31 de out. de 2016

AI DE NÓS!

Foto: Reprodução
O conservadorismo foi o principal vencedor das eleições municipais de 2016.

Desiludidos com os políticos profissionais e tomados de repulsa pelas ações corruptas praticadas de forma generalizadas por irresponsáveis travestidos de estadistas, os brasileiros resolveram apostar nos “novos representantes da política”.

Figuras que, espertamente, se colocaram à margem de qualquer indício que os classificassem como continuístas do sistema apodrecido e viciado que se tornou nossa política atual, os novos gestores municipais se apresentaram tão autênticos quanto moeda de vinte centavos.

O brasileiro fez uma aposta delicada: trocou o partidarismo pela demagogia. A aposta é ousada, mas o risco também é alto e perigoso. Quando menos esperarem, os eleitores brasileiros vão ver que foram sorrateiramente enganados. Outra vez.

Quando pregam o discurso de que não são políticos, os “gestores” recém eleitos não só dissimulam como também praticam o pior da política: a politicagem.

Por mais que neguem, muitos deles foram eleitos exatamente porque as legendas que representam não fazem outra coisa senão política, politicagem e demagogia. Como dizer que não são políticos, então?

Não há nada mais político do que não assumir que é político, já disseram.

Foto: Pixabay

Ao convencerem os brasileiros decepcionados com a atual forma de se fazer política, os políticos “não políticos” cometeram três desvios: 

  1. Mentiram; 
  2. Assumiram que as prefeituras, tanto quanto suas empresas, são um grande negócio;
  3. Confirmaram que são marionetes manipuladas por seus sombras, políticos profissionais e instituições que se preocupam apenas com seus projetos pessoais de poder.
Se os futuros prefeitos gestores de fato não são políticos, alguém é ou será por eles. Logo, a tal aposta nos “não políticos” não passará de uma farsa bem tramada e maniqueísta.

O grau de profissionalismo de nossos políticos de carteirinha assumiu um grau de sofisticação e de ilusionismo tão maleficamente precioso que é capaz de fazer inveja e pôr no bolso o maior de todos os mágicos.

Os novos prefeitos eleitos são, nada mais nada menos, do que expressões potencializadas do populismo: dizem para o povo o que o povo quer ouvir. Antes dissessem o que realmente pensam e fossem realmente apolíticos. Seria mais honesto.

Nesse roteiro surrealista com ares de tragicomédia, cabe aqui uma frase bastante pertinente e ilustrativa dita pelo dramaturgo, poeta e ensaísta austríaco Karl Kraus: “O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”.

Maléfica, sarcasticamente e ardilosamente enganados, os brasileiros correm o risco, novamente, de irem dormir no paraíso e acordarem na desolação. 

Ai de nós, pobres mortais!
Local: SÃO PAULO São Paulo, SP, Brasil

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