Em
parceria com o Instituto Avon, o Instituto Data Popular divulgou
recentemente levantamento sobre violência contra a mulher no ambiente
universitário e apresentou números que compravam a vulnerabilidade, o
desrespeito e a insegurança enfrentada por elas nas universidades brasileiras.
A
pesquisa foi realizada ao longo de setembro e outubro de 2015 e ouviu de forma
qualitativa e quantitativa 1823 universitários dos cursos de graduação e
pós-graduação em todo o país.
Especialistas
no assunto também foram consultados em entrevistas de profundidade. Contudo, apesar
da gravidade do problema a situação não mudou.
De
acordo com o estudo, 10% das mulheres relataram espontaneamente ter sofrido
violência de um homem na universidade ou em festas acadêmicas.
Quando
as mesmas perguntas foram feitas de forma estimulada, apresentando uma lista de
violências, esse número subiu para 67%.
Os
homens também responderam a mesma pergunta, mas somente 2% admitiram
espontaneamente ter cometido algum ato de violência contra uma mulher dentro da
universidade ou em festas acadêmicas.
Já
quando estimulados, a partir da lista de atos violentos, 38% admitiram ter
cometido as violências descritas.
INSEGURANÇA E MEDO
Questionadas
sobre a insegurança no âmbito das universidades, 42% das entrevistas afirmaram
que já tiveram medo de sofrer violência no ambiente universitário e 36% já
deixaram de fazer alguma atividade nessas instituições por receio de sofrer
agressão física.
Entre
as formas de violência pesquisadas estão o assédio sexual (comentários com
apelos sexuais indesejados, cantada ofensiva e abordagem agressiva);
Coerção
(ingestão forçada de bebida e/ou drogas, ser obrigada a participar de
atividades degradantes como desfiles ou leilões);
Violência
sexual (estupro, tentativa de abuso, enquanto efeito do álcool, ser forçada a
beijar veterano);
Violência
física (ser agredida fisicamente);
Desqualificação
intelectual (piadas ofensivas por ser mulher);
Agressão moral e psicológica (Humilhação por professores e alunos, xingadas por
rejeitar investidas, ofensa, etc.).
Em
relação à agressão moral/psicológica, as imagens repassadas sem autorização ou
a classificação em rankings sexuais e de beleza também integraram a lista: 24%
das mulheres consultadas foram colocadas nesses rankings sem autorização e 14%
delas tiveram fotos ou vídeos repassados sem sua permissão.
Entretanto,
71% de homens e mulheres têm conhecimento desse tipo de caso, 52% delas já
sofreram algum deles e 24% dos homens admitiram que já cometeram atos dessa
natureza.
NEGAÇÃO MASCULINA
Os
estudantes masculinos ainda não reconhecem como violências muitos dos atos
apresentados na lista estimulada, sendo que 27% não consideram violência abusar
das garotas se elas estiverem alcoolizadas, 35% não consideram violências
colocá-las em situações degradantes e 31% não vêem como abuso repassar fotos ou
vídeos das colegas sem autorização delas.
Na
cabeça do homem tudo isso é visto como consequência natural do comportamento da
mulher ou como brincadeiras sem intenção de ofender ou intimidar.
Em
relação ao assédio sexual, 73% de homens e mulheres conhecem casos assim, 56%
delas já sofreram essa qualidade de violência e 26% dos homens já cometeram
esse tipo de abuso.
Quando
abordados sobre a coerção, 12% dos homens entrevistados assumiram que forçaram
suas colegas a ingerir drogas ou bebidas alcoólicas. 12% das meninas disseram
que já foram forçadas a ficarem alcoolizadas ou drogadas, 32% conhecem casos
assim e 18% já foram vítimas.
No
aspecto desqualificação intelectual, que envolve piadas ofensivas, os números
também são altos: 62% de ambos os sexos sabem de casos, 49% delas já sofreram e
19% deles já praticaram.
Quanto
a violência física ou agressão sem conotação sexual, a situação não é muito
diferente e 62% de mulheres e homens têm conhecimento de casos, 49% das garotas
já foram vítimas e 19% dos garotos que praticaram esse tipo de desmando.
Quando
o assunto partiu para o lado da violência sexual, o que inclui tentativa de
abuso sob efeito do álcool e toque sem permissão, 14% das garotas ouvidas
conhecem casos de mulheres estupradas, 11% sofreram abuso quando alcoolizadas e
13% dos homens ouvidos confessaram que já cometeram estupro.
ATITUDE JÁ
Apesar
da gravidade dos dados, a maioria das mulheres ainda deixa para lá, sendo que
63% admitem não ter reagido quando sofreram cada uma das violências
pesquisadas, porém a maior parte quer uma atitude por parte das universidades.
Todavia,
64% dos homens e 78% das garotas concordam que o tema violência contra a mulher
deveria ser incluído nas aulas.
Esse
número ainda é maior quando questionados se as universidades deveriam criar
meios de punir os agressores por cometer violência contra as mulheres dentro
dessas instituições: 88% dos entrevistados responderam que sim e 95% das
entrevistadas também concordaram.
Os
números são alarmantes. As autoridades têm acesso aos dados, agora é
agir.
Universidades,
mulheres, homens e a sociedade precisam tomar uma atitude punitiva urgente para
combater e coibir os abusos. Isso é o mínimo que podem e devem fazer.