15 de jul. de 2016

ARTÍFICE DO TEATRO

Sábato Magaldi, Teatro, Teatro Brasileiro, Academia Brasileira de Letras
Sábato Magaldi: exemplo de amor e dedicação ao Teatro
Foto: Reprodução

O Teatro é uma arte em que no palco, local sagrado onde resultados se evidenciam, os atores reinam absolutos. Entretanto, essencialmente coletivo, o teatro muitas vezes não expõe fisicamente no tablado, apesar de seu alto poder de visibilidade, todos os seres imprescindíveis para sua existência.

Não por ingratidão ou por narcisismo exagerado, mas pelo simples fato de que, em um ato de humildade profunda, alguns seres aparentemente anônimos, por possuírem um amor incondicional pelo que fazem, preferem brilhar nos bastidores.

O mineiro Sábato Magaldi, morto em São Paulo ontem (14) aos 89 anos, era um desses singelos amantes incondicionais do teatro que optaram por brilhar sem pisar fisicamente no palco para que o teatro resplandecesse intensamente.

Peça indispensável na imensa engrenagem que é o fazer teatral, Sábato Magaldi, mas do que Professor, estudioso, investigador apaixonado, crítico e ensaísta, era sobretudo um homem de teatro.

Professor Sábato e o teatro estavam inevitável e intrinsecamente ligados um ao outro. Eram irmãos siameses, incapazes de se desvencilhar. 

O relacionamento deles era repleto de amor e paixão recíprocos.

Foi em 1950 que o teatro grudou no Professor Sábato e não o largou nunca mais. Recém formado em Direito no Rio de Janeiro, Magaldi começou a publicar suas primeiras críticas no Diário Carioca. Daí para frente foram mais de seis décadas de fidelidade absoluta.

Suas armas eram as palavras, seu escudo o pensamento.

Investigou, escreveu e ensinou sobre Teatro com a paixão e o fulgor de um eterno aprendiz.

Pertenceu a uma geração de críticos e estudiosos do teatro difícil de ser superada, da qual também fazem parte Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld e Yan Michalski.

Especialista nas obras de Nelson Rodrigues, Sábato Magaldi foi essencial para o entendimento do universo rodrigueano. 

Contribuiu sobremaneira para montagens modernas e vigorosas das peças do autor de Vestido de Noiva e incentivou o surgimento de novos dramaturgos.

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1995, Sábato Magaldi alcançou definitivamente ontem seu lugar no panteão das artes.

Deixa-nos preenchidos por sua obra e comovidos por seu exemplo de amor e dedicação ao Teatro.

Gratidão, Mestre!

Meus sentimentos Edla van Steen.

RIP, Sábato Magaldi!

14 de jul. de 2016

CINEASTA DAS INQUIETAÇÕES

Hector Babenco, Cinema Brasileiro, Cinema, Sétima Arte, Filmes
Hector Babenco foi considerado um dos maiores diretores de cinema
Foto: Reprodução

O cineasta Hector Babenco teve seu primeiro contato com a sétima arte aos sete anos de idade. Nascia ali um misto de paixão e alumbramento recheado de desejos por contar histórias. Esses desejos o acompanharam até ontem, (13/06), quando sua trajetória de sucesso e “tesão pelo cinema” – como costumava afirmar, foi interrompida aos 70 anos por um ataque cardíaco.

De ascendência judaico-ucraniana, Babenco nasceu na turística Mar del Plata, mas não gostava que lhe chamassem de naturalizado brasileiro. “Sou um brasileiro que nasceu na Argentina”, costumava reiterar, apesar de continuar exercitando o sotaque portenho.

Um dos primeiros cineastas brasileiros que alcançou respeito internacional pós Cinema Novo, ao longo de 43 anos de carreira e mais de dez filmes, Babenco vivenciou seu amor pelo cinema também como roteirista e produtor.

Em seus filmes, personagens marginalizados foram destaque e muitas vezes eram maiores do que as situações em que se encontravam. Viviam sempre no limite e pareciam estar constantemente à beira do abismo em luta consigo mesmo e com seu duplo.

Urgência e ruptura marcaram sua filmografia permeada por cenas fortes, mas também repletas de beleza estética como em Pixote, eleito como um dos 100 melhores filmes de todos os tempos.

Inquietação e inconformismo fizeram Babenco exercer com propriedade a máxima repetida por Paulo Autran de que “cinema é arte do diretor”.

Diretor que soube expressar o bom e o ruim presentes na humanidade, Hector Babenco foi um ótimo contador de histórias, como devem ser os cineastas.

Histórias que conseguiram atravessar o tempo e através de sua filmografia continuarão revelando o humano que ele sempre fez questão de desnudar.

R.I.P., Hector Babenco!


12 de jul. de 2016

NOVAS REGRAS IMPÕEM LIMITES PARA PARTIDOS E CANDIDATOS NAS ELEIÇÕES 2016


As medidas fazem parte da mini reforma política sancionada pela presidente afastada Dilma Rousseff

Eleições 2016, Propaganda Eleitoral Gratuita no rádio e na TV, Horário Político Eleitoral, Política, Prefeitos, Vereadores, Política Brasil
Novas regras deixam eleições 2016 mais transparentes
Foto: Joaquim Silva Filho

Joaquim Silva Filho
Luiz Felipe Correia

As mudanças aprovadas pelo Congresso Nacional para as eleições municipais 2016 estabeleceram limites para a campanha eleitoral e normatizaram o uso da propaganda gratuita no rádio e na TV.

Com as novas normas a duração da campanha foi reduzida de 90 para 45 dias e a exibição do horário político passou de 45 para 35 dias.

O formato de veiculação das propagandas também será outro. No primeiro turno haverá dois blocos de dez minutos cada, para candidatos ao cargo majoritário.

Os aspirantes a vereador aparecerão apenas em inserções de 30 segundos a 1 minuto, exibidas ao longo da programação normal das emissoras.

Os partidos políticos também foram alvo das mudanças.

De acordo com as novas regras as agremiações partidárias não serão mais punidas. Apenas os candidatos poderão ter o registro suspenso se tiverem as contas da campanha rejeitadas ou se não fizerem a correta prestação de gastos.

Para o vereador e candidato à reeleição pelo Partido Verde de São Paulo, Gilberto Natalini, as mudanças nas regras eleitorais possuem aspectos positivos e negativos para o processo democrático.

Gilberto Natalini destaca como positivo um certo regramento no financiamento de campanha, mas reclama que do ponto de vista do dialogo as mudanças “restrinjam o tempo de campanha e, consequentemente, a possibilidade de debate entre os candidatos e o eleitor”.

De acordo com Natalini, limitar o tempo de exposição dos candidatos não faz bem para a democracia. “Vai facilitar para quem é conhecido e já tem mandato e prejudicar os novos candidatos, já que o espaço será menor”, pontua.

Novos critérios para a produção, criação e realização das propagandas também foram estabelecidos pela mini reforma política.

Na eleição desse ano, montagens, trucagens, computação gráfica, edições e desenho animado não serão mais permitidos.

No dia da votação, os jingles de campanha também estão proibidos de serem veiculados, até mesmo em bicicletas e carroças, mais comuns em cidades do interior.

Na opinião do publicitário e presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, a proibição do uso de recursos áudio visuais mais apurados, como os efeitos especiais, nivela por baixo a qualidade das produções e pasteuriza os programas.

Segundo Manhanelli, a tendência é que, aquilo que já despertava pouco interesse apenas por tratar de política, agora se torne mais intragável para o público em geral.  “O cerceamento nunca é interessante, ainda mais quando feito por pessoas que pouco ou nada entendem de comunicação. Ao praticamente roteirizarem os conteúdos dos programas, corremos o risco de ver formatos muito parecidos e cansativos aos olhos do eleitor”.

Opiniões divididas


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Primeiro Turno das eleições municipais será dia 02 de Outubro
Foto: Divulgação TSE

Criado em 1962 para que os candidatos pudessem expressar suas propostas no rádio e na TV de um modo menos formal, a propaganda eleitoral ainda divide opiniões, apesar de recente pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha apontar que 64% dos paulistas acham necessária sua manutenção.

A manicure Josefa Soares da Costa, 53 anos, é uma das eleitoras que não gosta da propaganda eleitoral gratuita. Para ela, “os candidatos só mentem e mentira não vale a pena assistir”.

Apesar de afirmar que vota por obrigação e de deixar claro que a propaganda eleitoral não influencia seu voto, Josefa acredita que se não existisse o horário gratuito no rádio e na TV talvez houvesse mudanças na eleição dos candidatos, embora não negue que muita gente ainda se deixa iludir com mentiras.

Embora a propaganda política não seja bem vista por muitas pessoas, o sociólogo Joelson Fernandes acredita que a receptividade dos eleitores em relação ao horário político progrediu nos últimos anos.

Fernandes toma como parâmetro para apontar essa progressão o número de votantes no pleito de 2014, que foi mais de 140 milhões frente aos 800 mil em na primeira eleição presidencial.

Mesmo defendendo que houve evolução na aceitação do eleitor pela propaganda política, Fernandes evidencia que há uma tendência ao longo da história de se mostrar o brasileiro como passivo diante da política. “Na verdade, ele não é. Esse distanciamento decorre da crença de que o Estado não vai trazer nenhum benefício no curto ou médios prazos”, pondera.

Para Fernandes, os gastos com propaganda eleitoral são a prova de que ela influencia a decisão do eleitor. Segundo ele, se não influenciasse, os políticos não teriam gastado R$ 74 bilhões na eleição de 2014. “Agora a propaganda tem que atender um número maior de pessoas e precisa chegar em grupos cada vez mais diversificados”.

O lado pitoresco das propagandas é outro aspecto que também chama atenção já que elas se tornaram palco para a exibição de personagens inusitados que vão desde o nordestino e seu jegue ao comediante do momento.

Ao longo de seus 54 anos, a propaganda eleitoral gratuita tem ajudado muito político a se manter no poder e muito artista a voltar a ser celebridade, alguns deles conseguindo ser eleitos com ampla margem de votos, como foi o caso do palhaço Tiririca e do falecido costureiro Clodovil Hernandes.

A versão 2016 da propaganda eleitoral começa dia 16 de agosto na internet. No rádio e na TV a veiculação ocorrerá de 26 de agosto a 30 de setembro.


15 de jun. de 2016

ENCUNHALADO

Eduardo Cunha, Crise, Cassação de Eduardo Cunha, Conselho de Ética da Câmara, Congresso Nacional, Crise, Impeachment, PMDB, Corrupção

O jornalista e dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues afirmou certa vez que só o inimigo não trai nunca.

Por mais cruel que pareça, a frase rodrigueana, além de também ser emblemática – serve de exemplo para outras situações - é bastante representativa em relação ao momento atual vivido pelo presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Depois de oito meses de manobras irresponsáveis e pedaladas aéticas e antipolíticas, Cunha bebeu do próprio veneno e sentiu o gosto amargo da traição ao ver sua ascensão política meteórica ser encaminhada para um provável fim antecipado, exatamente por parte de amigos e comparsas até então fieis devotos de sua majestade.

Paradoxalmente admirado e desprezado por correligionários e opositores como um politico ardiloso capaz de agregar pessoas em torno de uma mesma crença e de unificar seguidores sob uma mesma visão corrosiva e devastadora, Cunha foi apunhalado publicamente pela Tia Má Eron (PRB-BA) e pelo Brutus nada solidário Wladimir Costa (SD-PA).
Eduardo Cunha, Crise, Cassação de Eduardo Cunha, Conselho de Ética da Câmara, Congresso Nacional, Crise, Impeachment, PMDB, Corrupção
Conselho de ética da Câmara aprova cassação de Eduardo Cunha
Foto: Lula Marques/AGPT (14/06/2016) Fotos Públicas)

Sem trocadilhos e com todos os trocadilhos, o golpe foi baixo e rasteiro, como os ardis cunhalescos, confirmando a máxima de que quem sai aos seus não degenera.

Entretanto, embora semimorto, Eduardo Cunha ainda respira, e sem ajuda de aparelhos.

Apesar da unanimidade dos que acham que ele já era, Cunha pode surpreender e no limite extenuante de suas forças mover céus e terra antes de seu suspiro final e aprontar mais uma(s).

Aos que torcem por um desfecho mortal para o fundamentalista inconsequente, resta a esperança de que o homem bomba do Câmara dos Deputados tenha um minuto de dignidade e que, em um ato definitivo, cumpra o que o Delcídio do Amaral não cumpriu: leve consigo metade do Congresso Nacional.

Só assim a limpeza, a desinfe(s)tação política será geral e a frase rodrigueana citada no inicio desse artigo não terá sido dita nem reproduzida em vão.

8 de jun. de 2016

(DE)PRESSÃO PÓS GOLPE

Temer, Brasil, Golpe, STF, Política Brasileira, Crise Política
Presidente interino Michel Temer durante cerimônia de posse do Ministro da Transparência
Foto: Lula Marques/Agência PT (2/06/2016) Fotos Públicas

Demorou, mas o mundo de Michel Temer começou a desabar.


De acordo a jornalista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, o interino do Brasil está sofrendo de um novo mal que vem atacando a classe política tupiniquim: Exaustão Pós Golpe.

Segundo Mônica, Temer estaria “exaurido” por conta da pressão decorrente de exigências que vem sofrendo dos senadores ainda indecisos sobre o impeachment de Dilma Rousseff.

A vida do presidente provisório não está nada fácil, tanto por ele quanto pelos seus aliados notáveis por excelência.

Temer está exaurido e seu governo desgastado.

Se desgraça pouca é bobagem, barganha em grande quantidade pode provocar sérios danos psicológicos e ser altamente prejudicial à saúde presidencial.

Põe em risco a sobrevivência política e à prova a paciência e a fidelidade devota de amigos e correligionários.

Porém, nem tudo é sofrimento, dor ou chantagem explicita na vida de Temer. Ele tem sido poupado e isentado pela mídia seletiva.

O “prefiro não comentar” substituiu o “eu não sabia de nada” e tornou-se a palavra de ordem no Planalto e nas redações jornalísticas, afinal de contas, em relação ao governo Temer, quando um não quer, a imprensa não briga.

Rodrigo Janot, - espécie de versão melhorada de Sérgio Moro – pelo menos por enquanto - tornou-se também o anti-herói da república. Persona non grata pela unanimidade magistrada e política.

Se bobear, Janot é quem será cassado e preso por abuso de poder, apesar de ter bom diálogo com Temer.

No auge de seu desgaste político e psicológico, Temer corre o risco de ver seu governo provisório definitivamente exaurido e acabar como Dona Maria I: Louco.

A Rainha portuguesa, mãe de Dom João VI, apesar de ter sido intitulada de “A piedosa”, por perdoar conspiradores da Corte, costumava ter crises de alucinações.

Certa vez, ao conclamar que todos voltassem a Portugal, atirou-se ao mar no cais da Praça XV, no Rio de Janeiro, na frente da população. Notabilizou-se pela frase “Maria vai com as outras”.

Que Temer também vá com os seus. Mas antes deixem o Brasil.

4 de jun. de 2016

IMPÁVIDO GIGANTE

Muhammad Ali, Box, Pugilismo, Ali
Robe usado por Muhammad Ali em 1974
Foto: Public.Resource.org, Domínio público,  tirada em 03/11/2004

Após 62 lutas, 57 vitórias – 37 por nocaute – e 5 derrotas nos ringues, ex-boxeador e maior peso pesado da história do pugilismo, Muhammad Ali morreu ontem (03/06), aos 74 anos, nos Estados Unidos, em decorrência de uma infecção generalizada.

Depois de duelar por 32 anos contra o Mal de Parkinson, Ali deixou a vida para entrar definitivamente no hall da história como The Greatest.

Campeão dentro e fora dos ringues, Muhammad Ali nasceu Classius Marcellus Clay Jr. em um sábado de inverno em Lousisville, cidade mais populosa do estado norte-americano de Kentucky.

Descendente de escravos, Ali descobriu aos 12 anos de idade, ao ter sua bicicleta furtada, que não aceitar ser derrotado seria a maior vitória que poderia obter em vida.

Ao longo de sua trajetória como boxer, Ali marcou a história da humanidade como símbolo de resistência ao recusar combater na Guerra do Vietnã, tornando-se ícone do esporte e cidadão do mundo.


Muhammad Ali, The Greatest
Foto: Reprodução

Crente de que o impossível é apenas uma grande palavra usada por gente fraca, que prefere viver no mundo como ele está, ao invés de usar o poder que tem para muda-lo, melhorá-lo, e de que o impossível não existe, que não é um fato, mas uma opinião, Ali foi defensor perpétuo de causas humanitárias.

Viveu, sofreu, combateu o bom combate e sobreviveu por suas convicções.

Era duro e implacável quando se tratava de submissão, racismo e intolerância. Seus golpes rápidos e precisos atingiam em cheio o preconceito, a alienação e o segregacionismo soberbo dos que detinham o poder político e econômico.

Fora dos ringues, suas atitudes eram certeiras; suas palavras, diretas e cortantes, como espada de dois gumes.

“Aquele que vê o mundo aos 50 anos da mesma forma que o via aos 20 anos, desperdiçou 30 anos de sua vida”. “Campeões não são feitos em academias. Campeões são feitos de algo que eles têm dentro de si – um desejo, um sonho, uma visão”, costumava dizer.

Com a certeza de que a força de vontade deve ser mais intensa do que a habilidade, Muhammad Ali não recuava. Mesmo odiando cada minuto dos treinos, dizia para si mesmo: não desista. Sofra agora e viva o resto de sua vida como um vencedor.

Visionário que concretizou seus sonhos, Ali assumiu riscos. Viveu e morreu como campeão. 

Ele, suas lutas e suas lições ficarão para sempre.

RIP, Muhammad Ali!

2 de jun. de 2016

GOL CONTRA

Temer; Golpe; Brasil; Impeachment; Economia; Reajuste dos Servidores; Política; Congresso Nacional; Senado
Foto: Lula Marques/Agência PT (01/06/2016) Fotos Públicas

O presidente provisório Michel Temer, como já se viu, é um mal administrador, mas vem se superando a cada dia. Ao avalizar ontem (02/06) a aprovação do reajuste federal e do Judiciário, Temer deu um gás na sua má performance e confirmou ser também um péssimo jogador: marcou mais um gol contra o Brasil.

O interino da república voltou a se contradizer rasgando seu discurso reformista e descarrilando o trem conduzido por Henrique Meireles que assumiu o Ministério da Fazenda sob a promessa de que recolocaria a economia nos trilhos.

Valor total da travessura? Entre R$ 58 e R$ 100 bilhões nos próximos quatro anos. O teto de reajuste para o funcionalismo passou para R$ 39.293,00.

Michel não tá nem ai pro Brasil. Daqui há quatro anos estará no esquecimento mesmo. Boi sonso é o que arromba o curral, já dizia a vovó.

Para o país, as consequências serão temerescas. Outra vez quem vai pagar o pato não é a Fiesp, mas o povo. Principalmente os mais pobres.

Enquanto os deputados e os senadores - reféns da Lava Jato e rendidos aos caprichos do interino que quer se tornar definitivo - abençoam as maldades econômicas de Michel, o corporativismo deita e rola. 

Isso porque a reforma da previdência e as mudanças no reajuste do salário mínimo ainda nem entraram verdadeiramente na ordem do dia.

O realismo fantástico de Temer e de seu governo provisório subvertem a realidade fiscal do país. Reforma tributária e política para valer nem pensar. Fora de cogitação.

A cara de pau dos congressistas é tanta que os irresponsáveis aprovaram o rombo nas contas do país no mesmo dia em que a imprensa fez alardes sobre o recuo do Produto Interno Bruto.

Inconsequentes! 

Juntam-se as comadres, revelam-se as verdades.

Deixa estar, seus bola fora!

Quem dá as costas para o povo nada mais verá do que a própria sombra. 

31 de mai. de 2016

LEILOEIROS DO BRASIL

Corrupção; Lava Jato; Temer; Brasil; Congresso Nacional; Golpe; BLOG DO JOAQUIM
Foto: Pedro França/Agência Senado (24/03/2015) Fotos Públicas


A divulgação da lista de doações feitas por empresas e pessoas físicas a candidatos que hoje ocupam Ministérios importantes no governo provisório de Michel Temer é a mais pura demonstração de que o financiamento eleitoral privado permanece sendo a moeda de troca mais valorizada pela classe política e que continua a agir livremente no Brasil.

Segundo reportagem de Raphael Kapa, dez dos 23 ministros escolhidos por Temer receberam doações de pessoas jurídicas e físicas que têm interesse nas decisões que eles tomam em seus cargos públicos.

O levantamento foi feito pela Lupa, primeira agência de notícias do Brasil a checar, de forma sistemática e contínua, o grau de veracidade das informações que circula no país.

Os Ministérios dos quais seus comandantes foram agraciados com doações em dinheiro, além de serem estratégicos, também são responsáveis por decisões de interesse público, mas têm se firmado como os preferidos pela iniciativa privada e pelos assaltantes travestidos de altos executivos que agem em favor de si mesmos em nome do capitalismo selvagem.

Dez Ministérios foram institucionalizados como a porta de entrada de ações personalistas que beneficiam, entre outros, empresas já investigadas pela Operação Lava Jato e que têm tudo para continuarem a promover a corrupção sistemática e perversa em curso no Brasil.

Corrupção falsamente combatida pelos legalistas e por aqueles que tomaram de assalto o poder político do país.

O discurso falso moralista, anticorrupção e reformista do governo Temer, como se não fosse suficiente ser semanalmente contradito pelas quedas de ministros de “competência comprovada”, agora também é desmentido pela continuidade das velhas práticas clientelistas e personalistas aplicadas em forma de assalto por empresas ditas e consideradas idôneas, mas que há muito tempo não estão mais acima de qualquer suspeita.

Não bastasse o Congresso Nacional ser um território ocupado por lobistas profissionais disfarçados de políticos, os Ministérios tornaram-se uma extensão do loteamento que é a política nacional, financiada pela iniciativa privada, sempre pronta para leiloar o Brasil.

Enquanto isso o país continua travado à espera de que o governo interino saia da clandestinidade e assuma o motivo para o qual verdadeiramente veio: rifar o Brasil. 


23 de mai. de 2016

DELAÇÃO AZARADA

Braço forte de Temer, Romero Jucá é desmascarado em áudio comprometedor que envolve STF, Aécio Neves e Renan Calheiros e revela os reais motivos do Impeachment de Dilma Rousseff

Romero Jucá; Lava Jato; Corrupção; Golpe; Temer
Romero Jucá foi pego em conversas reveladoras sobre Lava Jato e Impeachment
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A ficha corrida do senador e ministro licenciado do governo interino de Michel Temer, Romero Jucá, ficou um pouco mais suja na manhã de hoje (23) depois que o jornal Folha de S. Paulo divulgou reportagem e trechos de conversas entre ele o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Ao falar abertamente sobre diversos assuntos e jogar no ventilador o lixo, até então escondido debaixo dos tapetes palacianos, e que levou ao afastamento interino de Dilma Rousseff, Jucá deixou um rastro de sujeira e falcatruas que vai dar diretamente no senador Aécio Neves, de quem disse “conhecer o esquema”.

O principal homem de Temer também envolveu o STF e os militares nos diálogos e lambuzou de vez a já manchada e manjada imagem do governo provisório de Michel Temer.

Jucá, que é a temeridade em pessoa e que já passou pelo PT e PSDB, agora notabiliza-se também como a cara e um dos caras do golpe.

Ao ser pego na gravação reveladora, Romero Jucá escancarou os pontos mal suturados pelos defensores vorazes do processo de impedimento de Dilma e, ao tentar estancar “a sangria que a Lava Jato se tornou”, provocou a primeira grande hemorragia do governo combalido de Temer.

Apontado com bom articulador, Jucá revelou-se um grande borra botas.

Muitas perguntas sugeridas pela conversa entreguista entre Jucá e seu comparsa de improbidades acabaram suscitando questionamentos e levantando dúvidas sobre a atuação de outros atores envolvidos na muvuca que se tornou política brasileira e exigem respostas.

Para quem achava que os articuladores do impedimento já tinham descido o bastante, a gravação divulgada hoje mostrou que o buraco é mais embaixo e ainda pode abrigar outros cadáveres políticos além de Eduardo Cunha, dado como morto por Jucá.

O fedor exalado pela podridão do governo do presidente interino Michel Temer evidencia o despreparo dele, a falta de caráter e incompetência de seus aliados em devolver a governabilidade ao país e em restabelecer a prometida e demagógica Ordem e Progresso.

Ao que parece, Romero Jucá, assim tal e qual a árvore de onde se origina o seu nome e que ao amadurecer produz um fruto escuro e chocalhante porque as sementes soltam no seu interior, parece ter apodrecido antes do tempo e minado um pouco mais a confiança no governo temporário de Michel Temer.

19 de mai. de 2016

GUINADA À DIREITA


Temer golpista; Golpe; Temer; Brasil; Corrupção; Lava Jato
Foto: Reprodução


Desde que aterrissou em Brasília há uma semana, o governo interino de Michel Temer já deu amostras suficientes do jogo que pretende jogar, embora ainda não tenha conseguido decolar de vez. 

O avião Temer, vendido como jato supersônico, na verdade está mais para teco-teco.

O presidente interino está perdido em meio aos desejos e artimanhas daqueles que escolheu para lhe ajudar a “restabelecer a ordem e promover o progresso”, lema de sua administração.

Temer ainda se comporta como quem tem dúvidas se veio realmente para ficar. Está vivendo seu day after de forma malsucedida e repleto de recusas. Só para o cargo de secretário da Cultura recebeu cinco.

Sequer consegue ser o mais do mesmo, como disseram que seria.

A propósito, que equipe idônea e notável é essa a do presidente provisório! Além de citados na Lava Jato, também há aqueles que respondem à acusações diversas na justiça.

Um exemplo deles é o Senhor das Sombras, José Serra, alvo de processo de reparação de danos por improbidade administrativa, ou seja, por ação de deslealdade e desonestidade.

Sem falar em Romero Jucá, que responde a dois inquéritos, um deles, pasmem, por crime de responsabilidade por suposto desvio de verbas federais, e outro por falsidade ideológica.

E a imprensa chapa branca e hegemônica continua fazendo o povo acreditar que a corrupção acabou no Brasil. Plim plim pra você!

Temer faz jus ao título de presidente interino. Não age como mandatário de um país. É a própria interinidade em pessoa. Faz afirmações hoje para negá-las amanhã.

Sem falar que é constantemente posto em xeque por conta das declarações nada conciliadoras de seus subordinados. Tornou-se refém de suas escolhas seletivas e excludentes.

Aliás, o slogan de seu governo interino deveria ser Desordem e Retrocesso, já que anda dando para trás. O temido e promissor governo Temer é absolutamente insipido ou o que é pior, não ata, só desata.

Seus aliados, além de já terem promovido o atraso político, insistem em querer promover também o retrocesso econômico e social, revogando conquistas fundamentais com intervenções e possíveis mudanças devastadoras no SUS, suspensão de contratos do Fies, Prouni e Pronatec, extinção do Ministério da Cultura, e por aí vai.

As respostas que o presidente às avessas prometera dá ao mercado e à população continuam mudas, enquanto as vozes quem vêm das ruas, cada vez mais fortes e audíveis.

O próprio mercado ainda não está totalmente seguro e demonstra fé vacilante em relação às possíveis medidas econômicas de Henrique Meireles e companhia. Não demorará muito para os empresários constatarem que compraram um alazão e levaram um pangaré.

O mais preocupante é que esse governo mal começou, nem de fato nem de direito.

Pelo que tudo indica, o tempo vai continuar nublado na capital federal e as nuvens que cobrem o Brasil tão densas e carregadas que, mesmo que consiga decolar, o aviãozinho Temer corre o risco de perder de vez a rota do país ou de colidir em pleno voo em sua guinada à direita.