22 de nov. de 2016

MORRENDO PELA BOCA

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Temer: ao pé do ouvido
Foto: Lula Marques/Agência PT - Fotos Públicas (24/11/2016)
Sai governo, entra governo e algumas figurinhas carimbadas da política brasileira insistem em adotar velhas práticas erradas. As bolas da vez agora são novamente o indeciso Michel Temer e seu fiel escudeiro Geddel Vieira Lima.

Titular do (des)governo que faz que vai, mas não vai, e crítico feroz das ações da administração anterior, as quais faz questão de classificar como equivocadas, Temer parece disposto a morrer pela boca ao decidir manter no cargo Geddel, seu ombro amigo, acusado, de novo, de benefício pessoal e barganha política.

O agora homem fraco de Michel, mais do que fritar a si mesmo, vai acabar eletrocutando o presidente, que queimado já está.

Por sua vez, Temer não deixa por menos e insiste em desmentir Temer. Contradizendo-se a si mesmo, o presidente só piora sua imagem tão enfraquecida e erra novamente quando não faz o que diz e quando continua a fazer o que condena.

Porém, o que mais chama a atenção é o silêncio conivente dos que há meses atrás insistiam em fazer barulho e alardear ações corruptas todas as vezes que algum cão (in)fiel do governo anterior, o qual ajudaram a derrubar, cometia travessuras.

O silencio do séquito presidencial é sepulcral.

Situação peculiar, atitude esperada ou eles morreram mesmo e viraram almas penadas?

Não. Eles continuam vivinhos da Silva, mas morrendo de medo de também serem pegos na mentira ou de serem alcançados pelas garras do juiz galã.

Antes eles fizessem o mesmo silêncio dos Maracatus na Noite dos Tambores Silenciosos do Recife. Fariam mais bonito.

Entretanto, preferem agir na surdina, na tocaia, na espreita, que nem assassino de aluguel.

Assim como os ratos e seus atos noturnos, são genuínos malabaristas e possuem múltiplas habilidades físicas, tal e qual o Rattus norvegicus, a popular ratazana: nadam, sobem em lugares altos, equilibram-se em fios, mergulham, abrigam-se em tocas que cavam na terra, terrenos baldios, lixões e sistemas de esgotos. 

10 de nov. de 2016

LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

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Donald Trunp, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com
A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, mas do que surpresa, causou decepção. A possibilidade dele obter sucesso na corrida eleitoral sempre foi um risco iminente, embora subestimado pela imprensa mundial. 

A decepção ocorre pelo fato de Trump ter sido eleito em um momento em que a humanidade necessita de homens públicos que tenham valores contrários aos que ele faz questão de demonstrar possuir.

Afirmei em outro artigo e reafirmo agora: Trump é o que é.

Donald Trump não se esconde atrás da máscara do politicamente correto, como fazem a maioria dos norte-americanos. Talvez isso seja o que há de pior e o de melhor nele: sua sinceridade.

A sinceridade de opiniões e as atitudes repletas de sentimentos baixos, mas deliberadamente assumidos, ao mesmo tempo que incomoda e preocupa o mundo, dão a Trump coragem para seguir em frente. Entretanto, da mesma forma que a sinceridade dele hoje é seu sucesso, amanhã poderá ser seu fracasso.

Apesar de tudo, prefiro a sinceridade politicamente incorreta de Trump do que a falsidade travestida de bom mocismo de hipócritas e golpistas. 

Por outro lado, considerando o atual contexto mundial, a realidade norte-americana e a dificuldade do ser humano em eleger qual o melhor caminho seguir, os estadunidenses se viram em um mato sem cachorro.

Se Trump é o sinônimo da antipolítica e o antônimo da diplomacia, Hilary Clinton também não fica para trás. Não me parecia ser o melhor, nem para o povo norte-americano nem para o mundo.

Hilary não é nenhum exemplo de bom estadista nem o suprassumo da quintessência. As atitudes e decisões que tomou durante o governo de Barack Obama falam por ela.

Na verdade, Hilary representava a opção menos pior para os norte-americanos, mas também era um risco.  Pouco evidente, mas nem por isso menor.

Donald Trump, Trump, EUA, Eleições americanas, Hilary Clinton, Hilary, Poder, Mundo
Donald Trump, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com


Outrossim, a política, lá é cá, tem-nos nos dado lições diárias, de modo que, ser eleito é uma coisa, ter legitimidade é outra. O Brasil que o diga.

Entretanto, o discurso nada diplomático e pouco conciliador de Trump ao dizer, depois de confirmada sua vitória, que os EUA só vão se relacionar com quem quer se relacionar com eles, demonstra pouco flexibilidade em dialogar, mas não lhe oferece alternativa: ou Trump se insere na realidade do mundo ou vai ser anulado e engolido por ele.

Nesse caldeirão em constante estado de ebulição, cheio de dúvidas e repleto de impermanência, a única certeza aparente, pelo menos por enquanto, é que com Donald Trump o mundo viverá uma longa jornada noite adentro.

Contudo, é esse mesmo mundo que rejeita Donald Trump que terá pela frente o maior desafio: tentar convencê-lo a se tornar um ser humano melhor.

31 de out. de 2016

AI DE NÓS!

Foto: Reprodução
O conservadorismo foi o principal vencedor das eleições municipais de 2016.

Desiludidos com os políticos profissionais e tomados de repulsa pelas ações corruptas praticadas de forma generalizadas por irresponsáveis travestidos de estadistas, os brasileiros resolveram apostar nos “novos representantes da política”.

Figuras que, espertamente, se colocaram à margem de qualquer indício que os classificassem como continuístas do sistema apodrecido e viciado que se tornou nossa política atual, os novos gestores municipais se apresentaram tão autênticos quanto moeda de vinte centavos.

O brasileiro fez uma aposta delicada: trocou o partidarismo pela demagogia. A aposta é ousada, mas o risco também é alto e perigoso. Quando menos esperarem, os eleitores brasileiros vão ver que foram sorrateiramente enganados. Outra vez.

Quando pregam o discurso de que não são políticos, os “gestores” recém eleitos não só dissimulam como também praticam o pior da política: a politicagem.

Por mais que neguem, muitos deles foram eleitos exatamente porque as legendas que representam não fazem outra coisa senão política, politicagem e demagogia. Como dizer que não são políticos, então?

Não há nada mais político do que não assumir que é político, já disseram.

Foto: Pixabay

Ao convencerem os brasileiros decepcionados com a atual forma de se fazer política, os políticos “não políticos” cometeram três desvios: 

  1. Mentiram; 
  2. Assumiram que as prefeituras, tanto quanto suas empresas, são um grande negócio;
  3. Confirmaram que são marionetes manipuladas por seus sombras, políticos profissionais e instituições que se preocupam apenas com seus projetos pessoais de poder.
Se os futuros prefeitos gestores de fato não são políticos, alguém é ou será por eles. Logo, a tal aposta nos “não políticos” não passará de uma farsa bem tramada e maniqueísta.

O grau de profissionalismo de nossos políticos de carteirinha assumiu um grau de sofisticação e de ilusionismo tão maleficamente precioso que é capaz de fazer inveja e pôr no bolso o maior de todos os mágicos.

Os novos prefeitos eleitos são, nada mais nada menos, do que expressões potencializadas do populismo: dizem para o povo o que o povo quer ouvir. Antes dissessem o que realmente pensam e fossem realmente apolíticos. Seria mais honesto.

Nesse roteiro surrealista com ares de tragicomédia, cabe aqui uma frase bastante pertinente e ilustrativa dita pelo dramaturgo, poeta e ensaísta austríaco Karl Kraus: “O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”.

Maléfica, sarcasticamente e ardilosamente enganados, os brasileiros correm o risco, novamente, de irem dormir no paraíso e acordarem na desolação. 

Ai de nós, pobres mortais!

5 de out. de 2016

CARA E COROA

A  alta reprovação não tem dado trégua para Michel Temer
Foto: Reprodução
Aproveitando-se da derrota que o PT sofreu na disputa pelas prefeituras da maioria dos municípios brasileiros, Michel Temer e João Dória resolveram encomendar o enterro do Partido dos Trabalhadores antes mesmo dele ser dado definitivamente como morto, confirmando que aonde vai o peão vai o ferrão.

Usando a estratégia de que a melhor defesa é o ataque, Temer e Dória estão indo com tudo para cima do PT. A tática além de arriscada também é perigosa e nada razoável.

Michel Temer resolveu fazer propaganda contrária aos governos petistas. Dória decidiu, a princípio em caráter irrevogável, voltar a elevar a velocidade nas marginais, uma das medidas impopulares tomadas por Fernando Haddad, mas que reduziu o número de mortes na capital paulista três vezes mais do que em todo o estado de São Paulo de janeiro a agosto desse ano.

Tanto Temer como Dória querem a mesma coisa com objetivos diferentes: Aprovação. O presidente para melhorar sua imagem e o prefeito eleito de São Paulo para manter-se bem na foto.

Pura vaidade política e ledo engano. Tentando desconstruir a imagem já combalida do PT, ambos correm sério risco de piorarem suas imagens e pagarem de oportunistas.

Alckmin e Dória:Inseparáveis
Foto: Reprodução


Dória usa da mesma truculência política de seu apadrinhado, o governador Geraldo Alckmin, e da tão conhecida arrogância tucana. Temer, do mesmo espírito vingativo e inconsequente de Eduardo Cunha.

Dória não só erra como também mente ao dizer que não vai ser político, mas gestor. Negar ser político é no mínimo apolítico, o que definitivamente João Dória já deixou claro que não é.

Temer, que anda mais feio na foto do que sorriso de bicho papão, também erra duplamente. Primeiro como político experiente e já manjado. Segundo, como o mal gestor que vem sendo desde que assumiu interinamente a presidência do Brasil.

Temer atribuir exclusivamente a culpa pela crise do pais a Dilma Rousseff e ao PT além de inverossímil é brincar com a inteligência do brasileiro chamando de burro os 39% dos que reprovam seu (des)governo e os 31% que o consideram pior do que Dilma, segundo pesquisa CNI/Ibope.

O fato é que a imagem de Temer está mais suja do que filhote de suíno.

Ao querer pagar de vítima, Temer atira no próprio pé. O argumento de que era só um vice-presidente decorativo não cola mais diante da constatação de que o PMDB se beneficiou das propinas da Petrobrás e foi omisso quando não se colocou contra as medidas econômicas adotadas por Dilma Rousseff.

Michel Temer e o PMDB foram avalistas dos governos petistas de Lula e Dilma. 

Ao quererem não fazer política e fazer política de forma errada, Dória e Temer só confirmam que são maus políticos. O verso e o reverso da politicagem. A corda e a caçamba.

3 de out. de 2016

FELIZ 2018!

Eleições municipais surpreendem, decepcionam e antecipam a chegada de 2018

Foto: Reprodução Pixabay


As eleições 2016 chegaram ao fim em boa parte das capitais do país e na maioria dos 5.570 municípios brasileiros com alguns resultados previsíveis, outros inesperados, mas todos antecipando um provável cenário político eleitoral para os próximos dois anos.

Dessa vez, entre mortos e feridos nem todos se salvaram.

Entre as surpresas estão a eleição de João Dória Júnior (PSDB) em São Paulo e um segundo turno no Rio de Janeiro entre Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), candidatos que não tem relações estreitas ou não estão ligados diretamente ao PT nem ao PSDB.

Em relação aos perdedores e ganhadores, o maior derrotado em todo o país foi o PT. O partido teve sua força e influência política profundamente abaladas até mesmo em seu alicerce eleitoral, as periferias do Brasil.

A partir do resultado das eleições é possível afirmar que os domicílios eleitorais petistas está condenados e com rachaduras por todos os lados, embora ainda se mantenham de pé.

Minado pelas denúncias da Lava Jato e com suas principais lideranças políticas em baixa, o Partido dos Trabalhadores viu a quantidade de prefeituras que conquistou nos últimos 14 anos reduzirem de 644 em 2012 para 256 esse ano.

Se conseguir vencer nos outros municípios em que ainda vai disputar o segundo turno, o PT poderá eleger 263 prefeitos, número próximo às 187 prefeituras conquistadas em 2000.

Outra derrotada em São Paulo foi Marta Suplicy. Em quarto lugar na contagem total dos votos, Marta só conseguiu conquistar a preferência de 10% dos paulistanos, ficando atrás de Celso Russomano que obteve 13,64% dos votos.

Dona Marta foi traída por ela mesma, por suas escolhas erradas e por suas opções equivocadas. Chegou a negar que era de esquerda e a renunciar seu passado petista.

Marta, que foi acusada de traidora e oportunista, obteve um resultado que fez jus às suas atitudes. A peemedebista teve um comportamento completamente oposto ao de Eduardo Suplicy. 

Apesar de sua fidelidade partidária e das denúncias que pairam sobre o PT, Suplicy foi eleito o vereador com melhor desempenho em São Paulo e obteve 301.446 votos.

As candidaturas de Marta e Russomano, mas do que ajudar o PSDB, prejudicaram e derrotaram o PT tirando, pelo menos, 25% dos votos de Fernando Haddad.

Analistas atribuem a vitória dos tucanos na capital paulista à força política do governador Geraldo Alckmin, o que não é 100% verdade.

Além da blindagem natural dada os tucanos pelo Ministério Público que não apura nem investiga devidamente o PSDB, partido que possui o mesmo comportamento errático e corruptível do PMDB, é possível afirmar que os tucanos foram favorecidos muito mais pela condenação sumária sofrida pelo PT, fortemente acusado de ter inventado a corrupção no Brasil - o que não é verdade -, do que por seus dons políticos.

O principal mérito do governador paulista não foi a excelência de sua administração, aliás, cheia de truculências, violência policial e de denúncias mal investigadas, como o desvio de R$ 2 bilhões da merenda das escolas paulistas.

O trunfo de Alckmin foi não ter aberto mão da escolha do nome de Dória e ter resistido às investidas descontentes de seus adversários dentro do partido, entre eles José Serra, outro grande derrotado.

Conhecido como o Senhor das Sombras por tramar contra os companheiros de partido, Serra viu sua aposta na chapa Marta Suplicy/Andrea Matarazzo morrer na beira da praia, o que pode indicar que ele corre o risco de ser o próximo náufrago peessedebista na disputa presidencial de 2018.

A vitória de João Dória devolveu o comando da prefeitura da maior cidade do pais ao PSDB, mas não selou a paz entre as alas descontentes do partido. Pelo contrário, aumentou e evidenciou as rachaduras no ninho tucano.

Dória, que até ontem não era político, não é mais só o afilhado de Geraldo Alckmin, agora também deverá ser seu principal cabo eleitoral nas eleições presidenciais de 2018.

Nesse cenário de continuísmo, a Rede Sustentabilidade tida como símbolo de partido correto e limpo, só conquistou cinco prefeituras no primeiro turno, podendo chegar ao total de oito se conseguir vencer as outras três que ainda disputa no segundo turno.

A legenda de Marina Silva, com apenas 995.447 votos em todo o país, continua sem expressão, influência política e perdida em meio aos partidos nanicos. 

Contudo, o brasileiro, que disse ter ido às ruas para acabar com a corrupção, não votou pela mudança nem pela renovação, mas continuou a colocar no poder partidos não menos corruptos e corruptíveis.

Entretanto, todavia, de uma forma ou de outra, para o bem ou para o mal, 2018 já chegou. Firme, forte, surpreendente, mas também cheio de dúvidas e incertezas políticas.

16 de set. de 2016

TALENTO E SIMPATIA

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Domingos Montagner em cena como Palhaço
Foto: Reprodução

A morte do ator Domingos Montagner, aos 54 anos, na tarde de ontem(15) uniu em uma mesma comoção família, fãs, amigos e artistas.
  
O ator, que  quando criança queria ser bombeiro e quando adulto formou-se em Educação Física, brilhava na televisão, mas encontrou no teatro  sua porta de entrada na vida artística.

Apaixonado pelo circo, Domingos Montagner atuava também como Palhaço. Criou e liderou o grupo La Mínima e fundou o Circo Zanni, do qual era diretor artístico.

Querido pelos companheiros de profissão, Montagner também era admirado e respeitado por conta de seu talento e sua dedicação como ator.  


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Domingos Montagner morreu aos 54 anos e no auge da carreira
Foto: Reprodução/Facebook

Em mais de 20 anos de carreira, trabalhou também no cinema  e foi premiado como melhor ator de teatro.

No auge do sucesso na TV, Montagner se despede da vida e da arte precocemente, mas reconhecido por seu talento e  simpatia. 

Em pleno exercício da profissão, parte deixando risos, saudade, e fazendo o que tanto amava: atuar.

RIP, Domingos Montagner!



13 de set. de 2016

ADEUS, QUERIDO!


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Depois de vários adiamentos, Eduardo Cunha foi finalmente cassado
Foto: Lula Marques/Agência PT

o deputado federal Eduardo Cunha viu seu projeto de poder afundar na noite da segunda-feira (12). Depois de vários meses de atraso, o Congresso Nacional cassou o mandato do parlamentar fluminense.

Demorou.

Sem dó nem piedade, os correligionários, aliados políticos e desafetos de Cunha condenaram o herói brasileiro às avessas ao ostracismo político e fizeram o feitiço virar contra o feiticeiro.

Cunha, que já estava praticamente fora do jogo, agora é definitivamente carta fora do baralho.

Nem mesmo Michel Temer, principal beneficiado pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff, instaurado por Cunha, agiu para salvar o ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Temer, que anda mais exposto do que corpo de modelo em propaganda de cerveja, está esperto e na expectativa de uma possível contrapartida cunhalesca. 

Resta saber de Michel Temer vai ter a mesma coragem de Dilma: resistir às chantagens e ameaças de Cunha.

De espirito vingativo, Eduardo Cunha dificilmente deixará a traição cair no esquecimento.

Contudo, sem o mandato parlamentar, enfraquecido e sem herdeiros políticos, Cunha corre o risco de ver as verdades secretas que sabe sobre a maioria dos parlamentares do Congresso serem transformadas em denúncias vazias.

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Possível delação de Cunha pode se transformar em denúncia vazia.
Foto: Reprodução

Se revelar tudo o que sabe, Cunha terá seu caráter maléfico e sua instabilidade emocional confirmados. Assistirá pela TV sua honestidade e idoneidade serem duramente massacradas por seus então parceiros políticos.

Se sabia de tudo, porque não revelou antes? Será a pergunta mais óbvia e a desculpa mais esfarrapada usada pelos possíveis acusados para se defenderem.

Cunha tem o perfil de quem não costuma se arrepender, mas, se arrependimento matasse, o homem bomba do Congresso Nacional a essas horas estaria morto, explodindo-se a ele e seus pares.

A dúvida agora é se os homens de capa preta também vão dar a Eduardo Cunha a merecida punição ou se vão transformá-lo em um segundo Paulo Maluf, deixando-o eternamente à espera do juízo final.

Quem viver esperará.

30 de ago. de 2016

FIRME E DE PÉ

Impecahment, Dima Rousseff, Política Brasil. Brasil
Dilma Rousseff discursa no Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O discurso de ontem de Dilma Rousseff confirmou o que todos, e ela, já sabiam: a cassação de seu mandato há muito tempo já era favas contadas.

Não que as palavras da presidente estivessem carregadas de conformismo ou amparadas em uma fé vacilante, mas, considerado a qualidade e o histórico daqueles que vão julgá-la, Dilma sabe que somente um milagre político pode salvá-la do impeachment. 

Como santo de casa não faz milagre, e de santo o Senado não tem nem a auréola, essa máxima não seria diferente.

Chamou atenção o discurso de Dilma: Integro, sereno, firme e decidido. Digno de quem sabe que vai cair, mas prefere cair de pé e dos que têm certeza que vão ser mortalmente atingido, mas mesmo assim morrem lutando.

Lula acertou ao afirmar que Dilma não discurso para os senadores, mas para o Brasil.

Mais do que fazer apologias sobre si, a presidente conseguiu o que lhe negado ou podado pela mídia hegemônica: falar para os mais de 51,64% que lhe elegeram democraticamente e para outros 48,36% que lhe negaram o voto. Dilma falou para todos.

Dilma Rousseff também fez questão de deixar claro o que o Congresso inteiro tem certeza, mas que muitos brasileiros e brasileiras ainda tinham dúvida: o impedimento dela é um ato político e não julgamento jurídico.

A presidente acertou o ir ao Senado. Teve a oportunidade, e soube aproveitá-la, de falar e olhar cara a cara cada um dos seus algozes, a maioria deles indignos de estarem ali por seu passado, seu presente e seu futuro inglório manchado de lama e seus bolsos recheados de dinheiro sujo.

Não pior das hipóteses, Dilma sairá definitivamente da presidência da República de forma equivocada, mas entrará para a história fazendo jus à sua coerência e personalidade política.


24 de ago. de 2016

OU VAI OU VAI

O Grito, de Edvard - Munch
Foto: Reprodução
Aos poucos a cara de um provável governo permanente de Michel Temer vai ficando mais nítida e seus contornos mais delineados. Seja como for, a administração Temer não terá a cara da maioria dos brasileiros.

As ações temerescas que estão em curso não deixam mentir.

O empenho e a preocupação do interino da república em trabalhar para aumentar o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e a intenção de fixar a idade mínima para a aposentadoria em 70 anos são duas excrescências indecentes e inaceitáveis que apontam que os dias serão difíceis, principalmente para as classes sociais mais numerosas e menos favorecidas.

Como se não bastasse um interino inábil e orientado pela vontade de seus parças, temos também um STF acuado e corporativista.

Uma corte de magistrados que só querem vir a nós, vosso reino nada.

Tentar agradar os ministros do STF por medo de investigações mais categóricas e punições efetivas é descer baixo demais sem querer que apareça o fundilho.

Não surpreendem nem causam espanto, vindo de quem vem. Só atiçam e provocam a revolta.

Se for essa a intenção, ponto negativo para eles; possibilidade efetiva para a maioria dos brasileiros fazer a verdadeira diferença.

As medidas que estão prontas e costuradas, além das que devem estar sendo preparadas, têm tudo para fazer o cidadão sentir, em pouquíssimo tempo, saudade dos que governavam antes da democracia ser assaltada e transformar o mandado efetivo do interino numa chance real de mudanças. Para o bem ou para o mal.

O governo Temer dá sinais que pode sim torna-se um tiro que saiu pela culatra ou ser vitimado pela força das vozes que forem para as ruas.


16 de ago. de 2016

CAMALEOA PERFORMÁTICA

Elke Maravilha, Elke, Humor, Irreverência
Elke Maravilha era a alegria em pessoa.
Foto: Reprodução


Elke Maravilha se foi.

Dona de um sorriso gostoso que ia além da boca, a Camaleoa era a simpatia em pessoa. Diva de múltiplos talentos, de vários disfarces, mas sempre com a mesma cara: a da alegria.

Polemica às vezes, irreverente sempre. Assumidamente irreverente.

Revolucionaria independente, defendia seus afilhados, gays e prostitutas, com garras de leoa. Sabia ser felina quando queria ou quando a situação lhe exigia.

Elke fazia questão de balançar o coreto.

Brasileira que nasceu na Rússia, Elke Maravilha sabia como poucos alegrar a muitos, mas, quando queria, também conseguia desagradar os preconceituosos sem dó nem piedade. Os caretas e os ditadores tupiniquins que o digam.

Elke Maravilha não teve filhos, mas foi a mãezona dos que souberam aproveitar sua alegria escancarada despida de preconceitos.

Paraninfa do humor, Elke só conseguiu com a morte o que jamais conseguiria em vida: fazer seus fãs chorarem.

Que o som de suas gargalhadas nos afogue em alegria!

RIP, Elke Maravilha