um tem sua receita infalível. 

Os pernambucanos não fogem à regra.

O estudante Vinicius, 23, vai na contramão de muitos consumidores: utiliza o décimo terceiro salário para adquirir em janeiro o que a maioria das pessoas costuma comprar em dezembro. 

“Sempre comparo o que eu ganho com a relação custo e consumo e deixo tudo para o início do ano, assim aproveito as promoções que, nessa época, têm um preço melhor, e desse jeito consigo pagar à vista”, revela.

O empresário Marcelo, 49, e a vendedora autônoma Maria José, 44, programam-se com antecedência fazendo reserva já no início de janeiro de cada ano. “Dessa forma consigo ter em 12 meses o suficiente para pagar com tranquilidade e sem surpresas tudo o que vem de uma vez só no começo do ano”, afirma o empreendedor.

Maria Luíza, 64, aposentada, tenta, apesar de ser difícil, estabelecer prioridades dando preferência para exigências fiscais mais urgentes como os impostos e tributos.     

Dependendo da disponibilidade financeira, Maria Luíza prefere pagar à vista para não precisar cair na cilada do cheque especial, "embora em relação às dívidas nenhum brasileiro consiga ficar totalmente seguro durante todo o ano”, reclama.

DICAS

Para Fernando Aquino, economista, conselheiro do Cofecon (Conselho Federal de Economia) e membro da ABED (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia), a melhor forma de encarar os compromissos financeiros assumidos no final de um ano e começo de outro é fazer um orçamento, tanto para os meses desse ciclo quanto para alguns meses seguintes. 

“É difícil aceitar e cumprir os valores orçados, mas ajuda muito a manter um certo equilíbrio”, afirma.

Segundo Aquino, parcelar dívidas é perigoso já que compromete os meses subsequentes e permite gastar mais agora em troca de gastar menos depois: “cada pessoa precisa avaliar, em cada gasto que pode parcelar, se vale à pena, pois todos têm que adequar o seu padrão de vida aos recursos que ganham”.

Do mesmo modo, tomar empréstimo também implica em riscos. “O que sempre deve ser evitado é o cheque especial e outros empréstimos com juros muito altos". 

É sempre recomendado, quando se está pagando altos encargos e se tem a possibilidade de acesso a encargos financeiros menores, fazer uma troca dessas dívidas, aconselha Aquino.

Em tempos de economia ainda desaquecida e números do desemprego e da inadimplência insistindo em permanecerem altos, cautela e canja de galinha ainda continuam não fazendo mal a ninguém. 


2 de jan. de 2020

30 de dez. de 2019

29 de dez. de 2019

DÈJÁ-VU

2019, O ANO DA (A)NORMALIDADE
FOTO: PIXABAY.COM




O ano de 2019 chega ao fim se notabilizado como mais um ano “(a)normal”, sem avanços significativos, mas agravado por normas paralisantes e conformistas. Muitas dessas normas risíveis, excludentes, inaceitáveis como naturais.

As expectativas altas dos otimistas - notadamente em relação a uma nova forma de governar - aos poucos foram dando lugar às previsões, apesar de negativas, acertadas por parte dos realistas.

Realismo que não significa necessariamente pessimismo ou ausência de fé, mas que pode ser entendido como uma espécie de otimismo que não abre mão do benefício da dúvida nem nega a História e o princípio de realidade.

O fato é que o Brasil, que nos últimos dois anos patinou com a instabilidade política e econômica, hoje segue sua “normalidade” sem rumo, sem sequer ter um esboço de projeto de país e que, na  maioria das decisões, continua repetindo um passado desastroso.

Evoluímos da estagnação econômica para o caminhar sem direção. Ou seja, permanecemos reféns das expectativas, andando em círculo e, para nosso azar, em 2019, limitados pelo conformismo e anestesiados pelos fundamentalismos.

No campo político, com raras exceções, parlamentares, mandatários e afins continuaram a jogar o jogo jogado. No plano econômico, o mercado seguiu ditando as regras.

Nesse sentido, já disse e repito: quem aprovou a tão “indispensável e urgente reforma da Previdência” foi o mercado financeiro e não os “ilustres” senadores e deputados.

Lamento, meu caro, mas, se você ainda não sabe ou não quer enxergar, o poder econômico segue firme, forte e, mais do que nunca, condicionando o poder político no Brasil.

No enredo dessa nova velha história cheia de vários protagonistas, em que o desfecho é tão surpreendente quanto último capítulo de novela, o bandido nem sempre morre no final.

Aliás, hoje ficou mais difícil identificar imediatamente quem são os bandidos em meio a esse saco de gatos.

Se ontem os bandidos eram facilmente identificáveis até de olhos fechados, hoje, apesar de continuarem sendo tão bandidos quanto antes, agem de forma mais ardilosa e subterrânea que enganam sem dificuldades o mais cristão dos cristãos.

Os bandidos de hoje pagam de mocinhos, encarnam o bom cristão, atuam em nome da Lei, apesar de serem altamente letais.

Não poupam bravatas, falam e agem falsamente em nome do Senhor. Caminhando a passos largos, vão arrebatando legiões de fundamentalistas que, por sua vez, não têm  - ou não querem ter - entendimento nem vontade.

Final dos tempos, irmãos.

Nesse cenário caótico, irresponsável, limitante e preconceituoso o que resta, por enquanto, é a História.

Que a História, por si só ou por seus conteúdos, ainda que parecidos ou repetidos, não analisada como um déjà-vu, mas possa ser urgentemente compreendida pelos seus verdadeiros significados, positivos e negativos.

Em 2020 não nos enganemos a nós mesmos nem deixemos que continuem a nos enganar ou nos façam aceitar o inadmissível como algo normal.

Que o novo ano seja verdadeiramente novo e, como disse o atualíssimo, mas nem sempre normal, William Shakespeare, que as pessoas sejam o que parecem.

Feliz 2020!

11 de abr. de 2019

15 de nov. de 2018

DEMOCRACIA: SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO


DEMOCRACIA, POLÍTICA, AMÉRICA LATINA, BRASIL, PEW RESEARCH, FILIAÇÃO POLÍTICA, PARTIDOS POLÍTICOS., VOX BRASILIS. INTERNACIONAL, COMPORTAMENTO, TERRA BRASILIS
Democracia representativa é vista com negatividade e insatisfação
Foto: Pixabay.com
A eleição democrática através do voto e a identificação partidária estão em baixa no mundo, segundo estudo realizado pelo Pew Research Center, instituição norte-americana que realiza estudos estatísticos que influenciam a sociedade e atuam sobre a tomada de decisões políticas.

O levantamento foi realizado em 35 países e apontou que em média 26% das nações não se identificam com nenhum partido político enquanto que 17% se opõem à democracia representativa.

Segundo o estudo, a baixa filiação política ou adesão partidária têm contribuído para  uma visão desfavorável da democracia.

A América Latina lidera e é a região que possui a maior rejeição à democracia efetivada através do voto direto (33%) e onde a maioria da população (51%) não apóia nenhum partido político.

O Chile foi o país que registrou o maior índice de rejeição aos partidos políticos (78%) enquanto que na Índia apenas 2% da nação não se identificam com nenhuma agremiação partidária.



Brasil (33%) e Peru (32%) são países em que o olhar sobre a representação democrática através do voto é negativo, sendo que 60% da população não apóia nenhum partido político, segundo o Pew Research.

Esses dados confirmam levantamento realizado pelo Américas Barometer em 17 nações latino-americanas. O estudo registrou que, em média, apenas 41% dos cidadãos confiam nas eleições realizadas em seus paises e 67% crêem que mais da metade ou todos os políticos são corruptos.

No Oriente Médio e Norte da África as visões sobre a democracia e a necessidade de adesão política variam.

Em média 16% dessas regiões são desfavorecidas, sendo que na Jordânia 36% da população acredita que a democracia é uma maneira ruim de se governar o país.

Nos países em que a adesão partidária é maior, as opiniões sobre a democracia representativa é mais positiva.

É o caso de Europa, Israel e Índia, sendo que 98% dos indianos e 97% dos israelenses são politicamente filiados. Nesses países, a opinião negativa da população sobre a democracia registrou um índice de 9% em média.



O estudo não apontou soluções para os problemas identificados, mas, como para um bom entendedor meia palavra basta, os políticos sabem que precisam urgentemente abrir mão de seus interesses pessoais.

Têm de parar de fazer da democracia um trampolim para chegarem ao auge do poder e deixar de se comportarem como predadores lutando para se firmarem no topo da cadeia alimentar.

Caso isso não ocorra, a democracia vai estar sempre ameaçada, em risco ou à espera de algum aventureiro que a resgate da torre e a tome para si.

Gente se achando o suprassumo da Quintessência e usurpadores de plantão é o que não falta.

O Brasil que o diga.

11 de nov. de 2018

SEPARAÇÃO À VISTA

TUCANOS, SEPARAÇÃO, RACHA TUCANO, PSDB. JOÃO DORIA. GERALDO ALCKMIN, ALBERTO GOLDMAN, BOLSONARO, POLÍTICA, BRASIL

Fim do casamento tucano. Separação é questão de tempo.
Foto: Pixabay.com

As rachaduras provocadas pelo desempenho pífio nas eleições 2018 e o rapto do partido pelo governador eleito João Doria não deixam mais dúvidas: a formação original do PSDB está prestes a desabar.

Um encontro semana passada entre Alckmin e Doria não só afastou qualquer possibilidade de reunificação como também fortaleceu a ideia dos derrotados criarem um novo partido que resgate a originalidade do PSDB.


Conversas de bastidor indicam que tucanos descontentes e candidatos de outras legendas derrotadas no último pleito já estão articulando a criação do novo partido, a princípio também de orientação social democrata.

Os descontentes não descartam a possibilidade de agregar  no possível novo partido ideologias distintas que vão desde a do apresentador Luciano Huck a de Aldo Rebelo, ex-ministro de Lula e Dilma, segundo o jornal Valor Econômico.

Enquanto os tucanos derrotados internamente e externamente silenciam, a crise de infidelidade só aumenta e fortalece Doria que, mesmo não tendo a presidência do partido, age e atua com total liberalidade em relação aos ainda ministros de Michel Temer.

Apesar de tudo ainda há quem insista em não arredar pé nem abrir mão da legenda, como o ex-governador Alberto Goldman que jura de pés juntos que a ideia de separação é uma falácia, mas não nega haver um desconforto renitente provocado pelo refluxo da crise de infidelidade.

Por mais que peessedebistas históricos teimem em não aceitar, o PSDB original já era. A separação já não é mais um risco possível, mas uma realidade que salta a olhos nus.

Em meio a dúvidas, ditos e desmentidos, a única certeza é que sob o reinado de Doria o lema do partido não só está decidido, mas decretado e sacramentado: PSDB, ame-o ou deixe-o. 

Resta saber se ainda há chance da separação ser litigiosa ou se os tucanos também terão que brigar pelos despojos da batalha.



6 de nov. de 2018

28 de out. de 2018

MARCHA À RÉ

ELENÃO, DEMOCRACIA, ELEIÇÕES 2018, VOTO
É preciso estar atento e forte.
Foto: Arquivo Nacional
A democracia, combalida e agonizante desde o impeachment fabricado em 2016, recebeu hoje seu tiro de misericórdia: Jair Bolsonaro, deputado federal extremista e militar autoritário reformado, foi eleito o 42º presidente do Brasil.

Após uma eleição marcada pela mentira, pelo ódio assumidamente declarado e pelo fanatismo religioso, a maioria dos eleitores brasileiros decidiu eleger um projeto autoritário que beira às vias do absurdo, apesar da afronta escancarada às instituições consolidadas do país e da promessa de extermínio de opositores apoiada pelos algozes da democracia.

Absurdo que despertou extintos selvagens, resultou em assassinatos e estendeu o medo aos limites dos terrorismo psicológico, tal e qual aquela época sombria de nossa história, a ditadura militar.

Mesmo muitos dizendo que os tempos são outros e o presidente eleito posando de conciliador é preciso estar atento e forte, não se deixar enganar: os personagens, os atores, as circunstâncias dadas e os métodos de atuação continuam idênticos aos dos anos de chumbo. 

Apesar do resultado catastrófico, um alento: a eleição foi decidida pelo voto. Espera-se que as próximas não sejam decididas pela guerra civil nem com a morte de inocentes, como já pregou o agora presidente eleito.

Ao contrário do que alguns afirmam, a maioria dos eleitores não reprovou a corrupção que dizem ter sido inventada e propagada pelo PT. Na verdade eles elegeram o projeto mentiroso, odioso, autoritário, odiento e excludente de Jair Bolsonaro. Uma hora vão cair na real.

Acima de tudo, de todos e da decepção evidente uma coisa permanecerá certa: não existe liberdade relativizada nem democracia autoritária.

Ou a liberdade e a democracia são absolutas ou não há uma nem a outra. 

Apesar da eleição do Elenão e das cinzas da derrota, a chama da esperança continua acesa, os sonhos dos valentes mais intenso, sempre vivos para, a qualquer momento, ressuscitarem a democracia.