16 de set. de 2016

TALENTO E SIMPATIA

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Domingos Montagner em cena como Palhaço
Foto: Reprodução

A morte do ator Domingos Montagner, aos 54 anos, na tarde de ontem(15) uniu em uma mesma comoção família, fãs, amigos e artistas.
  
O ator, que  quando criança queria ser bombeiro e quando adulto formou-se em Educação Física, brilhava na televisão, mas encontrou no teatro  sua porta de entrada na vida artística.

Apaixonado pelo circo, Domingos Montagner atuava também como Palhaço. Criou e liderou o grupo La Mínima e fundou o Circo Zanni, do qual era diretor artístico.

Querido pelos companheiros de profissão, Montagner também era admirado e respeitado por conta de seu talento e sua dedicação como ator.  


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Domingos Montagner morreu aos 54 anos e no auge da carreira
Foto: Reprodução/Facebook

Em mais de 20 anos de carreira, trabalhou também no cinema  e foi premiado como melhor ator de teatro.

No auge do sucesso na TV, Montagner se despede da vida e da arte precocemente, mas reconhecido por seu talento e  simpatia. 

Em pleno exercício da profissão, parte deixando risos, saudade, e fazendo o que tanto amava: atuar.

RIP, Domingos Montagner!



13 de set. de 2016

ADEUS, QUERIDO!


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Depois de vários adiamentos, Eduardo Cunha foi finalmente cassado
Foto: Lula Marques/Agência PT

o deputado federal Eduardo Cunha viu seu projeto de poder afundar na noite da segunda-feira (12). Depois de vários meses de atraso, o Congresso Nacional cassou o mandato do parlamentar fluminense.

Demorou.

Sem dó nem piedade, os correligionários, aliados políticos e desafetos de Cunha condenaram o herói brasileiro às avessas ao ostracismo político e fizeram o feitiço virar contra o feiticeiro.

Cunha, que já estava praticamente fora do jogo, agora é definitivamente carta fora do baralho.

Nem mesmo Michel Temer, principal beneficiado pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, instaurado por Cunha, agiu para salvar o ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Temer, que anda mais exposto do que corpo de modelo em propaganda de cerveja, está esperto e na expectativa de uma possível contrapartida cunhalesca. 

Resta saber de Michel Temer vai ter a mesma coragem de Dilma: resistir às chantagens e ameaças de Cunha.

De espirito vingativo, Eduardo Cunha dificilmente deixará a traição cair no esquecimento.

Contudo, sem o mandato parlamentar, enfraquecido e sem herdeiros políticos, Cunha corre o risco de ver as verdades secretas que sabe sobre a maioria dos parlamentares do Congresso serem transformadas em denúncias vazias.

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Possível delação de Cunha pode se transformar em denúncia vazia.
Foto: Reprodução

Se revelar tudo o que sabe, Cunha terá seu caráter maléfico e sua instabilidade emocional confirmados. Assistirá pela TV sua honestidade e idoneidade serem duramente massacradas por seus então parceiros políticos.

Se sabia de tudo, porque não revelou antes? Será a pergunta mais óbvia e a desculpa mais esfarrapada usada pelos possíveis acusados para se defenderem.

Cunha tem o perfil de quem não costuma se arrepender, mas, se arrependimento matasse, o homem bomba do Congresso Nacional a essas horas estaria morto, explodindo-se a ele e seus pares.

A dúvida agora é se os homens de capa preta também vão dar a Eduardo Cunha a merecida punição ou se vão transformá-lo em um segundo Paulo Maluf, deixando-o eternamente à espera do juízo final.

Quem viver esperará.

30 de ago. de 2016

FIRME E DE PÉ

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Dilma Rousseff discursa no Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O discurso de ontem de Dilma Rousseff confirmou o que todos, e ela, já sabiam: a cassação de seu mandato há muito tempo já era favas contadas.

Não que as palavras da presidente estivessem carregadas de conformismo ou amparadas em uma fé vacilante, mas, considerado a qualidade e o histórico daqueles que vão julgá-la, Dilma sabe que somente um milagre político pode salvá-la do impeachment. 

Como santo de casa não faz milagre, e de santo o Senado não tem nem a auréola, essa máxima não seria diferente.

Chamou atenção o discurso de Dilma: Integro, sereno, firme e decidido. Digno de quem sabe que vai cair, mas prefere cair de pé e dos que têm certeza que vão ser mortalmente atingido, mas mesmo assim morrem lutando.

Lula acertou ao afirmar que Dilma não discurso para os senadores, mas para o Brasil.

Mais do que fazer apologias sobre si, a presidente conseguiu o que lhe negado ou podado pela mídia hegemônica: falar para os mais de 51,64% que lhe elegeram democraticamente e para outros 48,36% que lhe negaram o voto. Dilma falou para todos.

Dilma Rousseff também fez questão de deixar claro o que o Congresso inteiro tem certeza, mas que muitos brasileiros e brasileiras ainda tinham dúvida: o impedimento dela é um ato político e não julgamento jurídico.

A presidente acertou o ir ao Senado. Teve a oportunidade, e soube aproveitá-la, de falar e olhar cara a cara cada um dos seus algozes, a maioria deles indignos de estarem ali por seu passado, seu presente e seu futuro inglório manchado de lama e seus bolsos recheados de dinheiro sujo.

Não pior das hipóteses, Dilma sairá definitivamente da presidência da República de forma equivocada, mas entrará para a história fazendo jus à sua coerência e personalidade política.


24 de ago. de 2016

OU VAI OU VAI

O Grito, de Edvard - Munch
Foto: Reprodução
Aos poucos a cara de um provável governo permanente de Michel Temer vai ficando mais nítida e seus contornos mais delineados. Seja como for, a administração Temer não terá a cara da maioria dos brasileiros.

As ações temerescas que estão em curso não deixam mentir.

O empenho e a preocupação do interino da república em trabalhar para aumentar o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e a intenção de fixar a idade mínima para a aposentadoria em 70 anos são duas excrescências indecentes e inaceitáveis que apontam que os dias serão difíceis, principalmente para as classes sociais mais numerosas e menos favorecidas.

Como se não bastasse um interino inábil e orientado pela vontade de seus parças, temos também um STF acuado e corporativista.

Uma corte de magistrados que só querem vir a nós, vosso reino nada.

Tentar agradar os ministros do STF por medo de investigações mais categóricas e punições efetivas é descer baixo demais sem querer que apareça o fundilho.

Não surpreendem nem causam espanto, vindo de quem vem. Só atiçam e provocam a revolta.

Se for essa a intenção, ponto negativo para eles; possibilidade efetiva para a maioria dos brasileiros fazer a verdadeira diferença.

As medidas que estão prontas e costuradas, além das que devem estar sendo preparadas, têm tudo para fazer o cidadão sentir, em pouquíssimo tempo, saudade dos que governavam antes da democracia ser assaltada e transformar o mandado efetivo do interino numa chance real de mudanças. Para o bem ou para o mal.

O governo Temer dá sinais que pode sim torna-se um tiro que saiu pela culatra ou ser vitimado pela força das vozes que forem para as ruas.


16 de ago. de 2016

CAMALEOA PERFORMÁTICA

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Elke Maravilha era a alegria em pessoa.
Foto: Reprodução


Elke Maravilha se foi.

Dona de um sorriso gostoso que ia além da boca, a Camaleoa era a simpatia em pessoa. Diva de múltiplos talentos, de vários disfarces, mas sempre com a mesma cara: a da alegria.

Polemica às vezes, irreverente sempre. Assumidamente irreverente.

Revolucionaria independente, defendia seus afilhados, gays e prostitutas, com garras de leoa. Sabia ser felina quando queria ou quando a situação lhe exigia.

Elke fazia questão de balançar o coreto.

Brasileira que nasceu na Rússia, Elke Maravilha sabia como poucos alegrar a muitos, mas, quando queria, também conseguia desagradar os preconceituosos sem dó nem piedade. Os caretas e os ditadores tupiniquins que o digam.

Elke Maravilha não teve filhos, mas foi a mãezona dos que souberam aproveitar sua alegria escancarada despida de preconceitos.

Paraninfa do humor, Elke só conseguiu com a morte o que jamais conseguiria em vida: fazer seus fãs chorarem.

Que o som de suas gargalhadas nos afogue em alegria!

RIP, Elke Maravilha

5 de ago. de 2016

POETA DE ALMA NUA

Vander Lee, Esperando Aviões, MPB, Iluminado, Onde Deus possa me ouvir.
Vander Lee, poeta e compositor mineiro
Foto: Facebook

O cantor, compositor e poeta Vander Lee morreu, aos 50 anos, na manhã desta sexta-feira (05), em Belo Horizonte, em consequência de problemas cardíacos, diagnosticados após ele passar mal quando fazia hidroginástica.

Vander Lee chegou a ser operado, mas não resistiu a 12 paradas cardíacas, segundo relato de amigos.

Mineiro de Belo Horizonte, Lee tinha seus trabalhos pouco divulgados pela mídia, mas percorreu o Brasil afora arrastando grande número de seguidores.  

Suas composições foram gravadas por grandes intérpretes como Gal Costa, Elza Soares, Rita Ribeiro e Maria Bethânia.

A voz suave e as letras repletas de poesia faziam com que as músicas de Vander Lee chegassem fundo e tocassem a alma de seus fãs.

Palavras que quando soltas pareciam sem expressão, tornavam-se singelas e repletas da sensibilidade singular de Lee e, quando juntadas por ele, conseguiam fazer com que dor, tristeza, solidão, alegria, encantamento, ocupassem o mesmo espaço e convivessem em harmonia.

Com seu último trabalho que chegou a ser gravado, mas não foi lançado, Lee comemorava 20 anos de uma carreira construída com lutas, trabalho, dedicação e muita persistência.

Vander Lee teve passagem curta pelo palco da vida. Seu coração parou de bater, mas suas belas letras e canções certamente continuarão pulsando nos corações de quem pode lhe ouvir.

RIP, Vander Lee!







4 de ago. de 2016

É O QUE É

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Michel Temer e Aécio Neves
Foto: Divulgação

O PSDB voltou a dar o ar da graça para não cair em desgraça.

Em clausura e em silêncio quase monástico depois de ter seu principal líder, o senador Aécio Neves, envolvido em denúncias que fizeram cair por terra sua fachada de partido 100% idôneo e acima de qualquer suspeita, os tucanos ocupam outra vez o noticiário.

Pegos novamente na mentira tiveram confirmadas as suspeitas que insistiam em negar: foram beneficiados sim com cerca de R$ 10 milhões em esquema de propina recebidos através de Sérgio Guerra, então presidente do partido e morto em 2014, para abafar a CPI da Petrobras.

Decerto defuntos não falam, mas os mortos dos PSDB deixam rastros, pelo menos de acordo com as investigações da Lava Jato em sua 33ª fase denominada de Resta Um que confirmou que os tucanos também receberam dinheiro sujo vindo dos cofres da Petrobrás.

Mas o partido da ave de bico alaranjado dessa vez não voltou à cena política para desmentir as acusações feitas por “pessoas interessadas em manchar a imagem do PSDB”, e sim para cortar as asas do interino da República que, ao que parece, está querendo alçar voos altos demais.

Integrantes da cúpula do PSDB estão preocupados com as recentes movimentações temerescas materializadas em “pauta eleitoreira”, segundo informações de hoje na Folha de S. Paulo.

Só os tucanos não sabem que Temer e o PMDB têm o céu como limite.




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Michel Temer e José Serra
Foto: Beto Barata/PR Fotos Públicas (1/08/2016)


Aécio e companhia ilimitada resolveram monitorar e controlar de perto os próximos passos de Temer, ao qual, segundo a FSP, o PSDB “deu a presidência” e agora “ele precisa dar um governo ao Brasil”.

É o eterno toma lá, dá cá se não eu tomo de volta.

Na República das negativas é claro que todos vão continuar mentindo e negando tudo. 

Santa ingenuidade, Batman: Temer faz de conta que não é ambicioso e os tucanos fingem que acreditam.

O PSDB se comporta de forma dupla porque Temer é seu outro eu ou Temer age de maneira não confiável porque o PSDB procede de forma dupla?

Síndrome de Pollyanna ou Alice no País das Maravilhas? 

Dúvidas cruéis!

Temer e o PSDB são o alter ego um do outro.

Nesse dilema digno de Freud outra pergunta não quer calar: Será que o Um que Resta na 33ª etapa da Lava Jato é Aécio Neves? 

Duvido.

Resta esperar para ver.


3 de ago. de 2016

OUT, TRUMP!

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Donald Trump, candidato à presidência dos Estados Unidos.
Foto: Reprodução
É cada vez maior o número de pessoas em todo o mundo que se declaram indignadas com Donald Trump, candidato a presidente pelo Partido Republicano nas eleições norte-americanas.

De fato as atitudes, gestos, palavras, comportamentos de Donald Trump não são exemplares, porém nada é feito por ele sem intenção. Pelo contrário: tudo em Trump é meticulosamente deliberado.

Ele é plenamente consciente de suas palavras, gestos e atitudes. É aí que mora o perigo: a coragem e sinceridade de Donald Trump são preocupantes.

Trump sabe a repercussão e o efeito que os seus atos causam, principalmente nos norte-americanos. Não dá passo sem saber a firmeza do terreno. Usa com astúcia sua experiência de investidor financeiro para capitalizar dividendos eleitorais.

Sabe antecipadamente o resultado das cantadas que dá. É daqueles que seria capaz de vender tranquilamente a mãe e convenceria facilmente alguém a comprar.

Em Donald Trump todas as coisas más da América estão representadas. Encontram terreno fértil para prosperar.

Marqueteiro de si mesmo, Trump consegue facilmente pôr Paulo Maluf e Eduardo Cunha no bolso.

Trump conhece bem os norte-americanos e seus diversos humores. Sabe tirar proveito das situações e receber o aplauso certo da plateia perfeita para suas investidas midiáticas cheias de opiniões sinceras que muitos preferem esconder ou negar.

Racista, xenófobo, bairrista, sexista, Donald Trump é o que é.

Mais do que dizer o que muitos americanos gostam de ouvir, Trump fala o que os americanos gostariam de dizer, mas não o fazem por hipocrisia disfarçada de comportamento politicamente correto.

Donald Trump é a cara, a voz é a expressão sincera do verdadeiro American Way of life.

Professor disfarçado de aprendiz, Trump já pode ter muitos alunos anônimos espalhados por aí sem ninguém saber.

No estágio caótico em que a humanidade se encontra e no cenário de regressão política pelo qual a democracia passa, o maior risco que o mundo corre não é só o de Trump vir a ser eleito, mas dele também fazer escola.

Aí o bicho vai pegar. Que ele seja pego antes.

Fora, Trump!


15 de jul. de 2016

ARTÍFICE DO TEATRO

Sábato Magaldi, Teatro, Teatro Brasileiro, Academia Brasileira de Letras
Sábato Magaldi: exemplo de amor e dedicação ao Teatro
Foto: Reprodução

O Teatro é uma arte em que no palco, local sagrado onde resultados se evidenciam, os atores reinam absolutos. Entretanto, essencialmente coletivo, o teatro muitas vezes não expõe fisicamente no tablado, apesar de seu alto poder de visibilidade, todos os seres imprescindíveis para sua existência.

Não por ingratidão ou por narcisismo exagerado, mas pelo simples fato de que, em um ato de humildade profunda, alguns seres aparentemente anônimos, por possuírem um amor incondicional pelo que fazem, preferem brilhar nos bastidores.

O mineiro Sábato Magaldi, morto em São Paulo ontem (14) aos 89 anos, era um desses singelos amantes incondicionais do teatro que optaram por brilhar sem pisar fisicamente no palco para que o teatro resplandecesse intensamente.

Peça indispensável na imensa engrenagem que é o fazer teatral, Sábato Magaldi, mas do que Professor, estudioso, investigador apaixonado, crítico e ensaísta, era sobretudo um homem de teatro.

Professor Sábato e o teatro estavam inevitável e intrinsecamente ligados um ao outro. Eram irmãos siameses, incapazes de se desvencilhar. 

O relacionamento deles era repleto de amor e paixão recíprocos.

Foi em 1950 que o teatro grudou no Professor Sábato e não o largou nunca mais. Recém formado em Direito no Rio de Janeiro, Magaldi começou a publicar suas primeiras críticas no Diário Carioca. Daí para frente foram mais de seis décadas de fidelidade absoluta.

Suas armas eram as palavras, seu escudo o pensamento.

Investigou, escreveu e ensinou sobre Teatro com a paixão e o fulgor de um eterno aprendiz.

Pertenceu a uma geração de críticos e estudiosos do teatro difícil de ser superada, da qual também fazem parte Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld e Yan Michalski.

Especialista nas obras de Nelson Rodrigues, Sábato Magaldi foi essencial para o entendimento do universo rodrigueano. 

Contribuiu sobremaneira para montagens modernas e vigorosas das peças do autor de Vestido de Noiva e incentivou o surgimento de novos dramaturgos.

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1995, Sábato Magaldi alcançou definitivamente ontem seu lugar no panteão das artes.

Deixa-nos preenchidos por sua obra e comovidos por seu exemplo de amor e dedicação ao Teatro.

Gratidão, Mestre!

Meus sentimentos Edla van Steen.

RIP, Sábato Magaldi!

14 de jul. de 2016

CINEASTA DAS INQUIETAÇÕES

Hector Babenco, Cinema Brasileiro, Cinema, Sétima Arte, Filmes
Hector Babenco foi considerado um dos maiores diretores de cinema
Foto: Reprodução

O cineasta Hector Babenco teve seu primeiro contato com a sétima arte aos sete anos de idade. Nascia ali um misto de paixão e alumbramento recheado de desejos por contar histórias. Esses desejos o acompanharam até ontem, (13/06), quando sua trajetória de sucesso e “tesão pelo cinema” – como costumava afirmar, foi interrompida aos 70 anos por um ataque cardíaco.

De ascendência judaico-ucraniana, Babenco nasceu na turística Mar del Plata, mas não gostava que lhe chamassem de naturalizado brasileiro. “Sou um brasileiro que nasceu na Argentina”, costumava reiterar, apesar de continuar exercitando o sotaque portenho.

Um dos primeiros cineastas brasileiros que alcançou respeito internacional pós Cinema Novo, ao longo de 43 anos de carreira e mais de dez filmes, Babenco vivenciou seu amor pelo cinema também como roteirista e produtor.

Em seus filmes, personagens marginalizados foram destaque e muitas vezes eram maiores do que as situações em que se encontravam. Viviam sempre no limite e pareciam estar constantemente à beira do abismo em luta consigo mesmo e com seu duplo.

Urgência e ruptura marcaram sua filmografia permeada por cenas fortes, mas também repletas de beleza estética como em Pixote, eleito como um dos 100 melhores filmes de todos os tempos.

Inquietação e inconformismo fizeram Babenco exercer com propriedade a máxima repetida por Paulo Autran de que “cinema é arte do diretor”.

Diretor que soube expressar o bom e o ruim presentes na humanidade, Hector Babenco foi um ótimo contador de histórias, como devem ser os cineastas.

Histórias que conseguiram atravessar o tempo e através de sua filmografia continuarão revelando o humano que ele sempre fez questão de desnudar.

R.I.P., Hector Babenco!