30 de abr. de 2017

INTENSO E ENIGMÁTICO

BELCHIOR, MORRE BELCHIOR, APENAS UM RAPAZ LATINO AMERICANO, DISCO ALUCINAÇÃO, SOBRAL, CEARÁ.
Artista de criatividade intensa, Belchior morreu aos 70 anos
Foto: Divulgação

De nome comprido e talento de primeira grandeza, o cantor e compositor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, o Belchior, morreu hoje (30), aos 70 anos, aparentemente de causas naturais, em Santa Cruz do Sul (RS).

Belchior era o décimo terceiro filho de uma família de 23 irmãos (13 mulheres e 10 homens). A paixão espontânea pela música desabrochou cedo no garoto de Sobral, cidade do interior do Ceará.

O dom, que mais tarde seria reconhecido como criatividade à flor da pele, foi influenciado e amparado pelo talento amador do avô que tocava instrumentos musicais, da mãe que era corista de igreja e de alguns tios, seresteiros e tocadores de violão.

Em 1971, depois de quatro anos cursando medicina, Belchior decidiu transformar todo seu talento artístico e seu conhecimento sobre filosofia, política, religião, ciência, em música de alta qualidade.

Com “A hora do almoço” venceu o Festival Universitário da Canção, em 1971. Em 1972, abandou o curso de medicina da Universidade Federal do Ceará para definitivamente trilhar os caminhos sem volta da música

Belchior considerava sua música contemporânea, nordestina e autobiografica, em determinado nível. Costumava afirmar que procurava com suas letras e canções apresentar uma vertente verbal e visual nova

O aspecto visual do concretismo em suas composições iniciais logo foi adotado, assumido, apoiado, vinculado e misturado à tradição da música nordestina e cearense, em particular.

Artista de grande talento e reconhecimento nacional, Belchior sempre buscou em seu trabalho misturar a novidade com a tradição. Conseguiu, como poucos, fazê-lo com sucesso e propriedade

Cantor e compositor que quase se tornou padre, Belchior, quando criança, tinha o hábito de fugir de casa. A partir de 2007, começou a sair de cena

Em 2008, Belchior resolveu se auto-exilar e fugir definitivamente do campo de visão do cotidiano, do alcance da fama e do sucesso, ao ponto de não comparecer ao sepultamento da mãe.

De comportamento intenso e ao mesmo tempo enigmático, Belchior transformou-se em uma esfinge: todos queriam decifrá-lo, mas ao mesmo tempo tinham respeito por sua decisão e pessoa, talvez por medo de serem devorados por ele.

Autocrítico bem-sucedido de sua geração, Belchior buscou insistentemente o novo, o momento presente da música popular brasileira.

Mesmo ausente do show business por uma decisão consciente, ele sempre foi uma presença marcante na MPB através da suas letras, canções e da história que construiu.

Apesar de sua reclusão determinada e de seu silêncio decidido, Belchior, o rebelde cearense e enigmático rapaz latino-americano, continuará presente no mundo através da intensidade de suas letras, da sonoridade marcante de suas músicas e da força perene e atemporal de suas canções.

RIP, Belchior!

BELCHIOR POR BELCHIOR

“O meu trabalho pretende, gostaria de ser, um objeto poético transformador. Que tende para os interesses da história do homem. Um objeto útil, enfim. Uma arte que sirva, que não seja ornamental. Uma arma na mão do homem para a conquista de si mesmo, do universo e dos espaços esquecidos. Tudo isso, claro, aparece como um universo, novo, jovem e cujo conhecimento só pode ser expresso em palavras novas. É uma utopia paradisíaca, de transformação pelo que é primitivo no homem” (Sobre si mesmo e seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM)

“Essa música fala de uma pessoa do terceiro mundo na esquina do mundo. Na expectativa, dependente do resto do mundo, mas com uma capacidade tremenda de desdobramento, de resistência, de rebeldia de espírito, de novidade, de transformação, de poder novo, enfim. Assume de fato sermos latino-americanos sendo brasileiros, cearenses, e justamente participantes da fraternidade latino-americana. Fala de “desinsular” a cultura, de fazer com que a cultura seja penetrante, troque energias com todos os espaços. Mas, também é uma música irônica, satírica, de humor branco, negro, amarelo e vermelho sobre a situação das pessoas da Latina América”. (Sobre a canção Apenas um rapaz latino-americano. Em entrevista à Rádio Universitária FM)

“O humor cearense está sempre presente na minha música. É uma ironia característica da nossa cultura, mas que também contém uma certa graça. Não quero dizer que minha música contenha naturalmente um humor explícito ou que eu faça uma música satírica do ponto de vista convencional. Todos esses dados aparecem diluídos no meu trabalho de um modo muito fino e sutil, o que aumenta cada vez mais o teor e a carga de ironia. (Sobre o tom humorado de suas letras e canções. Em entrevista à Rádio Universitária FM).

“Foi uma música que estava pronta há mais de um ano esperando a gravação de um artista competente. Foi a que mais marcou a minha vida de artista e cidadão naquele momento. Foi a música que mais simbolizou o movimento espiritual, todo o momento da juventude brasileira naquela circunstância e que também teve a sorte e a felicidade de ser interpretada por Elis, acrescentando ao material por si mesmo rico e complexo, o poder de sugestão da voz de Elis, o poder de invenção da voz de Elis. (Sobre “Como os nossos pais”. Em entrevista à Rádio Universitária FM).

“O meu trabalho tem uma continuidade, no sentido de que a cada disco eu vou tentando completar aquilo que está cantado anteriormente. Naturalmente que tudo isso está acrescido de comportamentos criativos novos, da tentativa de descobrir novas formas de cantar, de dizer,de pensar o ato de fazer música e de apresentar essa nordestinidade nova, de uma “cearensidade” aberta para o mundo. O meu trabalho vem tentado tudo isso de um modo muito amplo, no sentido de abrir uma perspectiva para o mundo todo mesmo, de tal forma que meu trabalho possa ser ouvido e interpretado como um trabalho de plena contemporaneidade”. (Sobre o significado de seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM.).

“O tema básico de minha música é o espírito de minha geração, a vida cotidiana do cidadão comum. É uma tentativa de retratar de um modo bastante característico, individual, pessoal, a vida do homem brasileiro do meu tempo, de tal forma que a fonte de expressão continua sendo a observação direta e imediata da vida mesmo”. (Sobre sua fonte de inspiração. Em entrevista a Josué Mariano.).

“É mais o critério da criatividade, do meu esforço criativo, o momento de liberdade de criação e de expressão. Como não faço um trabalho voltado imediatamente para o sucesso, ou o sucesso imediatista, eu uso como critério para escolha das canções ou para a própria feitura delas, o critério mais artístico, mais expressional e mais poético, desligado do rádio, da televisão e de se a música vai fazer sucesso ou não. Me preocupo realmente com o exercício do meu ofício de artista e de cantor. Se a música fizer sucesso, vem por acréscimo”.  (Sobre o critério que usa para compor suas canções. Em entrevista a Josué Mariano).

“Sou um operário da minha música e estou ligado ao meu trabalho diariamente. (...) Gosto muito do exercício do meu ofício porque ele combina o prazer com o fazer e a criação com o exercício contínuo da vida comum. Tenho uma visão artística ligada mais com o fazer, com o trabalho, do que com uma visão mais brilhante, que me parece mais tola”. (Sobre o seu ofício. Em entrevista a Josué Mariano). 

“Eu gostaria de ter uma mensagem muito concreta, muito direta, que pudesse salvar as pessoas, encaminhá-las, mas eu não tenho essa mensagem sequer para mim, de tal forma que eu acho que não devem me seguir porque eu também estou perdido. Cada um deve fazer ou encontrar seu caminho. Sobretudo, não façam como meu, inventem. Ou melhor, façam como eu: inventem!”. (Sobre qual mensagem deixaria para os fãs. Em entrevista a Josué Mariano).



27 de abr. de 2017

DESCOMPASSOS

Reforma trabalhista, perda de direitos, sindicalistas, oposição, reforma da Previdência, centrais sindicais, movimentos populares, Temer, fora Temer, base aliada.
Combate às reformas deve ter a mesma intensidade e interesse
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil (15/03/2017)

A Câmara dos Deputados abriu ontem (26) o caminho para que as perdas de direitos e garantias trabalhistas sejam colocadas em prática. A vitória foi parcial, já que a medida ainda precisa ser aprovada no Senado.

O placar final – foram 296 votos a favor e 177 contra – confirma que o governo está conseguindo aprovar suas medidas disfarçadas de modernização mais aos trancos do que aos barrancos.

O resultado de ontem, ainda que aparentemente favorável a Michel Temer, também sinaliza que a aprovação da proposta de reforma da Previdência será mais difícil do que se imaginava a princípio.

Contudo, Temer e sua base de aliados insistem em seguir fortalecidos na contramão dos interesses da população muito mais por descompasso dos movimentos sociais e por falta de organização dos parlamentares oposicionistas.

Parlamentares da oposição, Centrais sindicais e movimentos organizados não estão sabendo aproveitar integralmente a onda de insatisfação geral da população, ao contrário do governo que, explorando as brechas deixadas pelos dois lados, está operando positivamente em favor de si.

Enquanto os oposicionistas se fixam em expressar suas posições contrárias mais intensamente dentro dos limites do Congresso Nacional, os movimentos sociais e sindicalistas investem toda a força e atenção mais na reforma da Previdência, como se as perdas que irão resultar da aprovação de uma fossem mais prejudiciais do que a da outra.

Ambas as reformas são um assalto a mão armada à população. Desfavorecem, diminuem, empobrecem, privam e exploram igualmente, logo, deveriam ser tratadas com a mesma intensidade e interesse.

Ao que tudo indica, a sugestão de acabar com a contribuição sindical obrigatória foi uma ameaça que surtiu efeito nos sindicalistas.

Parlamentares de oposição precisam fortalecer o seu discurso em uníssono com o da população, caso contrário o governo vai continuar falando mais alto, empurrando goela abaixo suas mazelas e saboreando o gosto de suas vitórias.

Os movimentos sociais, os oposicionistas e os sindicalistas têm que ficar mais espertos e saberem aproveitar o vácuo deixado pela situação, caso contrário, verão os vazios provocados por seus vacilos serem preenchidos favoravelmente pelo governo e correrão o risco de serem derrotados em embates futuros. 

Em se tratando de malandragem, qualquer vacilo pode ser fatal, afinal de contas, camarão que dorme na praia a onda leva.

24 de abr. de 2017

QUESTÃO DE VIDA E MORTE

SUICÍDIO ENTRE JOVENS E ADOLESCENTES, JOVENS, AUTOCÍDIO, MAPA DA VIOLÊNCIA, BBC BRASIL, SISTEMA DE MORTALIDADE, MINISTÉRIO DA SAÚDE, BULLYING, VIOLÊNCIA SEXUAL E DOMÉSTICA, ADOLESCENTES, FAIXA ETÁRIA DE 15 A 29 ANOS.
Número de suicídios entre jovens e adolescentes  brasileiros cresceu 27,2% nos últimos 34 anos
Foto: Pixabay Public Domain


“Baleia Azul, jogo que aportou no Brasil na semana passada e tomou conta dos noticiários causando temor e perplexidade em pais e filhos, chamou a atenção para um assunto que ainda é tratado com reservas e sem profundidade em todo o mundo: o suicídio entre jovens e adolescentes.

Para investigar a extensão do Baleia azul e o principal prejuízo que ele pode causar, a BBC Brasil divulgou com exclusividade reportagem com números do Mapa da Violência 2017 sobre suicídios entre jovens e adolescentes brasileiros.

O estudo, realizado a partir de um levantamento feito anualmente pelo Sistema de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, apontou dados preocupantes em relação à quantidade de suicídios na faixa etária adolescente e à forma como eles ainda são desconsiderados no país.

De 1980 a 2014, a quantidade de suicídios envolvendo jovens e adolescentes de 15 a 29 anos por 100 mil habitantes cresceu 27,2%  Em números reais isso equivale a 2.898 casos.

SUICÍDIO ENTRE JOVENS E ADOLESCENTES, JOVENS, AUTOCÍDIO, MAPA DA VIOLÊNCIA, BBC BRASIL, SISTEMA DE MORTALIDADE, MINISTÉRIO DA SAÚDE, BULLYING, VIOLÊNCIA SEXUAL E DOMÉSTICA, ADOLESCENTES, FAIXA ETÁRIA DE 15 A 29 ANOS.
Número de jovens e adolescentes que se matam no Brasil cresce ano após ano
Foto: Pixabay Public Domain

Na população geral, o índice de suicídios chegou aos 60%, nos últimos 34 anos.

Segundo o ranking de suicídios divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a oitava colocação em números de autocídios no mundo.

A taxa de suicídios entre os jovens brasileiros está em 4,5, bem abaixo dos 25 por 100 mil habitantes na Rússia, mas é crescente a cada ano no Brasil,de acordo com dados da OMS.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, depressão, abuso de drogas e álcool, bullying, violências sexuais e domésticas são os fatores mais associados ao suicídio entre jovens e adolescentes.

A competitividade exagerada, a não aceitação das diferenças de gênero, preconceito com a orientação sexual, a cor da pele e peso, também foram listados pelos estudiosos como fatores potenciais que favorecem o autocídio.

O acompanhamento quanto ao uso da internet, não como um monitoramento controlador, mas como uma preocupação amorosa, não foi supervalorizado nem subestimado pelos estudiosos.

Em entrevista  à BBC Brasil a  professora da Universidade Estadual do Rio de JaneiroUerj - e psicóloga, Mariana Bteshe afirmou que “é preciso que a família, mantendo a privacidade do jovem, busque uma forma de contato com ele e abra um espaço de diálogo”.

Enxergar os jovens como eles são, entender e respeitar suas transformações naturais e seu relacionamento com o mundo, juntamente com a interação social diária, presencial e contínua ainda são atitudes que podem melhorar e permitir o bom convívio com a galera jovem, ressaltam psicólogos e pedagogos.

Amor, acompanhamento e empatia é a fórmula elementar para prevenir desvios e tentar evitar que os jovens e adolescentes tomem decisões drásticas ou optem por atalhos fatais como o suicídio.

Quando colocada em prática, essa tríade não impedirá que a estrada que os jovens e adolescentes irão percorrer seja repleta de percalços nem a caminhada desafiadora, porém, permitirá que ela também seja prazerosa, responsável, livresem culpa e com menor número de interrupções abruptas, como deve ser a vida

Simples assim.

22 de abr. de 2017

TEMPO REVERSO

BRASIL, LAVA JATO, DELAÇÕES, FRANÇA, ABRIL, MAIO, TEMPO REI
Foto: Pixabay Public Domain

Mais uma semana se vai e termina na base do pinga fogo. Tumultos, atentados, novas revelações, outras tantas descobertas e a constatação do óbvio foram a tônica dos últimos dias por aqui e no exterior.

O tempo não para, o mês de abril entra na sua última semana e maio bate às portas com seus 31 dias prometendo serem tão agitados como foram os de abril.

No Brasil e no mundo, a nova semana, embora curta por conta da Greve Geral e da proximidade de mais um feriado, começa decisiva e não menos efervescente que a anterior.

Eleições na França, votação do parecer sobre a Reforma Trabalhista e do projeto que revisa a lei de abuso de autoridade, possível paralisação dos Correios e provável instalação da CPI da Previdência no Senado prometem agitar o cenário nacional e internacional.

Ainda sob o impacto das revelações da Lava Jato, acusados e acusadores se defendem e partem para o ataque.

O Brasil é só pressão.

Fachin pressionando Janot, Lula e os outros acusados sendo pressionados pela força das delações, o brasileiro vivendo a expectativa das imposições das Reformas Trabalhista e Previdenciária.

O tempo ruge, a Sapucaí é grande e eu fico com a pureza da resposta das crianças. Porém, deixo alguns ditados populares para reflexão.

Quem jura é quem mais mente.

Quem quer vai, quem não quer manda.

Ignorante é aquele que sabe e se faz de tonto.

Depois de fartos, não faltam pratos.

Segue a vida que a vida segue!



20 de abr. de 2017

TAL E QUAL

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA FRANÇA, FRANÇA, LE PEN, ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE 2018, EXTREMA DIREITA, EXTREMA ESQUERDA
Eleições presidenciais na França dividem eleitores entre  extrema esquerda e extrema direita
Foto: Pixabay Public Domain
Imprevisível, mas com possibilidade de resultados surpreendentes. Essa é a expectativa em relação às eleições presidenciais que serão realizadas na França no próximo domingo (23).

O país, que vive a disputa mais polarizada dos últimos 50 anos, poderá ter como novo presidente um radical de direita ou de esquerda.

A única aposta mais provável de se concretizar, por enquanto, é que haverá segundo turno.

Entretanto, as chances dos socialistas e republicanos – tradicionais rivais nas urnas e que se revezavam no comando do país desde 1980 – são mínimas, o que confirma a decisão dos eleitores franceses em radicalizar a disputa, confiando seus votos a políticos de visões extremistas e, até certo ponto, preocupantes.

As propostas dos candidatos radicais de extrema direita e esquerda são parecidas e vão desde o protecionismo exagerado à xenofobia explicita, como a medida anti-imigração que visa reduzir o número de estrangeiros ilegais no país de 200 mil para 10 mil.

Apesar do comportamento dos eleitores da França ser um recado direto aos partidos tradicionais franceses, que durante mais de três décadas se alternaram no comando no país, ele não é um fenômeno apenas local.

O traçado eleitoral da França pode-se estender para a realidade eleitoral brasileira na disputa pela presidência em 2018.

Excluindo-se alguns detalhes, a situação política e econômica da França é tão desfavorável quanto a do Brasil e possui semelhanças com a nossa.

Lá, como aqui, o índice de desemprego está elevado, o crescimento econômico abaixo do desejado e aquém da média mundial, a insegurança e a instabilidade são crescentes e a decepção com os políticos tradicionais é um fato incontestável.

Assim como os franceses disseram aos políticos socialistas e republicanos tradicionais da França que eles não são proprietários do poder, os eleitores brasileiros também podem resolver dizer o mesmo aos dois partidos que polarizam as disputas eleitorais nos últimos 20 anos no país.

Desse modo, as eleições presidenciais na França podem servir de exemplo, ou como um balão de ensaio, para eleições gerais do ano que vem no Brasil.

Aqui como lá, a possibilidade de haver surpresas e reviravoltas no cenário político é grande.

Os eleitores brasileiros, tal e qual os franceses, também podem resolver optar pelo voto de protesto e indignação.

Candidatos com idéias e promessas extremas, tanto à direita quanto à esquerda, também não vão faltar por aqui nas eleições presidenciais do ano que vem.

Aliás, eles já estão por aí, mostrando a cara, afiando os dentes, prontos para dar o bote.

De qualquer forma, a eleição presidencial francesa mais imprevisível dos últimos 50 anos é um fato político internacional importante que deve ser atentamente observado por nós, afinal de contas, o Brasil pode se tornar a França de amanhã.

Bonne chance, France!

19 de abr. de 2017

SALVE-SE (QUEM PUDER)

DELAÇÃO DE CUNHA, PALOCCI, JOÃO SANTANA, LISTA DE FACHIN, LULA, TEMER, PURGATÓRIO, PAPA FRANCISCO, LAVA JATO.
Denunciados na Lista de Fachin vivem o inferno na terra
Foto: Pixabay Public Domain
Depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) abriu a porteira dos depoimentos divulgando os nomes de mais de 90 envolvidos em denúncias de uso de dinheiro indevido via caixa 2, passa boi, passa boiada pela Operação Lava jato. 

Passa também a promessa de novas delações para tocar novamente o terror no mundo político.

Moeda de troca para denunciar seus iguais, diminuir o tempo de prisão vendo o sol nascer quadrado ou para ter direito a uma tornozeleira eletrônica que lhes permita voltar a morar em suas mansões curtindo a vida à base de champanhe e caviar, Eduardo Cunha e Antonio Palocci já entraram definitivamente na fila dos delatores premiados.

João Santana, marqueteiro do PT, e Mônica Moura, sua fiel esposa, já aderiram. Rasgaram o verbo e mandaram ver para cima do Partido dos Trabalhadores.

Enquanto isso, na sala das injustiças, Temer pede para que os parlamentares da base aliada resistam ao desprestígio da classe política.

Seria cômico se não fosse trágico. 

O buraco é tão mais embaixo que chega a ser subterrâneo. Tanto que a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-corregedora, Eliana Calmon, afirmou à Folha de S. Paulo que nem o Judiciário escapará da Lava Jato. 

Tudo é uma questão de tempo e das coisas acontecerem na hora certa, afirmou a ex-ministra à FSP.

A coisa está tão feia que nem reza braba alivia os pecados e pecadilhos dos maculados da Lista de Fachin.

Até Sua Santidade, o Papa Francisco, recusou o convite do temente, e anjo às avessas, Michel Temer, para visitar o Brasil, expressando sua solidariedade católica e moral ao imenso número de insatisfeitos que serão massacrados pelas reformas nefastas do presidente, se elas forem aprovadas.

Ao afirmar que os mais pobres pagam o preço mais amargo por soluções superficiais para crises, Francisco abençoa a resistência dos menos favorecidos.

Pelo andar do andor  e pela quantidade de delitos, o tempo que os envolvidos nos esquemas políticos ilícitos vão passar na prisão do purgatório - para quem acredita na existência dele - tem tudo para durar algumas centenas de anos.
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18 de abr. de 2017

PESO PESADO

OBESIDADE, HIPERTENSÃO, DIABETES, OBESOS NO BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, OMS, ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL,  EXERCÍCIOS FÍSICOS, SEDENTARISMO.
Número de brasileiros obesos aumentou 60% em dez anos e ultrapassa os 37 milhões
 Foto: Pixabay Public Domain

Os brasileiros estão caminhando a passos largos em direção a obesidade preocupante. Uma em cada cinco pessoas no país já está acima do peso.  Nos últimos dez anos, o número de obesos subiu para 37 milhões e 800 mil, crescimento de 60%, de acordo com dados divulgados ontem (17) pelo Ministério da Saúde.

A obesidade também continua andando mal acompanhada. O estudo revelou que o diagnóstico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016. A hipertensão saltou de 22,5% para 25,7%, no mesmo período.

As mulheres são as mais afetadas, apontou o estudo que entrevistou 53,2 mil pessoas maiores de 18 anos e que foi realizado entre fevereiro e dezembro de 2016.

Anualmente, doenças cardiovasculares, respiratórias, diabetes e câncer ainda são as responsáveis por 74% dos óbitos no Brasil, embora, segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, tenha havido redução de 2,6% nos índices de mortalidade prematura por doenças crônicas entre pessoas de 30 a 69 anos.

Nas capitais, o excesso de peso subiu de 42,6% para 53,8% nos últimos dez anos. Entre a população de 25 a 44 anos, a porcentagem de obesos atingiu 17%

MUDAR HÁBITOS
O mau hábito alimentar e a mudança na forma como os brasileiros estão escolhendo os ingredientes que põem na mesa são dois indicativos preocupantes que resumem o porquê do aumento substancial de casos de obesidade.

Apenas 33% dos adultos consomem frutas e hortaliças nos cinco dias da semana, constatou a pesquisa.

Os alimentos considerados básicos e tradicionais também estão sendo deixados de lado, a ponto de o consumo regular de feijão ter diminuído de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016.

Porém, nem tudo está perdido. O estudo também revelou que mudanças positivas quanto à diminuição do consumo regular de refrigerantes e/ou sucos artificiais estão acontecendo.

Em 2007 os indicadores em relação a esses dois inimigos da saúde apontaram que o consumo era feito por 30,9% das pessoas. Em 2016, desabou para 16,5%.

Os jovens também são portadores de boas notícias

A prática de atividade física nas horas livres pela garotada na faixa dos 18 aos 24 anos, que faz exercícios por pelo menos 150 minutos por semana, subiu de 30,3%  em 2009 para 37,6% em 2016.

Problema de saúde pública no Brasil desde 2002, e classificada como epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade não poupa ninguém. É um mal que atinge a todos.

Mantido o ritmo de crescimento da doença nos níveis atuais em pouco mais de dez anos o Brasil se igualará aos Estados Unidos, país em que mais de 30% da população é obesa. 

Mudanças de hábitos alimentares e mentais, exercícios físicos regulares e sono reparador, por mais que sejam orientações batidas e repetidas, ainda são o caminho mais rápido e eficiente para pesar menos, manter o corpo em forma, a saúde em dia e passar longe da ameaça da sepultura.

17 de abr. de 2017

OUSADIA PAN-CULTURAL


TROPICÁLIA, MOVIMENTO TROPICALISTA, CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, OS MUTANTES, MÚSICA BRASILEIRA, ESTÉTICA, TROPICALISMO.
Movimento de renovação da cultura brasileira, a Tropicália foi criticada e exaltada
Foto: Reprodução/Internet




Há 50 anos, em meio ao caldeirão efervescente da década de 60 e ao crescimento das ditaduras militares que pipocavam principalmente na América Latina, nascia a Tropicália, movimento pan-cultural que promoveu uma verdadeira revolução estética na cultura e na arte brasileiras.

A Tropicália chegou com tudo, não só para organizar o movimento e orientar o carnaval, mas também para pôr mais lenha na fogueira das insatisfações com a falta de criatividade e a mesmice reinantes no país.

O Movimento Tropicalista evidenciou-se como um respiro novo diante da sufocante caretice dos valores morais intimidadores sustentados por comportamentos limitantes e pelo marasmo da rotina bem comportada que era  a produção artística da época. 

A Tropicália promoveu o isolamento e a incineração da pungência do conservadorismo crescente no Brasil.

Movimento que teve um papel histórico, na opinião de Chico Buarque. Uma fase fundamental para a música popular brasileira em termos de inovação e experimentação, segundo Haroldo de Campos. Cultura da descolonização, na visão de José Celso Martinez Correa, a Tropicália inovou, renovou, restaurou, resgatou, chocalhou a música, as artes plásticas e o teatro nacional.

O Movimento Tropicalista tornou-se um divisor de águas entre o antes e o depois daquele que se tornaria um momentum cultural único.

A ousadia da Tropicália foi além da simplicidade do banquinho e um violão da Bossa Nova e do balanço cadenciadamente comportado do Iê-iê-iê da Jovem Guarda.
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Os tropicalistas entraram sem pedir licença para estabelecer novos paradigmas em relação ao pensar e ao fazer artístico e cultural do Brasil.

ARTE ESSENCIAL

Ao mesmo tempo em que tinha arte como essência coletiva, a Tropicália também promovia a ruptura com velhos padrões ao inserir e adaptar modernos acordes, elementos sonoros diversos e meios eletrônicos sofisticados presentes na cultura mundial às criações artísticas nacionais que brotavam intensa e psicodelicamente da mente criativa e das mãos de seus artistas.

O resultado foi uma colcha de retalhos costurada por tendências diversas, um patchwork multicultural que recriou e atualizou o canibalismo praticado por Oswald de Andrade e pelos Modernistas de 1922.

Os tropicalistas promoveram o diálogo entre o moderno e o pós-moderno, a tradição e a vanguarda, o erudito e o popular.

Para o jornalista e escritor João Luís Gago, o maior mérito do Tropicalismo foi inserir a produção musical no Pós Modernismo. “O elemento paulista - muita antena, poucas raízes -, aliado à baianidade de Gil, Caetano e Tom Zé,  foi explosivo”, ressalta.

Gago destaca ainda que os arranjos maravilhosos e vanguardistas de Rogério Duprat, a técnica e as informações sobre a cultura pop dos irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, dos Mutantes, mais a influência de Augusto e Haroldo de Campos sobre Caetano Veloso foram fundamentais para formatar um movimento que era odiado pela esquerda e pela direita.

De fato, a Tropicália não conseguiu agradar 100% gregos e baianos.

CRÍTICA E EXALTAÇÃO

O Movimento foi exaltado e criticado por artistas, leigos e especialistas da época, apesar de reunir em seu time uma verdadeira constelação de estrelas com pensamentos e atitudes nada ortodoxas, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Hélio Oiticica, Gal Costa, Nara Leão, Glauber Rocha, José Celso Martinez Correa.

As críticas, em boa parte, vinham da esquerda que se ressentia da ausência de engajamento político por parte dos tropicalistas.

Entretanto, os artistas se consideravam revolucionários não necessariamente em relação à causa política, mas na estética que, ao não se subjugar aos padrões tradicionais comportados vigentes no país, era a forma artística de resistência pela qual eles expressavam sua ação política por si só.


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Mas, nem tudo foram flores e a Tropicália nunca navegou em um mar de rosas. Os militares também não pegaram leve nem pouparam esforços para implodir e esvaziar o Movimento Tropicalista.

Em 1968, sob a alegação de desrespeito aos símbolos nacionais e de insultos ofensivos às Forças Armadas, os militares prenderam Caetano e Gil durante uma apresentação com os Mutantes, no Rio de Janeiro.

Na noite do domingo do dia 20 de julho de 1969, Caetano e Gil fizeram o último show em Salvador. Logo depois, deixaram o país rumo ao exílio na Europa, sob a ameaça de que se voltassem ao Brasil seriam imediatamente presos.


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A Tropicália fechava seu ciclo de produção cultural intensa e transformadora, porém o Tropicalismo prosseguiria fazendo protestos em forma de metáforas.

Dona de divinas tetas, a Tropicália foi um traço fora da curva cultural e da vida cotidiana do Brasil.  Teve duração curta, mas o suficiente para dar o seu recado, fazer história, “derramar o leite bom na nossa cara e o leite mal na cara dos caretas”.


12 de abr. de 2017

ASSIM É, SE LHE PARECE

LISTA DO FACHIN, EDSON FACHIN, LAVA JATO, MINEIRINHO, SANTO, CORRUPÇÃO, BRASIL, POLÍTICA, TEMER
Apesar de todos eles, amanhã há de ser outro dia
Foto: Reprodução G1
Em agosto de 2016, o Brasil viveu um dos momentos mais traumáticos de sua histórica política e democrática. O Impeachment da presidente Dilma Rousseff foi aprovado por parlamentares que prometeram que iriam acabar com a corrupção e construiriam um país melhor.

Segundo rezava a lenda, os problemas econômicos seriam todos resolvidos, a retomada do crescimento estaria garantida, dias melhores e mais oportunos para todos eram certos.

Tudo isso, pronto e acabado, seria entregue nos primeiros seis meses do novo e promissor governo.

Ontem (11), oito meses depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, começou a desfazer a mentira de que os políticos que encabeçaram as falsas promessas queriam o fim da corrupção no Brasil.

Todas as outras mentiras o presidente Michel Temer está se empenhando pessoalmente em desmentir através das propostas de reforma trabalhista e previdenciária e da já aprovada terceirização irrestrita.

Enganados por parlamentares que se declaravam santos, verdadeiros arautos da honestidade e acima de qualquer suspeita, dominados pela manipulação da informação que atribuía a um mesmo político e a um só partido a culpa e a responsabilidade pela corrupção que invadiu o corpo do Brasil como uma infecção generalizada, boa parte das brasileiras e brasileiros também caíram definitivamente na real ontem.

Mas nem todos, infelizmente.

Ainda é grande a quantidade de pessoas que acreditam na honestidade ilibada dos seus ídolos de areia e vento.  

Nada mais natural, porém inaceitável, em um país onde partido político virou time de futebol, com direito a torcida organizada e fã clube.

É inacreditável que, depois de todas as evidências e declarações, ainda existam pessoas sem conseguir entender ou acreditar no que está acontecendo no Brasil.

Muitas ainda crêem plenamente que seus ídolos políticos ou os que jogam no time de seu partido favorito estejam na lista do ministro Fachin por engano, vítimas de vingança e de perseguição.

A ignorância de alguns cidadãos que não conseguem – ou não querem – enxergar o óbvio é absurda e assustadora.

Sim, vocês foram enganados e iludidos com mentiras mirabolantes e falsas promessas, meus caros caras pálidas.

Todos os que estão na lista do Fachin são corruptos, corruptores e iguais em desgraça. Do maior ao menor ou vice-versa, inclusive o atual e os quatro ex.

Não importa se uns receberam R$ 1,00 e outros R$ 1 milhão, todos os que estão lá fazem parte da mesma quadrilha, jogam no mesmo time, possuem os mesmos interesses.

Entre os muitos, também estão os mesmos que, usando da leviandade, ludibriaram e passaram a perna em quem foi pra rua pedir o impeachment fabricado por eles mesmos para chegar ao poder usando atalhos, pela via mais rápida.

Eles já não podem mais se esconder atrás de seus apelidos.

O Santo (Geraldo Alckmin), o Mineirinho (Aécio Neves), o Caju (Romero Jucá), o Italiano (Palocci), o Primo (Eliseu Padilha), o Missa (José Carlos Aleluia), e os outros mais de cem, todos tiveram seus vulgos desmascarados, suas verdadeiras identidades e valores de propina minuciosamente revelados.

Se o pior cego é a aquele que não quer vê, o Brasil está prestes a ocupar o primeiro lugar em número de habitantes com deficiência visual política.

Já passou da hora de parar de se iludir, Brasil.

Se o colírio da consciência não for pingado o quanto antes nos olhos daqueles que não querem enxergar ou aceitar a realidade, a cegueira e o analfabetismo político vão virar demência. 

Aí vai ser a danação total. A tal corrupção, que deveria ter deixado de existir com o golpe branco, vai ter tomado conta de tudo e todos. Haverá a falência dos múltiplos órgãos.

Contudo, a democracia ainda pode nos valer. 

Que o povo brasileiro acorde antes e mude para valer, através do voto e nas urnas, sua triste realidade.

Caso contrário, o resto vai ser silêncio ou fogo e ranger de dentes.