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Foto: Reprodução |
O conservadorismo foi o principal vencedor das eleições municipais de 2016.
Desiludidos com os
políticos profissionais e tomados de repulsa pelas ações corruptas praticadas de
forma generalizadas por irresponsáveis travestidos de estadistas, os
brasileiros resolveram apostar nos “novos representantes da política”.
Figuras que,
espertamente, se colocaram à margem de qualquer indício que os classificassem como
continuístas do sistema apodrecido e viciado que se tornou nossa política
atual, os novos gestores municipais se apresentaram tão autênticos quanto moeda
de vinte centavos.
O brasileiro fez uma
aposta delicada: trocou o partidarismo pela demagogia. A aposta é ousada, mas o
risco também é alto e perigoso. Quando
menos esperarem, os eleitores brasileiros vão ver que foram sorrateiramente enganados. Outra vez.
Quando pregam o
discurso de que não são políticos, os “gestores” recém eleitos não só dissimulam como também praticam o pior da política: a politicagem.
Por mais que neguem, muitos deles foram eleitos exatamente porque as legendas que representam não
fazem outra coisa senão política, politicagem e demagogia. Como dizer que não
são políticos, então?
Não há nada mais
político do que não assumir que é político, já disseram.
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Foto: Pixabay |
Ao convencerem os brasileiros
decepcionados com a atual forma de se fazer política, os políticos “não
políticos” cometeram três desvios:
- Mentiram;
- Assumiram que as prefeituras, tanto quanto suas empresas, são um grande negócio;
- Confirmaram que são marionetes manipuladas por seus sombras, políticos profissionais e instituições que se preocupam apenas com seus projetos pessoais de poder.
Se os futuros prefeitos
gestores de fato não são políticos, alguém é ou será por eles. Logo, a tal
aposta nos “não políticos” não passará de uma farsa bem tramada e maniqueísta.
O grau de
profissionalismo de nossos políticos de carteirinha assumiu um grau de
sofisticação e de ilusionismo tão maleficamente precioso que é capaz de fazer
inveja e pôr no bolso o maior de todos os mágicos.
Os novos prefeitos
eleitos são, nada mais nada menos, do que expressões potencializadas do populismo:
dizem para o povo o que o povo quer ouvir. Antes dissessem o que realmente
pensam e fossem realmente apolíticos. Seria mais honesto.
Nesse roteiro
surrealista com ares de tragicomédia, cabe aqui uma frase bastante pertinente e
ilustrativa dita pelo dramaturgo, poeta e ensaísta austríaco Karl Kraus: “O
segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia,
para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”.
Maléfica, sarcasticamente e ardilosamente enganados, os brasileiros correm o risco, novamente, de irem
dormir no paraíso e acordarem na desolação.
Ai de nós, pobres
mortais!