6 de nov. de 2018
28 de out. de 2018
MARCHA À RÉ
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É preciso estar atento e forte.
Foto: Arquivo Nacional
|
A democracia, combalida e agonizante
desde o impeachment fabricado em 2016, recebeu hoje seu tiro de misericórdia:
Jair Bolsonaro, deputado federal extremista e militar autoritário reformado,
foi eleito o 42º presidente do Brasil.
Após uma eleição
marcada pela mentira, pelo ódio assumidamente declarado e pelo fanatismo
religioso, a maioria dos eleitores brasileiros decidiu eleger um projeto
autoritário que beira às vias do absurdo, apesar da afronta escancarada às instituições consolidadas do país e da promessa de extermínio de opositores apoiada pelos algozes da democracia.
Absurdo que despertou
extintos selvagens, resultou em assassinatos e estendeu o medo aos limites dos
terrorismo psicológico, tal e qual aquela época sombria de nossa história, a ditadura militar.
Mesmo muitos dizendo que os tempos são
outros e o presidente eleito posando de conciliador é preciso estar atento e forte, não se deixar enganar: os personagens, os atores, as
circunstâncias dadas e os métodos de atuação continuam idênticos aos dos anos de chumbo.
Apesar do
resultado catastrófico, um alento: a eleição foi decidida pelo voto. Espera-se
que as próximas não sejam decididas pela guerra civil nem com a morte de
inocentes, como já pregou o agora presidente eleito.
Ao contrário do que alguns afirmam, a maioria dos eleitores não reprovou a corrupção que dizem ter sido inventada e propagada pelo PT. Na verdade eles elegeram o projeto mentiroso, odioso, autoritário, odiento e excludente de Jair Bolsonaro. Uma hora vão cair na real.
Ao contrário do que alguns afirmam, a maioria dos eleitores não reprovou a corrupção que dizem ter sido inventada e propagada pelo PT. Na verdade eles elegeram o projeto mentiroso, odioso, autoritário, odiento e excludente de Jair Bolsonaro. Uma hora vão cair na real.
Acima de tudo, de
todos e da decepção evidente uma coisa permanecerá certa: não existe liberdade
relativizada nem democracia autoritária.
Ou a liberdade e a democracia são absolutas ou não há uma nem a outra.
Ou a liberdade e a democracia são absolutas ou não há uma nem a outra.
Apesar da eleição do Elenão e das
cinzas da derrota, a chama da esperança continua acesa, os sonhos dos valentes
mais intenso, sempre vivos para, a qualquer momento, ressuscitarem a democracia.
7 de out. de 2018
ENCRUZILHADA POLÍTICA
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Tão surpreendente quanto decepcionante, os resultados das Eleições 2018 colocaram o Brasil em uma encruzilhada política. Foto: Pixabay.com |
Os resultados da eleição para
presidente da República colocaram o Brasil em uma nova encruzilhada política: a velha
polarização partidária entre PT e PSDB ruiu e deu lugar à radicalização ideológica
sem direito a terceira via.
Dia 28 de outubro
o brasileiro não tem saída: vai ter de decidir se vota a favor da democracia ou se elege o
autoritarismo.
A disputa entre Fernando
Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno abre espaço para forças inconciliáveis
que vão do extremismo político ao fundamentalismo religioso.
Na quebra de
braço entre a extrema direita e a esquerda inflamada, Fernando Haddad leva vantagem
sobre Jair Bolsonaro por conta de sua experiência administrativa e seu discurso
conciliador, mas pode ser prejudicado pela truculência contaminadora de Bolsonaro personificada na mitificação apaixonada e raivosa de seus ardorosos eleitores.
Por sua vez, não
ter ido para o segundo turno deixou Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva visivelmente
decepcionados e literalmente abatidos.
A decepção de
Ciro, em particular, decorre do fato dele realmente quase ter chegado lá. Candidato por três vezes a presidente da
República, Ciro Gomes foi a terceira via que não se concretizou.
Ciro só não chegou lá porque no meio do caminho tinha Lula, tinha Lula no meio
do caminho.
O desprezo e a
admiração dos eleitores por Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula
da Silva impediram Ciro, Alckmin ou Marina de chegar no segundo turno.
Pelo lado de
Bolsonaro devido ao antipetismo fanático de seus seguidores.
Da parte de
Haddad por causa do eterno reconhecimento dos eleitores petistas pelas
conquistas alcançadas nos dois mandatos de Lula da Silva.
A gratidão dos eleitores menos favorecidos ao
ex-presidente foi a pedra de tropeço de Ciro Gomes da mesma forma que a
lealdade dos bolsonaristas e o incentivo ao antilulismo motivaram a desgraça de
Alckmin e Marina, propagadores do antipetismo.
A partir de hoje
começa uma nova eleição. A expectativa já aguça a imaginação dos brasileiros e
os eleitores já estão curiosos em descobrir para que lado a balança dos
partidos vai pender.
Espera-se que a enxurrada de fake news através das redes sociais e aplicativos de mensagens dê lugar à verdade e à informação com isenção e credibilidade.
Que a razão, o
bom senso e a sobriedade façam a diferença no segundo turno para o bem de todos
e a favor da democracia.
Contudo, nessa
briga de cachorro grande uma coisa é certa: não existe democracia autoritária
nem autoritarismo democrático.
4 de out. de 2018
DEMOCRACIA SIM, #ELENÃO
A desinformação, o apego dos candidatos ao ego e a confiança de alguns eleitores em quem só mostra a verdade que interessa e favorece os que se acham poderosos alimentam o risco de levarmos o Brasil a um retrocesso histórico, exatamente 30 anos depois
de vermos aprovado aquele que é reconhecido mundialmente como um dos
melhores, mais justos e mais democráticos conjunto de leis de todos os tempos: a Constituição Cidadã de 1988.
Às vésperas da eleição mais importante desde a redemocratização
do país é grande o numero de eleitores brasileiros que, dominados pelo desejo de vingança
ou atrelados à vontade indomável dos que querem fazer “justiça”, não conseguem enxergar
suas próprias contradições.
Vociferam que vão votar no candidato Jair Bolsonaro porque consideram que ele é sinônimo
de ética, mensageiro e defensor de valores cristãos, aquele que vai acabar com a degradação moral e pôr fim à corrupção, tal e qual Fernando Collor de Mello que prometeu que iria derrotar a inflação em um só golpe de judô quando foi eleito em 1990 para renunciar dois anos depois.
Entretanto, esses eleitores não conseguem – ou não querem enxergar – que esse mesmo candidato é o avesso do que eles querem, pensam e acreditam.
Um político que por várias vezes fez – e ainda faz – declarações públicas maldosas ou toma atitudes extremas contrárias a todos os valores que qualquer ser humano se sente honrado ter e praticar, e que Bolsonaro tem prazer sádico em demonstrar que na verdade parece não possuir.
Entretanto, esses eleitores não conseguem – ou não querem enxergar – que esse mesmo candidato é o avesso do que eles querem, pensam e acreditam.
Um político que por várias vezes fez – e ainda faz – declarações públicas maldosas ou toma atitudes extremas contrárias a todos os valores que qualquer ser humano se sente honrado ter e praticar, e que Bolsonaro tem prazer sádico em demonstrar que na verdade parece não possuir.
Por outro lado, o comportamento inadequado, feroz, errático, de conseqüências
maléficas, que induz ao erro e às interpretações equivocadas tem cegado a
maioria dos postulantes à presidência da República, ecoando também na mente e
no coração dos eleitores, conforme mostram as pesquisas eleitorais.
Apegado a um desejo muito mais pessoal do que à vontade sincera de
querer mudar a realidade do país tem muito candidato se deixando levar e
dominar pela inconsciência irracional do ego.
No fundo o que estão fazendo é também contribuir para que o Brasil
retroceda 54 anos em 4.
Alguns desses candidatos e eleitores, inclusive, viveram, foram testemunhas ou vítimas diretas ou indiretas das
atrocidades de uma época que resultou em um dos maiores erros brutais de nossa história: o golpe de 1964, a ditadura militar.
Contudo, queiramos ou não, os projetos políticos dos 13 candidatos nas Eleições 2018 estão postos. Eles são claros e diferentes, tanto
quanto são quem os propõe e os defende.
De um lado tem-se um projeto que reintegra a dignidade aos brasileiros. Do
outro, propostas que acentuam o ódio, o desrespeito, a desigualdade, o
preconceito, a discriminação, a criminalização dos mais pobres, o retrocesso
político, jurídico e institucional, a revogação dos direitos sociais conquistados
com muito suor, sangue e lágrimas.
A partir da constatação dolorosa dessa nossa triste realidade, uma pergunta não quer calar: de que lado você vai estar? De quem quer resgatar a democracia e devolver o
poder para o povo brasileiro ou de quem sataniza tudo e a todos, ressuscitando
o desrespeito e fazendo valer o fascismo e a imposição?
Seja qual for sua resposta, acredite: você não vota apenas para escolher que vai lhe representar, vota também em quem você se espelha e se identifica.
Democracia sim, #Elenão. Simples assim.
Democracia sim, #Elenão. Simples assim.
30 de set. de 2018
DIVA NACIONAL
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Voz rouca e marcante, Angela Maria foi referência e inspiração para várias cantoras. Foto: Arquivo/Estadão Contéudo |
A voz rouca e marcante de Angela
Maria, ícone e inspiração para várias gerações de cantoras, silenciou ontem à
noite, aos 89 anos, depois de 34 dias de internação em um hospital da capital
paulista.
Presença marcante
nos palcos brasileiros por mais de sete décadas seguidas, a Sapoti, apelido dado por
Getúlio Vargas por conta da voz doce e do tom de sua pele, eternizou-se como uma das grandes Rainhas do Rádio.
Vinda de família
protestante – o pai era pastor de uma igreja Batista – a fluminense de Macaé, Abelim Maria da Cunha,
seu nome de batismo, foi tecelã e inspetora de lâmpadas antes de despontar para
o sucesso em 1947, através do rádio.
Dos sambas-canção,
passando pelas músicas românticas e de dor cotovelo, Angela conseguiu manter-se
ativa e bem sucedida como cantora e intérprete. Dias antes de ser internada, continuava
lotando casas de shows em todo o país.
Junto com Cauby
Peixoto, amigo e parceiro de palcos, teve uma das carreiras mais admiradas, reconhecidas e
longevas de todos os tempos.
Diva Nacional, Angela
Maria sai de cena vitoriosa, pronta e iluminada para cantar na eternidade.
RIP, Angela Maria!
RIP, Angela Maria!
13 de set. de 2018
PASSE DE MÁGICA
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Candidatos insistem em fazer mágica, invés de Política.
Foto: Reprodução
|
Candidatos a cargos majoritários,
senadores e a deputados em todo o país seguem jurando mentiras em suas
campanhas e recorrendo ao vale tudo para se elegerem.
Promessas
inconciliáveis, fora de lugar e deslocadas da realidade ainda são apresentadas com a naturalidade de um vendedor de feira livre, mas no fundo não passam de exibicionismo
fanfarrão.
Mentiras sinceras
são ditas com tanta honestidade e comoção que são capazes de colocar arrependidos como Judas
Iscariotes no bolso, deixar Paulo Maluf de cabelos em pé e causar inveja aos
disseminadores de fake news.
Do mega
empresário acostumado a andar de blindado e que do nada resolve utilizar o trenzão ao
ex-governador truculento que sempre usou o cassetete, as balas de borracha e o
spray de pimenta como forma de negociação, mas que, em um passe de mágica, passa
a falar com jeitão zen, voz suave e tom conciliador, tem de tudo no festival de
rimas fáceis.
Enquanto uns pintam
a realidade com cores que ela não tem, outros exageram nos tons e nas tintas.
Prometer liberar
o porte de armas de forma indiscriminada ou diminuir drasticamente a carga
tributária quando essas ações dependem de leis aprovadas pelo Congresso
Nacional são mentiras descaradas, balelas manjadas, conversa para boi dormir.
Cabe aos eleitores surfarem novamente nessa onda ou provarem a esses candidatos filhotes de contos da carochinha - ou que prometem resolver
tudo no estalar de dedos - que estão em um patamar de consciência mais elevado.
Afinal, a melhor
maneira de se combater a esperteza ainda é utilizar a inteligência.
Se liga, Brasil!
Se liga, Brasil!
26 de ago. de 2018
O QUE SERÁ QUE SERÁ?
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Eleições 2018 ainda
geram mais dúvidas do que certezas.
Foto: Pixabay.com
|
Faltando pouco mais de um mês para
as eleições gerais de 2018, a baixa expectativa dos eleitores e uma visível apatia
na classe política provocam mais dúvidas do que certezas em relação ao que
poderá acontecer com o Brasil depois de fechadas as urnas no dia 07 de outubro.
Candidatos seguem
fazendo suas campanhas a passos de funeral e eleitores demonstram entusiasmo
semelhante ao dos torcedores da seleção brasileira de futebol depois da derrota
de 7X1 contra a Alemanha na Copa de 2014.
O fato é que ambos
os lados estão mais cautelosos, para não dizer absolutamente receosos, deixando
os batimentos do ritmo cardíaco eleitoral abaixo do habitualmente esperado.
Pesquisas
eleitorais, por sua vez, comprovam que, com a autodesmoralização de alguns
políticos e o descontentamento com a classe política em geral, ficou mais fácil
para o eleitor encontrar uma agulha no palheiro do que separar o joio do trigo.
Candidatos que
naturalmente seriam rejeitados devido às suas posturas equivocadas e
comportamentos desrespeitosos figuram com favoritismo, como Jair Bolsonaro.
Outros, antes considerados acima de qualquer suspeita, apresentam musculatura
eleitoral de esqueleto, como Geraldo Alckmin.
Entretanto, o que
ainda chama atenção é a robustez, a resistência e o fôlego Luiz Ignácio Lula da
Silva.
A capacidade do
ex-presidente de se manter vivo na memória dos eleitores, mesmo preso e quando
tudo indicaria que já estava liquidado, é impressionante.
Lula, juntamente
com a soberania do eleitor, poderá ser decisivo na eleição de 2018 e, mesmo não
saindo candidato, já é tido como historicamente vitorioso pessoal e
politicamente.
Excetuando-se a
resistência de Lula, o eleitor voltou a ser o personagem mais importante do
enredo político.
Após ter sua vontade democrática aviltada por um impeachment fabricado por certo número de descontentes incapazes de aceitar a derrota nas urnas pelo voto popular, o eleitor voltou a ser a joia da coroa nas Eleições 2018.
Após ter sua vontade democrática aviltada por um impeachment fabricado por certo número de descontentes incapazes de aceitar a derrota nas urnas pelo voto popular, o eleitor voltou a ser a joia da coroa nas Eleições 2018.
Para a graça ou
desventura de vencedores e derrotados, será outra vez o voto democrático e
soberano de mais de 145 milhões de brasileiros quem fará com que no pleito
desse ano tudo possa acontecer - inclusive nada do que se espera que aconteça -
e os resultados poderão ser tão surpreendentes quanto decepcionantes.
8 de abr. de 2018
IDEIA VIVA, LUZ PRÓPRIA
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Lula e o Povo: Tudo a ver.
Foto: Divulgação
|
A inviabilização da volta de Lula a
Presidência da República atingiu seu ponto máximo ontem com a prisão dele em São
Bernardo do Campo, seu berço sindical e político. Porém, o processo de desconstrução
da imagem do maior líder político popular do Brasil e da América Latina nas últimas
décadas deverá seguir seu curso, embora sem muito sucesso.
Impedir que Lula
voltasse a governar o Brasil nunca foi suficiente para seus algozes. Afinal,
apesar dele não ter mais o comando do país em suas mãos, não estava morto.
O fato é que,
mesmo fora da presidência, Lula ainda continuava sendo uma grave ameaça para as
elites que, com o impeachment de Dilma, sequestraram o Brasil.
Depois do
impeachment, Lula passou a ser a possibilidade e o “risco real” de devolver o
Brasil para os brasileiros.
Não bastava
apenas anulá-lo política, moral e judicialmente. Era preciso também isolá-lo, mantê-lo
fora do campo de visão do povo e do país, silenciá-lo, calar a sua voz.
Era preciso
impedir que Lula continuasse a "vociferar" seus brados Brasil afora e dar ouvidos
e voz a quem mais lhe deu atenção e reconhecimento nos últimos tempos: o brasileiro
sofrido, e agora iludido, enganado e assaltado pelas falsas promessas do
impeachment.
Na verdade, a
tentativa de transformar Lula em um fantasma político começou quando esse
nordestino, ex-metalúrgico e semi-analfabeto – como eles sempre fizeram questão
de dizer – ousou pela primeira vez ser presidente do Brasil.
Depois que Lula conseguiu
ser eleito, a vontade de detê-lo se intensificou diariamente de forma sistemática,
na maioria das vezes, é bem verdade, com o apoio e o aval de alguns veículos da
imprensa.
Esse desejo tornou-se
obsessão quando Lula deixou claro para o Brasil e para o mundo, através de suas
ações e projetos sociais, a que veio e para quem veio governar.
O poder de resistência
e de renascimento de Lula também sempre incomodou e impressionou.
Afinal, que cara
esse que, mesmo chicoteado pela chibata da imprensa comercial, corporativa e hegemônica,
açoitado pelas sucessivas negativas de um Judiciário seletivo e abandonado pela
classe política golpista, consegue dar a volta por cima e se manter líder nas
pesquisas? Esse cara é Lula.
Nos últimos dias,
ao verem a tentativa de silenciar Lula seguir seu curso programado, muitos
políticos ficaram surdos, cegos ou se fingiram de mudos. Por um lado pela conivência
com os algozes do ex-presidente. Por outro, por pura inveja.
Eles sabem que
jamais terão o carisma, a popularidade, o dom natural, a genuinidade política para
representar o Povo brasileiro como Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve e bem
representou. Fato, aliás, reconhecido e reafirmado nacional e internacionalmente
tanto por seus admiradores quanto por quem o desqualifica.
Quem esteve ontem
em São Bernardo do Campo, ou viu as poucas imagens divulgadas pela mídia, sabe
os reais motivos que levaram conjuntamente os três poderes constituídos do
Brasil a isolar o “animal” político Lula atrás das grades.
Lula deixou claro
em seu discurso horas antes de ser preso que tem o jeito, o cheiro, a alma, a
garra, a sobrevida e o espírito do Povo brasileiro. Ou pelo menos, daqueles que
se consideram Povo.
Deixar de ser um
ser humano para se transformar em uma ideia e assim torna-se igual ao seu Povo, não é
para muitos, mas para Políticos com P maiúsculo como Lula sempre foi.
Não quero aqui fazer de Lula um herói – até mesmo porque não acredito nem confio em heróis - ou negar
seus erros políticos, ações inadequadas, atitudes equivocadas e algumas escolhas
inconvenientes que ele fez. Reconheço-as e acredito que qualquer um é capaz de
enumerá-las.
Contundo, acredito
que Lula também as reconheceu. Sua luta para voltar a todo o custo ao comando
do país é um indicativo de seu arrependimento.
Seus inimigos
também reconhecem e sabem que, voltando ao poder, Lula, arrependido, faria
muito mais e melhor do que fez e para quem fez. Daí a necessidade urgente e
inevitável de encarcerá-lo.
Entretanto, reconheço
também, como os ouros 47% dos brasileiros contrários à sua prisão - segundo
pesquisa realizada pelo Datafolha – Lula como um grande líder político que
soube enxergar seu Povo e as necessidades deles, dando-lhe a dignidade que lhe
fora negada por centenas de anos.
Tenho, portanto, reconhecimento
e gratidão por Lula e por tudo que ele fez pelos menos favorecidos. Só lamento
que não tenha feito em seus dois mandatos a reforma agrária que o Brasil
precisa.
Acredito
sinceramente que não há provas em relação ao dito apartamento, que sequer está
no seu nome - e por isso não foi confiscado como foram seus outros bens - que
justificam sua condenação e prisão, mas respeito a opinião de quem se sentiu
convencido da condenação dele por esse motivo menor.
Não
basta apenas olhar a prisão de Lula sobre o aspecto emocional ou pela tentativa
de santificá-lo ou demonizá-lo. Temos que analisar o que aconteceu ontem,
sobretudo, sob a perspectiva e o olhar da História.
A prisão de Lula é
resultado de um processo histórico que se repete e vai se repetir todas as
vezes que alguém tentar desafiar e incomodar a elite que se acha poderosa e dona
do Brasil. É resultado sim da luta de classes.
Gostem
ou não, uma coisa é inegável, tanto para os que o amam como para os que o odeiam:
o legado de Lula já é histórico. Ninguém jamais vai conseguir apagar.
Lula permanece livre
na mente, na memória, na ideia, no coração e na alma de centenas de milhares de
brasileiros, preso ou em liberdade, absolvido ou condenado.
A estrela de Lula
vai continuar acesa, afinal de contas, só continua a brilhar quem tem luz própria.
Força e resistência,
Presidente Lula!
5 de abr. de 2018
SOU A FAVOR, MAS SOU CONTRA
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Ao derrubar o Habeas corpus de Lula, o SFT abriu as
portas da prisão para o ex-presidente.
Foto: Reprodução Pixabay Public Domain
|
O Supremo Tribunal
Federal (STF) autorizou ontem, por 6 votos a 5, que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva seja preso a qualquer momento.
Depois de 16
horas de discussão, os votos das juízas Rosa Weber e Cármen Lúcia expressaram
bem a cara do atual STF: contraditório, partidário, questionável e dividido.
Ao defender que
pessoas que estão sendo julgadas recorram a todas as instâncias judiciais ate
serem condenadas em definitivo - como determina a Constituição - mas votar pela derrubada do Habeas corpus de Lula, Rosa Weber usou a justificativa do sou a favor, sendo
contra.
Rosa Weber
preferiu expressar sua contrariedade em relação às decisões em segunda instância
com palavras retóricas quando o melhor – ou mais justo – deveria ser através da
ação correta e da atitude original.
Bastava que a
ministra votasse a favor do Habeas corpus que assim deixaria clara sua posição
- segundo ela própria consciente - a favor da Constituição e das decisões
finais em primeira instância.
Weber optou por
ser o mais do mesmo, quando poderia ter feito a diferença. Teria sido fiel a si
mesma.
Por outro lado, a
presidente do Supremo Cármen Lúcia optou, outra vez, por agir politicamente e, ao
votar apenas Habeas corpus de Lula, decidiu não matar dois coelhos em uma única
cajadada, decisão criticada dura e razoavelmente pelo decano Celso de Melo.
O STF optou
claramente por adiar decisões importantes em benefício da judicialização e a
favor da falsa crença de que, com a prisão de um ex-presidente, a impunidade e
a corrupção estão definitivamente sendo combatidas no Brasil.
O STF permite que o ex-presidente seja encarcerado, mas continua deixando livres muitos irresponsáveis pegos e gravados em seus atos deliberados e comprovados de corrupção.
Ao votar favoravelmente pela prisão de Lula, o STF, outra vez, deu um passo em falso para, mais adiante, dar dois pulos para trás.
Ao votar favoravelmente pela prisão de Lula, o STF, outra vez, deu um passo em falso para, mais adiante, dar dois pulos para trás.
10 de out. de 2017
EM QUEDA LIVRE
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Índices de aprovação de João Dória caem e aumenta a sensação de abandono da cidade de São Paulo Foto: Pixabay.com |
A resposta à
administração ausente de João Doria no comando de São Paulo não poderia ser diferente: veio de dentro de
sua própria casa. Os paulistanos parecem ter acordado e começaram a decretar o
fim de uma lua de mel mal curtida.
O
descontentamento com o governo doriano aumentou juntamente
com a sensação de abandono da cidade, segundo pesquisa DataFolha.
Se os índices de ruim e péssimo (39%) forem somados aos de regular (31%) a desaprovação do prefeito tucano chega a 70%.
Se os índices de ruim e péssimo (39%) forem somados aos de regular (31%) a desaprovação do prefeito tucano chega a 70%.
Atualmente, Doria, que segundo seus opositores, está mais para caixeiro viajante do que para prefeito da maior cidade da
América Latina, em sua atuação como prefeito tem vendido São Paulo a
toque de caixa.
O santo de casa
João Doria confirmou o dito popular: não está fazendo milagres. Nem mesmo os
que prometeu.
A cidade de São
Paulo não está só abandonada, mas parada mesmo. De tão travada e sem atitude que se tornou, a administração Doria não se compara e passa longe de ser igual ou melhor do que a anterior.
Programas sociais
continuados por Fernando Haddad foram reduzidos, como a distribuição gratuita
de leite, uniformes e transporte para crianças.
Alguns projetos
que também funcionaram bem na administração de Haddad foram eliminados, como os das extintas secretarias de Políticas para as Mulheres e a de Promoção e Igualdade Racial.
Outros tantos
correm diariamente sério risco de serem banidos, principalmente nas
periferias paulistanas.
Tudo isso sem
falar na redução drástica de verbas para as áreas da saúde, educação e cultura
e na sanha desmedida do prefeito por privatizar tudo o que pode, inclusive o
que dá lucro para a cidade.
São Paulo, a
locomotiva do Brasil, tem andado na velocidade de lesma dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Ações incorretas,
midiáticas, fora de lugar e de contexto têm sido a marca de uma administração focada
mais no marketing pessoal e na autopromoção política e menos nos interesses dos paulistanos.
Doria como gestor
tem-se notabilizado como um político mediano, e vice-versa.
Ao largar São
Paulo nas mãos da sorte e do azar, João Doria, que quer fazer da administração
da cidade um trampolim para a presidência da República, se tornou o mau zelador
de uma cidade abandonada por ele mesmo.
Restaram-lhe
poucas alternativas: ou João Doria muda de estratégia e reassume o
cargo que abandonou ou vai ser atropelado por sua ambição desmedida e acabará sufocado por seu ego inflado.
São Paulo, por si
só, não pára. Nem perdoa.
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