12 de mai. de 2016

NOVA VELHA HISTÓRIA


Golpe; Dilma; PT; Corrupção; Brasil; Lava Jato; Lula; Temer
Foto: Roberto Struckert/Instituto Lula (12/05/2016) Fotos Públicas

O afastamento da presidente Dilma Rousseff foi o passo mais ousado da oposição em direção à retomada do comando do país, mas não o último.

A condenação do Partido dos Trabalhadores ao ostracismo e ao exílio político deverá ser a cartada final ou a pá de cal que ainda falta aos opositores na luta pelo poder.

O impeachment fabricado por PSDB, DEM, Eduardo Cunha e demais correligionários e partidos aliados foi a demonstração mais clara da falta de respeito com a democracia e com a eleição direta para presidente do Brasil.

Se o voto antes era apenas uma escada para se chegar ao Palácio do Planalto e estava condicionado aos interesses mesquinhos da maioria dos políticos profissionais do nosso país, hoje foi rebaixado a instrumento figurativo.

Os agora governistas não estão nem aí para os mais de 51% dos votos que elegeram Dilma Rousseff, e seguem em frente na sanha de mudar o sistema político brasileiro em favor deles, de seus interesses e dos interesses das elites brasileiras.

A verdade é que os ardilosos não têm projeto político para país, mas projeto de poder.

A próxima investida é enfraquecer ainda mais o direito de escolha do povo, exercido através do voto, instaurando o parlamentarismo ou o poder do legislativo, concentrando-o na figura do Primeiro-Ministro e atribuindo às outras instâncias democráticas ações meramente decorativas.

No parlamentarismo, a Constituição muitas vezes é mera peça ornamentaria que pode ser alterada de acordo com os humores e as vontades do parlamento, vide Inglaterra, onde sequer há constituição escrita.

O golpe foi o primeiro passo para se eliminar a Constituição, ironicamente, considerando as atuais circunstâncias, chamada de Cidadã e promulgada por muitos que hoje fazem questão de aviltá-la.

A aprovação do afastamento de Dilma Rousseff foi uma condenação política e não um ato de respeito à Carta Magna que rege o país. 


Afastar a presidente porque não cumpriu o que prometeu é no mínimo contraditório quando a maioria dos políticos não passam de mentirosos graduados e contraventores descarados.

Se pedalada fiscal é crime de responsabilidade e justifica o impedimento, vamos derrubar também os 16 governadores que há anos cometem o mesmo "delito"? Duvido.

No país em que grande parte da população é teleguiada pelas informações viciadas da imprensa hegemônica que visa apenas o lucro, impeachment e crime de responsabilidade soam como palavrão nos ouvidos da galera. Expressões demagógicas na boca de oradores oportunistas.

Dois deles são a expressão máxima e representativa do fisiologismo e da democracia de fachada pregada pelos lobos do covil chamado Congresso Nacional: Gilberto Kassab e Marta Suplicy.

Kassab, poucos dias antes votação da admissibilidade do impeachment pela Câmara dos deputados, era ministro do mesmo governo que ajudou a derrubar em nome da pátria, da família, da propriedade, ética e do combate à corrupção. Hoje é ministro de Temer. Belo exemplo da meritocracia tucana.

Marta, até pouco tempo era defensora voraz de um partido que jurou fidelidade, mas que disse ter saído porque foi tomado pela corrupção. Esquece-se, entretanto, que o partido em que está atualmente possui políticos sob suspeita e investigados pela Lava Jato. 

O partido que a senhora está atualmente é tomado por que e por quem, nobre senadora? De certo, por pessoas justas e honestas como a nobre senadora.

Vocês envergonham a política, no sentido mais denotativo e mais amplo que ela possui. Não valem o voto que receberam. Falam demais por não ter nada a dizer.

O pior é que vossas excelências ainda ajoelham e rezam.

Cuidado, senhores! Como diz a canção de um antigo compositor baiano, a vida é real e de viés.

Enquanto Dilma sai do poder pela porta lateral, o PSDB, por enquanto, volta ao poder (ou o toma) pela porta dos fundos. 

Vossas senhorias podem até acreditar, mas a história não é uma lata de lixo. Ela saberá colocar cada um dos senhores em seu devido lugar.
Local: SÃO PAULO São Paulo, São Paulo - SP, Brasil

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