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Impeachment, reformas trabalhista e previdenciária, santidade disfarçada:
castelos de areia que aos poucos vão sendo desfeitos
Foto: Pixabay Public Domain |
As pesquisas divulgadas recentemente pelos institutos Ipsos e DataFolha sobre as preferências da população em relação as possíveis candidaturas à Presidência da República em 2018 voltaram a confirmar o crescimento de Lula na disputa eleitoral do ano que vem.
Entretanto, ao contrário do que destacou a mídia em geral, o que mais chama a atenção nas estatísticas não é a capacidade de resistência de Lula e seu favoritismo como candidato permanente do PT, mas a falta de articulação e a queda constante nas pesquisas daqueles que poderão ser os prováveis adversários do ex-presidente na disputa.
Enquanto Lula fortalece sua ascendência, os vários candidatos que podem polarizar a briga pela Presidência do Brasil continuam sua trajetória de rejeição crescente.
Poucos deles isoladamente chegam a obter mais de 10% da preferência da população, ficando atrás de até mesmo de Jair Bolsonaro, personagem político que não ocupa cargo de destaque nem sequer é conhecido em muitos rincões do país.
Os inimigos e concorrentes de Lula da Silva teimam em habitar uma Babel política. Falam línguas diferentes, não conseguem se entender nem se consolidar.
Contrariando o que se supunha ou o que era esperado, nem o impeachment de Dilma Rousseff nem a famigerada Lista de Fachin surtiram o efeito desejado em relação ao ex-presidente. Pelo contrário, o feitiço tem virado contra o feiticeiro.
Os opositores do petista, aparentemente, estão sendo obrigados a se convencer que remédio que cura também pode matar.
Temer e seus aliados estão tendo que suar a camisa para se soltarem das armadilhas que criaram.
É aí que Lula tem levado vantagem e está tirando proveito, apesar do ex-presidente também não ser uma unanimidade.
Contundo, Lula da Silva é o preferido da maioria dos eleitores não pelos olhos azuis, que não possui, mas, ao contrário de Temer, pelo fato de ter conseguido implementar ações que comprovadamente beneficiaram a maioria da população, mesmo tendo seu presente político manchado de denúncias e deslizes.
Por outro lado, Lula também continua crescendo na preferência dos eleitores porque está sendo beneficiado tanto pelas circunstâncias do momento quanto pela falta de articulação de seus adversários.
Em relação às circunstâncias, pela Lista de Fachin. Ela ajudou Lula na medida em que desmentiu a história que foram os petistas quem inventaram corrupção no Brasil, juntamente com o ex-presidente.
A Lista de Fachin comprovou que todos os citados pelos delatores da Odebrecht estão no mesmo nível.
Colocou partidos de bases ideológicas diferentes - mas com interesses materiais idênticos - no mesmo patamar, igualando-os em sujeira, tal e qual recém-nascido de suíno quanto pisa pela primeira vez em chiqueiro.
Os denunciados por Fachin confirmaram, por si sós e por suas ações espúrias que, se não é uma senhora idosa e não poupa ninguém, a corrupção está agindo há pelo menos 30 anos no país.
Na verdade, Dona Corrupção está mais para uma pessoa altiva, ativa, ávida, esperta, de olhos e ouvidos abertos, mas que continua sendo seduzida pelos políticos e fazendo história no Brasil.
Em segundo lugar, Lula está sendo favorecido, além da falta de sintonia de seus adversários, também por uma série de estratégias erradas dos seus opositores e pela insistência cega deles, e de Michel Temer, em nadarem contra a corrente.
Enquanto o governo Temer e seus aliados continuarem a dar braçadas na direção contrária aos interesses do povo, em algum momento irão se cansar.
Inevitavelmente permanecerão favorecendo Lula e continuarão reforçando a imagem do petista como bom presidente e mantendo viva na memória do povo as ações favoráveis que ele realizou quando esteve no poder.
Se permanecerem nadando contra a vontade popular, os adversários de Lula fatalmente morrerão na praia, sendo o ex-presidente candidato ou não.
Mais de 70% dos brasileiros são contra as reforma, revelaram as pesquisas Ipsos e DataFolha. Isso é um recado claro.
A população está dizendo que querer aprovar a todo custo e a toque de caixa reformas impopulares e desagregadoras é, no mínimo, falta de inteligência e atestado de inabilidade política.
Apesar da forte desaprovação, a maioria dos brasileiros rejeita as reformas não porque elas são desnecessárias – precisam realmente serem feitas, até certo ponto - mas porque segregam, diminuem, aumentam a desigualdade, retiram direitos coletivos e conquistas sociais.
Do jeito que estão sendo propostas, as reformas prejudicam a maioria, independente das pessoas estarem à direita ou à esquerda.
Por outro lado, os cidadãos que apoiaram o impeachment estão se sentindo traídos pelos políticos que se disseram contrários à corrupção e, vendendo-se como santos, provaram que no fundo não passam de impuros, tanto quanto aqueles que acusaram. Sequer eles cumpriram a mínima promessa de melhorar o país em poucos meses.
Em relação à situação política do Brasil, enquanto um cego continuar guiando outro cego, ambos cairão na cova de seu castelo de areia e seguirão sendo rejeitados nas estatísticas eleitorais, embora as pesquisas, em geral, representem apenas uma fotografia - muitas vezes em branco e preto - de um momento específico, ou indiquem uma tendência - que pode ou não se confirmar.
Contudo, quanto mais ruim para os opositores do ex-presidente e pior para a população, melhor para Lula que, tal e qual Madeira que cupim não rói, até agora, enverga e não quebra, balança, mas não cai.