5 de dez. de 2016

POETA INCONTINENTE

Ferreira Gullar, Poesia Brasileira, Poeta Subversivo, Poema Sujo
Ferreira Gullar, Poeta incontinente
Foto: Reprodução

O poeta Ferreira Gullar, morto ontem, aos 86 anos, era um homem de palavras e de palavra. Soube manejá-las, dizê-las e cumpri-las com jovial vigor.

Ferreira Gullar Soube navegar como poucos no oceano das paixões tamanhas e passear com propriedade pelo universo diverso das contradições e convergências humanas não menos pequenas. 

Viajou gostoso do erudito ao popular e escreveu versos que se transformaram em música. É dele a letra de O Trenzinho Caipira, melodia de Heitor Villa Lobos.

Exilado pela ditadura militar, não se exilou. Subvertendo a ordem e as ordens, permaneceu guerrilheiro ativo, combatente clandestino, como afirmou em seu Poema Sujo.

Peregrinou a contar e a cantar o Brasil e a América Latina em versos e prosa, em concretimo(s), sem omitir o princípio de realidade nem negar os sonhos diversos de nossas latinidades várias.

Poeta Grande e incontinente, voz dissonante, Ferreira Gullar deixou as palavras e a poesia de luto em uma manhã outonal de um domingo frio quente, não morno, como ele e seus versos, adversários implacáveis das rimas fáceis e das palavras encaixáveis.

Poeta de versos, com olhares diversos sobre um país diverso, Ferreira Gullar vai fazer falta em um mundo em que a verdade e a dúvida são cada vez mais raras e onde as inverdades e a desconfiança abundam.

Evoé, Poeta Grande!

RIP, Ferreira Gullar!




2 de dez. de 2016

DEBATE REFORMA DA PREVIDÊNCIA

PONTO & CONTRAPONTO DEBATE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA
FOTO: PIXABAY.COM







O Ponto & Contraponto é um programa de debates que aborda temas atuais para o público em geral. O tema dessa edição foi a Reforma da Previdência.


Debateram  o assunto, o professor do Insper e economista Antônio Bruno Cardoso Morales e a advogada previdenciária Marta Gueller.


O programa foi uma realização conjunta dos jornalistas Tatiane Mello, Luiz Felipe Correia, Vinícius Souza e Joaquim Silva Filho para Uninove - Universidade Nove de Julho - sob a supervisão do  Professor Doutor João Luiz Gago.

NO FIO DA NAVALHA

Disputa entre os três poderes no Brasil, Três Poderes, STF, Senado, Política Brasil, Renan Calheiros, Lava  Jato
Foto: Reprodução Pixabay Public Domain


Os últimos acontecimentos da política nacional e as disputas de ego entre os três poderes para determinar que tem mais força estão levando Brasil a um estado de catalepsia progressiva e aos poucos vão fazendo com o que o país entre em um processo de perdas irreversíveis.

A falta de legitimidade do governo brasileiro é a principal causa de nossa paralisia. 

Governo de um presidente que não foi eleito, mas promovido.

Paralisia que é notadamente resultado de um conjunto desordenado de comportamentos equivocados que só se acentuam e afetam com intensidade cada vez maior nossos movimentos e nossa postura.

Estamos caminhando para um estado de coma induzido, provocado pela irresponsabilidade e inabilidade política dos três poderes, pela incapacidade gritante deles em se respeitarem ou de se colocarem em seus devidos lugares e pelo desespero dos derrotados em não aceitarem a derrota nas urnas.

Já não é mais uma quebra de braço ou uma luta em vários rounds, mas sobreposição de poderes mesmo.

O acavalamento entre Executivo, Legislativo e Judiciário é para lá de inconsequente. Ou pior: de consequências letais. 

Esse estado de coisas só gera confusão, impossibilita a discussão favorável. Não soma nem divide, só subtrai e nos rouba deliberadamente.

Pelo que tudo indica, o clima de vingança instaurado por Eduardo Cunha parece ter feito escola e está sendo mesmo pior do que podia supor nossa vã filosofia.

Disputa entre os três poderes no Brasil, Três Poderes, STF, Senado, Política Brasil, Renan Calheiros, Lava  Jato
Foto: Reprodução Pixabay Public Domain
A guerra entre os poderes, que dizem estarem sólidos e constituídos, limita o debate político à disputa entre o bem e mal, tornando-nos cada vez mais reféns dos humores e das instabilidades emocionais de homens e mulheres trajados de terninhos bem cortados e de capas pretas esvoaçantes.

Homens e mulheres que estão tão próximos da santidade quanto o Brasil de Calbayog, cidade mais distante do nosso páis e que fica nas Filipinas e que está cerca de 20 mil quilômetros longe de nós.

“Casa de ferreiro, espeto de pau” ou “quem com o ferro fere com o ferro será ferido”, definem melhor esses digníssimos senhores e senhoras e suas atitudes.

Não bastasse a irracionalidade visível dos que se dizem racionais, mas que não pensariam duas vezes antes de jogar tudo para o alto, como se o país estivesse atrelado a eles igualmente ao que ocorre em uma relação passional fundamentada em ameaças, cria-se também um ambiente, embora não tranquilo, favorável ao surgimento de um herói nacional.

No estado em que a coisas chegaram, não vai demorar muito para que o salvador da pátria, o político messiânico se apresente e se coloque a postos para nos redimir ou nos condenar a danação total.

É isso o que acontece quando a democracia é assaltada e aviltada como foi a nossa. Resta saber se estamos dispostos a correr um risco tão alto. Espero que não. 

Portanto, recobremos a consciência e a memória o quanto antes, caso contrário estaremos todos definitivamente ferrados por essa disputa de poder entre os dinossauros contaminados de naftalina, e presos por seus egos inflados de orgulho, furor, vento e tempestade.

26 de nov. de 2016

PARA SEMPRE EL COMANDANTE

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El Comandante e Che Guevera
Fotos: Pixabay

Fidel Castro, líder revolucionário e ex-presidente de Cuba, morto ontem (25), aos 90 anos, afirmou certa vez que se alguém não faz, o tempo todo, tudo aquilo que pode e até mais do que pode, é exatamente como se não fizesse absolutamente nada. 
A frase, dita há mais de duas décadas, hoje não é só autobiográfica, mas define também quem Fidel foi e o que representou para o mundo: um lutador incansável.

Fidel foi chamado de tudo e vários adjetivos foram utilizados para classificá-lo e desclassificá-lo: ditador, inflexível, centralizador, líder, valente, feroz, destemido, generoso. Porém, nenhuma outra expressão o representa melhor do que El Comandante.

Além de simbólica, forte e marcante, a expressão, que ao mesmo tempo é homenagem, reconhecimento e titulo, representa também alguém que sempre fez questão de estar à frente de seu tempo e que nunca fugiu à luta, impossibilitando assim, quase que unanimemente, que alguém possa chama-lo de covarde e vacilante.

Pelo contrário. Ao longo de nove décadas, El Comandante fez justiça ao seu nome: Fidel sempre foi e permaneceu fiel e sincero.

Fidelidade e sinceridade que incomodaram porque Fidel Castro, enquanto revolucionário, não enxergava apenas a parte, mas fazia questão de ver o todo, o comum, o igual, o outro.  

Fidel foi um revolucionário que não se furtou a perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral, como também afirmou.

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Fidel Castro: Símbolo da luta e da resistência
Foto: Pixabay


Amado e odiado, temido e respeitado, conciliador e provocador, Fidel Castro também foi considerado por muitos, ao longo de vários anos, o sinônimo e o antônimo de luta, resistência, firmeza, rigidez, inflexibilidade, excesso e ausência de princípios.

Inteligência equilibrada que não dispensava o senso utilitário e comunitário, Fidel Castro sai da vida e entra para a história sem que se tenha tornado uma unanimidade nem para o bem e nem para o mal.

Líder para  uns, vilão para outros, mas exemplo para todos de que o conhecimento sem ação leva à estagnação e à morte dos sonhos. 

Guerrilheiro incansável, estrategista sem igual que colocou a luta à frente da vida, humano e passível de erros como todos nós, Fidel fará falta em um mundo que cada vez mais procura se encerrar em si mesmo e no individualismo desmedido do capitalismo globalizante, selvagem e predador.

Entretanto, a consciência que Fidel possuía de que os homens não moldam seu destino, mas que o destino produz o homem de cada momento; a certeza que os homens passam, mas os povos e as ideias ficam, permanecerão por muito tempo e seguirão contando sua história.  

História que não trai e que, como ele acreditava, o absolverá de qualquer acusação que possam vir a lhe imputar.

RIP, El Comandante!

22 de nov. de 2016

MORRENDO PELA BOCA

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Temer: ao pé do ouvido
Foto: Lula Marques/Agência PT - Fotos Públicas (24/11/2016)
Sai governo, entra governo e algumas figurinhas carimbadas da política brasileira insistem em adotar velhas práticas erradas. As bolas da vez agora são novamente o indeciso Michel Temer e seu fiel escudeiro Geddel Vieira Lima.

Titular do (des)governo que faz que vai, mas não vai, e crítico feroz das ações da administração anterior, as quais faz questão de classificar como equivocadas, Temer parece disposto a morrer pela boca ao decidir manter no cargo Geddel, seu ombro amigo, acusado, de novo, de benefício pessoal e barganha política.

O agora homem fraco de Michel, mais do que fritar a si mesmo, vai acabar eletrocutando o presidente, que queimado já está.

Por sua vez, Temer não deixa por menos e insiste em desmentir Temer. Contradizendo-se a si mesmo, o presidente só piora sua imagem tão enfraquecida e erra novamente quando não faz o que diz e quando continua a fazer o que condena.

Porém, o que mais chama a atenção é o silêncio conivente dos que há meses atrás insistiam em fazer barulho e alardear ações corruptas todas as vezes que algum cão (in)fiel do governo anterior, o qual ajudaram a derrubar, cometia travessuras.

O silencio do séquito presidencial é sepulcral.

Situação peculiar, atitude esperada ou eles morreram mesmo e viraram almas penadas?

Não. Eles continuam vivinhos da Silva, mas morrendo de medo de também serem pegos na mentira ou de serem alcançados pelas garras do juiz galã.

Antes eles fizessem o mesmo silêncio dos Maracatus na Noite dos Tambores Silenciosos do Recife. Fariam mais bonito.

Entretanto, preferem agir na surdina, na tocaia, na espreita, que nem assassino de aluguel.

Assim como os ratos e seus atos noturnos, são genuínos malabaristas e possuem múltiplas habilidades físicas, tal e qual o Rattus norvegicus, a popular ratazana: nadam, sobem em lugares altos, equilibram-se em fios, mergulham, abrigam-se em tocas que cavam na terra, terrenos baldios, lixões e sistemas de esgotos. 

10 de nov. de 2016

LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

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Donald Trunp, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com
A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, mas do que surpresa, causou decepção. A possibilidade dele obter sucesso na corrida eleitoral sempre foi um risco iminente, embora subestimado pela imprensa mundial. 

A decepção ocorre pelo fato de Trump ter sido eleito em um momento em que a humanidade necessita de homens públicos que tenham valores contrários aos que ele faz questão de demonstrar possuir.

Afirmei em outro artigo e reafirmo agora: Trump é o que é.

Donald Trump não se esconde atrás da máscara do politicamente correto, como fazem a maioria dos norte-americanos. Talvez isso seja o que há de pior e o de melhor nele: sua sinceridade.

A sinceridade de opiniões e as atitudes repletas de sentimentos baixos, mas deliberadamente assumidos, ao mesmo tempo que incomoda e preocupa o mundo, dão a Trump coragem para seguir em frente. Entretanto, da mesma forma que a sinceridade dele hoje é seu sucesso, amanhã poderá ser seu fracasso.

Apesar de tudo, prefiro a sinceridade politicamente incorreta de Trump do que a falsidade travestida de bom mocismo de hipócritas e golpistas. 

Por outro lado, considerando o atual contexto mundial, a realidade norte-americana e a dificuldade do ser humano em eleger qual o melhor caminho seguir, os estadunidenses se viram em um mato sem cachorro.

Se Trump é o sinônimo da antipolítica e o antônimo da diplomacia, Hilary Clinton também não fica para trás. Não me parecia ser o melhor, nem para o povo norte-americano nem para o mundo.

Hilary não é nenhum exemplo de bom estadista nem o suprassumo da quintessência. As atitudes e decisões que tomou durante o governo de Barack Obama falam por ela.

Na verdade, Hilary representava a opção menos pior para os norte-americanos, mas também era um risco.  Pouco evidente, mas nem por isso menor.

Donald Trump, Trump, EUA, Eleições americanas, Hilary Clinton, Hilary, Poder, Mundo
Donald Trump, Presidente eleito dos EUA
Foto: pixabay.com


Outrossim, a política, lá é cá, tem-nos nos dado lições diárias, de modo que, ser eleito é uma coisa, ter legitimidade é outra. O Brasil que o diga.

Entretanto, o discurso nada diplomático e pouco conciliador de Trump ao dizer, depois de confirmada sua vitória, que os EUA só vão se relacionar com quem quer se relacionar com eles, demonstra pouco flexibilidade em dialogar, mas não lhe oferece alternativa: ou Trump se insere na realidade do mundo ou vai ser anulado e engolido por ele.

Nesse caldeirão em constante estado de ebulição, cheio de dúvidas e repleto de impermanência, a única certeza aparente, pelo menos por enquanto, é que com Donald Trump o mundo viverá uma longa jornada noite adentro.

Contudo, é esse mesmo mundo que rejeita Donald Trump que terá pela frente o maior desafio: tentar convencê-lo a se tornar um ser humano melhor.

31 de out. de 2016

AI DE NÓS!

Foto: Reprodução
O conservadorismo foi o principal vencedor das eleições municipais de 2016.

Desiludidos com os políticos profissionais e tomados de repulsa pelas ações corruptas praticadas de forma generalizadas por irresponsáveis travestidos de estadistas, os brasileiros resolveram apostar nos “novos representantes da política”.

Figuras que, espertamente, se colocaram à margem de qualquer indício que os classificassem como continuístas do sistema apodrecido e viciado que se tornou nossa política atual, os novos gestores municipais se apresentaram tão autênticos quanto moeda de vinte centavos.

O brasileiro fez uma aposta delicada: trocou o partidarismo pela demagogia. A aposta é ousada, mas o risco também é alto e perigoso. Quando menos esperarem, os eleitores brasileiros vão ver que foram sorrateiramente enganados. Outra vez.

Quando pregam o discurso de que não são políticos, os “gestores” recém eleitos não só dissimulam como também praticam o pior da política: a politicagem.

Por mais que neguem, muitos deles foram eleitos exatamente porque as legendas que representam não fazem outra coisa senão política, politicagem e demagogia. Como dizer que não são políticos, então?

Não há nada mais político do que não assumir que é político, já disseram.

Foto: Pixabay

Ao convencerem os brasileiros decepcionados com a atual forma de se fazer política, os políticos “não políticos” cometeram três desvios: 

  1. Mentiram; 
  2. Assumiram que as prefeituras, tanto quanto suas empresas, são um grande negócio;
  3. Confirmaram que são marionetes manipuladas por seus sombras, políticos profissionais e instituições que se preocupam apenas com seus projetos pessoais de poder.
Se os futuros prefeitos gestores de fato não são políticos, alguém é ou será por eles. Logo, a tal aposta nos “não políticos” não passará de uma farsa bem tramada e maniqueísta.

O grau de profissionalismo de nossos políticos de carteirinha assumiu um grau de sofisticação e de ilusionismo tão maleficamente precioso que é capaz de fazer inveja e pôr no bolso o maior de todos os mágicos.

Os novos prefeitos eleitos são, nada mais nada menos, do que expressões potencializadas do populismo: dizem para o povo o que o povo quer ouvir. Antes dissessem o que realmente pensam e fossem realmente apolíticos. Seria mais honesto.

Nesse roteiro surrealista com ares de tragicomédia, cabe aqui uma frase bastante pertinente e ilustrativa dita pelo dramaturgo, poeta e ensaísta austríaco Karl Kraus: “O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”.

Maléfica, sarcasticamente e ardilosamente enganados, os brasileiros correm o risco, novamente, de irem dormir no paraíso e acordarem na desolação. 

Ai de nós, pobres mortais!

5 de out. de 2016

CARA E COROA

A  alta reprovação não tem dado trégua para Michel Temer
Foto: Reprodução
Aproveitando-se da derrota que o PT sofreu na disputa pelas prefeituras da maioria dos municípios brasileiros, Michel Temer e João Dória resolveram encomendar o enterro do Partido dos Trabalhadores antes mesmo dele ser dado definitivamente como morto, confirmando que aonde vai o peão vai o ferrão.

Usando a estratégia de que a melhor defesa é o ataque, Temer e Dória estão indo com tudo para cima do PT. A tática além de arriscada também é perigosa e nada razoável.

Michel Temer resolveu fazer propaganda contrária aos governos petistas. Dória decidiu, a princípio em caráter irrevogável, voltar a elevar a velocidade nas marginais, uma das medidas impopulares tomadas por Fernando Haddad, mas que reduziu o número de mortes na capital paulista três vezes mais do que em todo o estado de São Paulo de janeiro a agosto desse ano.

Tanto Temer como Dória querem a mesma coisa com objetivos diferentes: Aprovação. O presidente para melhorar sua imagem e o prefeito eleito de São Paulo para manter-se bem na foto.

Pura vaidade política e ledo engano. Tentando desconstruir a imagem já combalida do PT, ambos correm sério risco de piorarem suas imagens e pagarem de oportunistas.

Alckmin e Dória:Inseparáveis
Foto: Reprodução


Dória usa da mesma truculência política de seu apadrinhado, o governador Geraldo Alckmin, e da tão conhecida arrogância tucana. Temer, do mesmo espírito vingativo e inconsequente de Eduardo Cunha.

Dória não só erra como também mente ao dizer que não vai ser político, mas gestor. Negar ser político é no mínimo apolítico, o que definitivamente João Dória já deixou claro que não é.

Temer, que anda mais feio na foto do que sorriso de bicho papão, também erra duplamente. Primeiro como político experiente e já manjado. Segundo, como o mal gestor que vem sendo desde que assumiu interinamente a presidência do Brasil.

Temer atribuir exclusivamente a culpa pela crise do pais a Dilma Rousseff e ao PT além de inverossímil é brincar com a inteligência do brasileiro chamando de burro os 39% dos que reprovam seu (des)governo e os 31% que o consideram pior do que Dilma, segundo pesquisa CNI/Ibope.

O fato é que a imagem de Temer está mais suja do que filhote de suíno.

Ao querer pagar de vítima, Temer atira no próprio pé. O argumento de que era só um vice-presidente decorativo não cola mais diante da constatação de que o PMDB se beneficiou das propinas da Petrobrás e foi omisso quando não se colocou contra as medidas econômicas adotadas por Dilma Rousseff.

Michel Temer e o PMDB foram avalistas dos governos petistas de Lula e Dilma. 

Ao quererem não fazer política e fazer política de forma errada, Dória e Temer só confirmam que são maus políticos. O verso e o reverso da politicagem. A corda e a caçamba.

3 de out. de 2016

FELIZ 2018!

Eleições municipais surpreendem, decepcionam e antecipam a chegada de 2018

Foto: Reprodução Pixabay


As eleições 2016 chegaram ao fim em boa parte das capitais do país e na maioria dos 5.570 municípios brasileiros com alguns resultados previsíveis, outros inesperados, mas todos antecipando um provável cenário político eleitoral para os próximos dois anos.

Dessa vez, entre mortos e feridos nem todos se salvaram.

Entre as surpresas estão a eleição de João Dória Júnior (PSDB) em São Paulo e um segundo turno no Rio de Janeiro entre Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), candidatos que não tem relações estreitas ou não estão ligados diretamente ao PT nem ao PSDB.

Em relação aos perdedores e ganhadores, o maior derrotado em todo o país foi o PT. O partido teve sua força e influência política profundamente abaladas até mesmo em seu alicerce eleitoral, as periferias do Brasil.

A partir do resultado das eleições é possível afirmar que os domicílios eleitorais petistas está condenados e com rachaduras por todos os lados, embora ainda se mantenham de pé.

Minado pelas denúncias da Lava Jato e com suas principais lideranças políticas em baixa, o Partido dos Trabalhadores viu a quantidade de prefeituras que conquistou nos últimos 14 anos reduzirem de 644 em 2012 para 256 esse ano.

Se conseguir vencer nos outros municípios em que ainda vai disputar o segundo turno, o PT poderá eleger 263 prefeitos, número próximo às 187 prefeituras conquistadas em 2000.

Outra derrotada em São Paulo foi Marta Suplicy. Em quarto lugar na contagem total dos votos, Marta só conseguiu conquistar a preferência de 10% dos paulistanos, ficando atrás de Celso Russomano que obteve 13,64% dos votos.

Dona Marta foi traída por ela mesma, por suas escolhas erradas e por suas opções equivocadas. Chegou a negar que era de esquerda e a renunciar seu passado petista.

Marta, que foi acusada de traidora e oportunista, obteve um resultado que fez jus às suas atitudes. A peemedebista teve um comportamento completamente oposto ao de Eduardo Suplicy. 

Apesar de sua fidelidade partidária e das denúncias que pairam sobre o PT, Suplicy foi eleito o vereador com melhor desempenho em São Paulo e obteve 301.446 votos.

As candidaturas de Marta e Russomano, mas do que ajudar o PSDB, prejudicaram e derrotaram o PT tirando, pelo menos, 25% dos votos de Fernando Haddad.

Analistas atribuem a vitória dos tucanos na capital paulista à força política do governador Geraldo Alckmin, o que não é 100% verdade.

Além da blindagem natural dada os tucanos pelo Ministério Público que não apura nem investiga devidamente o PSDB, partido que possui o mesmo comportamento errático e corruptível do PMDB, é possível afirmar que os tucanos foram favorecidos muito mais pela condenação sumária sofrida pelo PT, fortemente acusado de ter inventado a corrupção no Brasil - o que não é verdade -, do que por seus dons políticos.

O principal mérito do governador paulista não foi a excelência de sua administração, aliás, cheia de truculências, violência policial e de denúncias mal investigadas, como o desvio de R$ 2 bilhões da merenda das escolas paulistas.

O trunfo de Alckmin foi não ter aberto mão da escolha do nome de Dória e ter resistido às investidas descontentes de seus adversários dentro do partido, entre eles José Serra, outro grande derrotado.

Conhecido como o Senhor das Sombras por tramar contra os companheiros de partido, Serra viu sua aposta na chapa Marta Suplicy/Andrea Matarazzo morrer na beira da praia, o que pode indicar que ele corre o risco de ser o próximo náufrago peessedebista na disputa presidencial de 2018.

A vitória de João Dória devolveu o comando da prefeitura da maior cidade do pais ao PSDB, mas não selou a paz entre as alas descontentes do partido. Pelo contrário, aumentou e evidenciou as rachaduras no ninho tucano.

Dória, que até ontem não era político, não é mais só o afilhado de Geraldo Alckmin, agora também deverá ser seu principal cabo eleitoral nas eleições presidenciais de 2018.

Nesse cenário de continuísmo, a Rede Sustentabilidade tida como símbolo de partido correto e limpo, só conquistou cinco prefeituras no primeiro turno, podendo chegar ao total de oito se conseguir vencer as outras três que ainda disputa no segundo turno.

A legenda de Marina Silva, com apenas 995.447 votos em todo o país, continua sem expressão, influência política e perdida em meio aos partidos nanicos. 

Contudo, o brasileiro, que disse ter ido às ruas para acabar com a corrupção, não votou pela mudança nem pela renovação, mas continuou a colocar no poder partidos não menos corruptos e corruptíveis.

Entretanto, todavia, de uma forma ou de outra, para o bem ou para o mal, 2018 já chegou. Firme, forte, surpreendente, mas também cheio de dúvidas e incertezas políticas.

16 de set. de 2016

TALENTO E SIMPATIA

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Domingos Montagner em cena como Palhaço
Foto: Reprodução

A morte do ator Domingos Montagner, aos 54 anos, na tarde de ontem(15) uniu em uma mesma comoção família, fãs, amigos e artistas.
  
O ator, que  quando criança queria ser bombeiro e quando adulto formou-se em Educação Física, brilhava na televisão, mas encontrou no teatro  sua porta de entrada na vida artística.

Apaixonado pelo circo, Domingos Montagner atuava também como Palhaço. Criou e liderou o grupo La Mínima e fundou o Circo Zanni, do qual era diretor artístico.

Querido pelos companheiros de profissão, Montagner também era admirado e respeitado por conta de seu talento e sua dedicação como ator.  


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Domingos Montagner morreu aos 54 anos e no auge da carreira
Foto: Reprodução/Facebook

Em mais de 20 anos de carreira, trabalhou também no cinema  e foi premiado como melhor ator de teatro.

No auge do sucesso na TV, Montagner se despede da vida e da arte precocemente, mas reconhecido por seu talento e  simpatia. 

Em pleno exercício da profissão, parte deixando risos, saudade, e fazendo o que tanto amava: atuar.

RIP, Domingos Montagner!