17 de abr. de 2017

OUSADIA PAN-CULTURAL


TROPICÁLIA, MOVIMENTO TROPICALISTA, CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, OS MUTANTES, MÚSICA BRASILEIRA, ESTÉTICA, TROPICALISMO.
Movimento de renovação da cultura brasileira, a Tropicália foi criticada e exaltada
Foto: Reprodução/Internet




Há 50 anos, em meio ao caldeirão efervescente da década de 60 e ao crescimento das ditaduras militares que pipocavam principalmente na América Latina, nascia a Tropicália, movimento pan-cultural que promoveu uma verdadeira revolução estética na cultura e na arte brasileiras.

A Tropicália chegou com tudo, não só para organizar o movimento e orientar o carnaval, mas também para pôr mais lenha na fogueira das insatisfações com a falta de criatividade e a mesmice reinantes no país.

O Movimento Tropicalista evidenciou-se como um respiro novo diante da sufocante caretice dos valores morais intimidadores sustentados por comportamentos limitantes e pelo marasmo da rotina bem comportada que era  a produção artística da época. 

A Tropicália promoveu o isolamento e a incineração da pungência do conservadorismo crescente no Brasil.

Movimento que teve um papel histórico, na opinião de Chico Buarque. Uma fase fundamental para a música popular brasileira em termos de inovação e experimentação, segundo Haroldo de Campos. Cultura da descolonização, na visão de José Celso Martinez Correa, a Tropicália inovou, renovou, restaurou, resgatou, chocalhou a música, as artes plásticas e o teatro nacional.

O Movimento Tropicalista tornou-se um divisor de águas entre o antes e o depois daquele que se tornaria um momentum cultural único.

A ousadia da Tropicália foi além da simplicidade do banquinho e um violão da Bossa Nova e do balanço cadenciadamente comportado do Iê-iê-iê da Jovem Guarda.
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Os tropicalistas entraram sem pedir licença para estabelecer novos paradigmas em relação ao pensar e ao fazer artístico e cultural do Brasil.

ARTE ESSENCIAL

Ao mesmo tempo em que tinha arte como essência coletiva, a Tropicália também promovia a ruptura com velhos padrões ao inserir e adaptar modernos acordes, elementos sonoros diversos e meios eletrônicos sofisticados presentes na cultura mundial às criações artísticas nacionais que brotavam intensa e psicodelicamente da mente criativa e das mãos de seus artistas.

O resultado foi uma colcha de retalhos costurada por tendências diversas, um patchwork multicultural que recriou e atualizou o canibalismo praticado por Oswald de Andrade e pelos Modernistas de 1922.

Os tropicalistas promoveram o diálogo entre o moderno e o pós-moderno, a tradição e a vanguarda, o erudito e o popular.

Para o jornalista e escritor João Luís Gago, o maior mérito do Tropicalismo foi inserir a produção musical no Pós Modernismo. “O elemento paulista - muita antena, poucas raízes -, aliado à baianidade de Gil, Caetano e Tom Zé,  foi explosivo”, ressalta.

Gago destaca ainda que os arranjos maravilhosos e vanguardistas de Rogério Duprat, a técnica e as informações sobre a cultura pop dos irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, dos Mutantes, mais a influência de Augusto e Haroldo de Campos sobre Caetano Veloso foram fundamentais para formatar um movimento que era odiado pela esquerda e pela direita.

De fato, a Tropicália não conseguiu agradar 100% gregos e baianos.

CRÍTICA E EXALTAÇÃO

O Movimento foi exaltado e criticado por artistas, leigos e especialistas da época, apesar de reunir em seu time uma verdadeira constelação de estrelas com pensamentos e atitudes nada ortodoxas, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Hélio Oiticica, Gal Costa, Nara Leão, Glauber Rocha, José Celso Martinez Correa.

As críticas, em boa parte, vinham da esquerda que se ressentia da ausência de engajamento político por parte dos tropicalistas.

Entretanto, os artistas se consideravam revolucionários não necessariamente em relação à causa política, mas na estética que, ao não se subjugar aos padrões tradicionais comportados vigentes no país, era a forma artística de resistência pela qual eles expressavam sua ação política por si só.


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Mas, nem tudo foram flores e a Tropicália nunca navegou em um mar de rosas. Os militares também não pegaram leve nem pouparam esforços para implodir e esvaziar o Movimento Tropicalista.

Em 1968, sob a alegação de desrespeito aos símbolos nacionais e de insultos ofensivos às Forças Armadas, os militares prenderam Caetano e Gil durante uma apresentação com os Mutantes, no Rio de Janeiro.

Na noite do domingo do dia 20 de julho de 1969, Caetano e Gil fizeram o último show em Salvador. Logo depois, deixaram o país rumo ao exílio na Europa, sob a ameaça de que se voltassem ao Brasil seriam imediatamente presos.


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A Tropicália fechava seu ciclo de produção cultural intensa e transformadora, porém o Tropicalismo prosseguiria fazendo protestos em forma de metáforas.

Dona de divinas tetas, a Tropicália foi um traço fora da curva cultural e da vida cotidiana do Brasil.  Teve duração curta, mas o suficiente para dar o seu recado, fazer história, “derramar o leite bom na nossa cara e o leite mal na cara dos caretas”.


Local: SÃO PAULO São Paulo, SP, Brasil

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