Coletivo Bereia: instrumento jornalístico de combate às fake news
religiosas
Grupo
de jornalistas cria o Bereia, coletivo que checa veracidade de notícias
relacionadas ao universo religioso cristão
É cada vez mais preocupante o sucessivo número de fake news no
Brasil e no mundo. Não menos assustador é a velocidade com que elas se espalham.
Da mesma forma, crescente e preocupante é a quantidade de cristãos
que têm sido bombardeados por notícias falsas relacionadas à religião ou
ligadas a opiniões e decisões políticas e jurídicas que têm a ver diretamente
com essa temática.
Muitos fiéis vêm se tornando, ao mesmo tempo, vítimas e reféns das
fake news de caráter político-religioso e de seus propagadores dentro e fora das
igrejas. Isso não é mera impressão, é fato.
Vítimas porque muitos desses cidadãos ingênuos, devido à baixa
escolaridade — grande parte não sabe ler nem escrever — não têm alternativa a
não ser acreditar em tudo o que lhes dizem como sendo verdade absoluta.
Reféns porque, por receio de se contrapor aos seus superiores
hierárquicos, se veem na obrigação de acreditar neles, como se eles fossem — por
saberem ler e terem formação na área — “especialistas” detentores da verdade incontestável.
Também é fato que alguns líderes religiosos estão dentro das
igrejas fazendo doutrinação política de forma absolutista ao invés de pregarem a Palavra.
Boa Nova
A boa nova é que, no mesmo ritmo em que as notícias falsas se
multiplicam, medidas e iniciativas para evitá-las e combatê-las não param de
brotar. No meio religioso também.
Cristãos brasileiros que valorizam a verdade têm o que comemorar,
pois já existe um grupo de profissionais da comunicação que veio para
esclarecer e não para confundir.
Grupo brasileiro de fact-checking (checagem de fatos), o Coletivo Bereia é único
no mundo nessa categoria.
É composto por jornalistas, pesquisadores, estudantes e
voluntários ligados ao meio cristão.
Comprometidos com a verdade dos fatos, eles checam diariamente a
veracidade das informações divulgadas por personalidades, políticos e
influenciadores religiosos cristãos, em sites de inspiração religiosa e redes
sociais.
Em meio à irresponsabilidade, o desrespeito e ao fortalecimento da
mentira como regra para se chegar e se manter no poder, inclusive se dizendo religioso, o
Coletivo Bereia veio para fazer a diferença e jogar
luz na escuridão das fake news.
“Queremos levantar a reflexão de que o fato de serem religiosos
não os isentam nem da propagação, nem da aceitação de conteúdo enganoso ou
desinformativo”, afirma, em entrevista ao site Ijnet, Magali Cunha, jornalista diretora geral do coletivo.
Magali também
acredita na importância de falar sobre essa questão no universo cristão e criar
uma consciência crítica dentro desse grupo.
Em um cenário em que manipulação e mentira se tornaram valores
universalmente naturais na vida das pessoas, e lugares-comuns entre muitos religiosos,
o Coletivo Bereia é um golpe no fanatismo dos que querem impor, a todo custo,
suas verdades como sendo inquestionáveis.
Verdades essas, na maioria da vezes, distorcidas, descoladas da
realidade e repleta de argumentos que não se sustentam.
O Coletivo Bereia é, portanto, iniciativa jornalística que deve
ser aplaudida, incentivada e divulgada.
Afinal, “para conhecer o mal é preciso saber os meios em que ele
atua” e, assim, possibilitar que se entre em contato com a Verdade e ela vos liberte.