15 de jun. de 2016
8 de jun. de 2016
(DE)PRESSÃO PÓS GOLPE
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Presidente
interino Michel Temer durante cerimônia de posse do Ministro da Transparência
Foto: Lula
Marques/Agência PT (2/06/2016) Fotos Públicas
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Demorou,
mas o mundo de Michel Temer começou a desabar.
De acordo a jornalista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, o interino do Brasil está sofrendo de um novo mal que vem atacando a classe política tupiniquim: Exaustão Pós Golpe.
Segundo Mônica, Temer
estaria “exaurido” por conta da pressão decorrente de exigências que vem
sofrendo dos senadores ainda indecisos sobre o impeachment de Dilma
Rousseff.
A vida do presidente provisório não está nada fácil, tanto por ele quanto pelos seus aliados notáveis por excelência.
A vida do presidente provisório não está nada fácil, tanto por ele quanto pelos seus aliados notáveis por excelência.
Temer está exaurido e
seu governo desgastado.
Se desgraça pouca é
bobagem, barganha em grande quantidade pode provocar sérios danos psicológicos
e ser altamente prejudicial à saúde presidencial.
Põe em risco a sobrevivência
política e à prova a paciência e a fidelidade devota de amigos e
correligionários.
Porém, nem tudo é
sofrimento, dor ou chantagem explicita na vida de Temer. Ele tem sido poupado e
isentado pela mídia seletiva.
O “prefiro não
comentar” substituiu o “eu não sabia de nada” e tornou-se a palavra de ordem no
Planalto e nas redações jornalísticas, afinal de contas, em relação ao governo
Temer, quando um não quer, a imprensa não briga.
Rodrigo Janot, -
espécie de versão melhorada de Sérgio Moro – pelo menos por enquanto -
tornou-se também o anti-herói da república. Persona non grata pela unanimidade
magistrada e política.
Se bobear, Janot é
quem será cassado e preso por abuso de poder, apesar de ter bom diálogo com Temer.
No auge de seu
desgaste político e psicológico, Temer corre o risco de ver seu governo
provisório definitivamente exaurido e acabar como Dona Maria I: Louco.
A Rainha portuguesa,
mãe de Dom João VI, apesar de ter sido intitulada de “A piedosa”, por perdoar
conspiradores da Corte, costumava ter crises de alucinações.
Certa vez, ao
conclamar que todos voltassem a Portugal, atirou-se ao mar no cais da Praça XV,
no Rio de Janeiro, na frente da população. Notabilizou-se pela frase “Maria vai
com as outras”.
Que Temer também vá
com os seus. Mas antes deixem o Brasil.
4 de jun. de 2016
IMPÁVIDO GIGANTE
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Robe
usado por Muhammad Ali em 1974
Foto:
Public.Resource.org, Domínio público,
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Após
62 lutas, 57 vitórias – 37 por nocaute – e 5 derrotas nos ringues, ex-boxeador
e maior peso pesado da história do pugilismo, Muhammad Ali morreu ontem
(03/06), aos 74 anos, nos Estados Unidos, em decorrência de uma infecção
generalizada.
Depois de duelar por
32 anos contra o Mal de Parkinson, Ali deixou a vida para entrar
definitivamente no hall da história como The Greatest.
Campeão dentro e fora
dos ringues, Muhammad Ali nasceu Classius Marcellus Clay Jr. em um sábado de
inverno em Lousisville, cidade mais populosa do estado norte-americano de
Kentucky.
Descendente de
escravos, Ali descobriu aos 12 anos de idade, ao ter sua bicicleta furtada, que
não aceitar ser derrotado seria a maior vitória que poderia obter em vida.
Crente de que o
impossível é apenas uma grande palavra usada por gente fraca, que prefere viver
no mundo como ele está, ao invés de usar o poder que tem para muda-lo,
melhorá-lo, e de que o impossível não existe, que não é um fato, mas uma
opinião, Ali foi defensor perpétuo de causas humanitárias.
Viveu, sofreu,
combateu o bom combate e sobreviveu por suas convicções.
Era duro e implacável
quando se tratava de submissão, racismo e intolerância. Seus golpes rápidos e
precisos atingiam em cheio o preconceito, a alienação e o segregacionismo
soberbo dos que detinham o poder político e econômico.
Fora dos ringues,
suas atitudes eram certeiras; suas palavras, diretas e cortantes, como espada
de dois gumes.
“Aquele que vê o
mundo aos 50 anos da mesma forma que o via aos 20 anos, desperdiçou 30 anos de
sua vida”. “Campeões não são feitos em academias. Campeões são feitos de algo
que eles têm dentro de si – um desejo, um sonho, uma visão”, costumava dizer.
Com a certeza de que a força
de vontade deve ser mais intensa do que a habilidade, Muhammad Ali não recuava.
Mesmo odiando cada minuto dos treinos, dizia para si mesmo: não desista. Sofra
agora e viva o resto de sua vida como um vencedor.
Visionário que
concretizou seus sonhos, Ali assumiu riscos. Viveu e morreu como campeão.
Ele, suas lutas
e suas lições ficarão para sempre.
RIP, Muhammad Ali!
2 de jun. de 2016
GOL CONTRA
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Foto: Lula Marques/Agência PT (01/06/2016) Fotos Públicas |
O presidente
provisório Michel Temer, como já se viu, é um mal administrador, mas vem se
superando a cada dia. Ao avalizar ontem (02/06) a aprovação do reajuste federal e do Judiciário, Temer deu um gás na sua má performance e
confirmou ser também um péssimo jogador: marcou mais um gol contra o Brasil.
O interino da
república voltou a se contradizer rasgando seu discurso reformista e
descarrilando o trem conduzido por Henrique Meireles que assumiu o Ministério
da Fazenda sob a promessa de que recolocaria a economia nos trilhos.
Valor total da
travessura? Entre R$ 58 e R$ 100 bilhões nos próximos quatro anos. O teto de
reajuste para o funcionalismo passou para R$ 39.293,00.
Michel não tá nem ai
pro Brasil. Daqui há quatro anos estará no esquecimento mesmo. Boi
sonso é o que arromba o curral, já dizia a vovó.
Para o país, as
consequências serão temerescas. Outra vez quem vai pagar o pato não é a Fiesp,
mas o povo. Principalmente os mais pobres.
Enquanto os deputados
e os senadores - reféns da Lava Jato e rendidos aos caprichos do interino que
quer se tornar definitivo - abençoam as maldades econômicas de Michel, o
corporativismo deita e rola.
Isso porque a reforma
da previdência e as mudanças no reajuste do salário mínimo ainda nem entraram verdadeiramente
na ordem do dia.
O realismo fantástico
de Temer e de seu governo provisório subvertem a realidade fiscal do país.
Reforma tributária e política para valer nem pensar. Fora de cogitação.
A cara de pau dos
congressistas é tanta que os irresponsáveis aprovaram o rombo nas contas do
país no mesmo dia em que a imprensa fez alardes sobre o recuo do Produto
Interno Bruto.
Inconsequentes!
Juntam-se as
comadres, revelam-se as verdades.
Deixa estar, seus
bola fora!
31 de mai. de 2016
LEILOEIROS DO BRASIL
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Foto: Pedro França/Agência Senado (24/03/2015) Fotos Públicas |
A divulgação
da lista de doações feitas por empresas e pessoas físicas a candidatos que hoje
ocupam Ministérios importantes no governo provisório de Michel Temer é a mais
pura demonstração de que o financiamento eleitoral privado permanece sendo a
moeda de troca mais valorizada pela classe política e que continua a agir
livremente no Brasil.
Segundo reportagem de
Raphael Kapa, dez dos 23 ministros escolhidos por Temer receberam doações de
pessoas jurídicas e físicas que têm interesse nas decisões que eles tomam em
seus cargos públicos.
O levantamento foi
feito pela Lupa, primeira agência de notícias do Brasil a checar, de forma
sistemática e contínua, o grau de veracidade das informações que circula no
país.
Os Ministérios dos
quais seus comandantes foram agraciados com doações em dinheiro, além de serem
estratégicos, também são responsáveis por decisões de interesse público, mas
têm se firmado como os preferidos pela iniciativa privada e pelos assaltantes
travestidos de altos executivos que agem em favor de si mesmos em nome do
capitalismo selvagem.
Dez Ministérios foram
institucionalizados como a porta de entrada de ações personalistas que
beneficiam, entre outros, empresas já investigadas pela Operação Lava Jato e
que têm tudo para continuarem a promover a corrupção sistemática e perversa em
curso no Brasil.
Corrupção falsamente
combatida pelos legalistas e por aqueles que tomaram de assalto o
poder político do país.
O discurso falso
moralista, anticorrupção e reformista do governo Temer, como se não fosse
suficiente ser semanalmente contradito pelas quedas de ministros de
“competência comprovada”, agora também é desmentido pela continuidade das
velhas práticas clientelistas e personalistas aplicadas em forma de assalto por
empresas ditas e consideradas idôneas, mas que há muito tempo não estão mais
acima de qualquer suspeita.
Não bastasse o
Congresso Nacional ser um território ocupado por lobistas profissionais
disfarçados de políticos, os Ministérios tornaram-se uma extensão do loteamento
que é a política nacional, financiada pela iniciativa privada, sempre pronta
para leiloar o Brasil.
Enquanto isso o país
continua travado à espera de que o governo interino saia da clandestinidade e assuma o motivo para o qual verdadeiramente veio: rifar o Brasil.
23 de mai. de 2016
DELAÇÃO AZARADA
Braço forte de Temer,
Romero Jucá é desmascarado em áudio comprometedor que envolve STF, Aécio Neves
e Renan Calheiros e revela os reais motivos do Impeachment de Dilma Rousseff
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Romero Jucá foi pego em conversas reveladoras sobre Lava Jato e Impeachment Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil |
A ficha
corrida do senador e ministro licenciado do governo interino de Michel Temer,
Romero Jucá, ficou um pouco mais suja na manhã de hoje (23) depois que o jornal Folha de S. Paulo divulgou reportagem e trechos de
conversas entre ele o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Ao
falar abertamente sobre diversos assuntos e jogar no ventilador o lixo, até
então escondido debaixo dos tapetes palacianos, e que levou ao afastamento
interino de Dilma Rousseff, Jucá deixou um rastro de sujeira e falcatruas que
vai dar diretamente no senador Aécio Neves, de quem disse “conhecer o esquema”.
O
principal homem de Temer também envolveu o STF e os militares nos diálogos e
lambuzou de vez a já manchada e manjada imagem do governo provisório de Michel
Temer.
Jucá,
que é a temeridade em pessoa e que já passou pelo PT e PSDB, agora
notabiliza-se também como a cara e um dos caras do golpe.
Ao
ser pego na gravação reveladora, Romero Jucá escancarou os pontos mal suturados
pelos defensores vorazes do processo de impedimento de Dilma e, ao tentar
estancar “a sangria que a Lava Jato se tornou”, provocou a primeira grande
hemorragia do governo combalido de Temer.
Apontado
com bom articulador, Jucá revelou-se um grande borra botas.
Muitas
perguntas sugeridas pela conversa entreguista entre Jucá e seu comparsa de
improbidades acabaram suscitando questionamentos e levantando dúvidas sobre a
atuação de outros atores envolvidos na muvuca que se tornou política
brasileira e exigem respostas.
Para
quem achava que os articuladores do impedimento já tinham descido o bastante, a
gravação divulgada hoje mostrou que o buraco é mais embaixo e ainda pode
abrigar outros cadáveres políticos além de Eduardo Cunha, dado como morto por
Jucá.
O
fedor exalado pela podridão do governo do presidente interino Michel Temer
evidencia o despreparo dele, a falta de caráter e incompetência de seus aliados
em devolver a governabilidade ao país e em restabelecer a prometida e
demagógica Ordem e Progresso.
Ao
que parece, Romero Jucá, assim tal e qual a árvore de onde se origina o seu
nome e que ao amadurecer produz um fruto escuro e chocalhante porque as
sementes soltam no seu interior, parece ter apodrecido antes do tempo e minado
um pouco mais a confiança no governo temporário de Michel Temer.
19 de mai. de 2016
GUINADA À DIREITA
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Foto: Reprodução |
Desde
que aterrissou em Brasília há uma semana, o governo interino de Michel Temer já
deu amostras suficientes do jogo que pretende jogar, embora ainda não tenha
conseguido decolar de vez.
O
avião Temer, vendido como jato supersônico, na verdade está mais para
teco-teco.
O
presidente interino está perdido em meio aos desejos e artimanhas daqueles que
escolheu para lhe ajudar a “restabelecer a ordem e promover o progresso”, lema
de sua administração.
Temer
ainda se comporta como quem tem dúvidas se veio realmente para ficar. Está
vivendo seu day after de forma malsucedida e repleto de recusas. Só para o
cargo de secretário da Cultura recebeu cinco.
Sequer
consegue ser o mais do mesmo, como disseram que seria.
A
propósito, que equipe idônea e notável é essa a do presidente provisório! Além
de citados na Lava Jato, também há aqueles que respondem à acusações diversas
na justiça.
Um
exemplo deles é o Senhor das Sombras, José Serra, alvo de processo de reparação
de danos por improbidade administrativa, ou seja, por ação de deslealdade e
desonestidade.
Sem
falar em Romero Jucá, que responde a dois inquéritos, um deles, pasmem, por
crime de responsabilidade por suposto desvio de verbas federais, e outro por
falsidade ideológica.
E
a imprensa chapa branca e hegemônica continua fazendo o povo acreditar que a
corrupção acabou no Brasil. Plim plim pra você!
Temer faz jus ao título de presidente interino. Não age como mandatário de um país. É a própria interinidade em pessoa. Faz afirmações hoje para negá-las amanhã.
Sem
falar que é constantemente posto em xeque por conta das declarações nada
conciliadoras de seus subordinados. Tornou-se refém de suas escolhas seletivas
e excludentes.
Aliás,
o slogan de seu governo interino deveria ser Desordem e Retrocesso, já que anda
dando para trás. O temido e promissor governo Temer é absolutamente insipido ou
o que é pior, não ata, só desata.
Seus
aliados, além de já terem promovido o atraso político, insistem em querer
promover também o retrocesso econômico e social, revogando conquistas
fundamentais com intervenções e possíveis mudanças devastadoras no SUS,
suspensão de contratos do Fies, Prouni e Pronatec, extinção do Ministério da
Cultura, e por aí vai.
As
respostas que o presidente às avessas prometera dá ao mercado e à população
continuam mudas, enquanto as vozes quem vêm das ruas, cada vez mais fortes e
audíveis.
O
próprio mercado ainda não está totalmente seguro e demonstra fé vacilante em
relação às possíveis medidas econômicas de Henrique Meireles e companhia. Não
demorará muito para os empresários constatarem que compraram um alazão e
levaram um pangaré.
O
mais preocupante é que esse governo mal começou, nem de fato nem de direito.
Pelo
que tudo indica, o tempo vai continuar nublado na capital federal e as nuvens
que cobrem o Brasil tão densas e carregadas que, mesmo que consiga decolar, o
aviãozinho Temer corre o risco de perder de vez a rota do país ou de colidir em
pleno voo em sua guinada à direita.
16 de mai. de 2016
INCOMPARÁVEL
Uma
pneumonia calou ontem (15/05) para sempre a voz viva e marcante de Cauby
Peixoto, ícone e mito musical brasileiro que emocionou gerações por mais de 66
anos, ao longo de 45 álbuns gravados.
Ídolo de um público
fiel, Cauby também foi fiel aos seus fãs como se deve ser nos relacionamentos
sinceros e duradouros.
Por mais de seis
décadas seus seguidores lotaram as casas de espetáculo onde Cauby se apresentava emocionando multidões
de mulheres e homens.
Apesar do
reconhecimento e da adoração apaixonada dos fãs, Cauby Peixoto não deixou o sucesso lhe subir
à cabeça e manteve-se sempre próximo ao seu público, embora na vida intima
fosse bastante reservado.
Filho caçula, Cauby
tinha a música no sangue (o pai era professor de violão e mãe tocava violino) e
a brasilidade Tupy-guarani no nome. Pertencia a uma família em que a
maioria dos irmãos tinha nome indígena. Cauby é uma variação de Caiubi e
significa Folhas azuis.
Fluminense de
Niterói, há anos escolheu São Paulo como sua morada e foi devidamente aceito
por ela. A partir de Sampa fortaleceu e expandiu sua bem sucedida carreira,
chegando a lugares distantes do país.
Cauby possuía
longevidade na vida e na arte. Do coro da igreja em Niterói aos palcos do
mundo, sua voz também alcançou corações além-mar.
Tentou carreira
internacional cheia de idas e vindas e com relativo
sucesso, usando como nomes artíticos Ron Coby e Coby Dijon, mas não
atingiu o mesmo reconhecimento que conseguiu no Brasil.
Foto: Reprodução |
A voz não era o único
dom considerado inigualável (comparada somente com a de Frank Sinatra, um dos
seus ídolos). Seu estilo e jeito de se vestir também eram sob medida, senão
personalizados.
As roupas brilhosas e
as perucas chamavam atenção, mas não tiravam o brilho daquele que tinha luz
própria.
Fazia questão de ser
educado e tratar, quem era ou não seu fã, sem rancor ou distinção, mesmo quando
tinha sua orientação sexual posta em dúvida.
Questionado se era ou
não gay, nem confirmava nem negava, simplesmente continuava sendo quem era:
Cauby.
A música era seu
eterno amor, tanto que certa vez afirmou: “Prefiro cantar do que amar. Casei
com a carreira. Sou autossuficiente e me basto”.
Músicas que eram
aparentemente bregas ou de gosto duvidoso transformavam-se em canções
românticas na interpretação de Cauby.
Ele cantou do rock
(foi o primeiro a gravar uma canção de Rock em português, em 1957) ao
Samba-canção com propriedade, mas sempre sem abrir mão do bom gosto nem se
render às batidas sensuais ou às letras meladas só para ficar em evidência.
Cauby não era apenas
um cantor ou só mais um cantor. Era tradutor do amor e interprete dos
corações.
Sou voz límpida e
tecnicamente bem colocada, juntamente com seu estilo incomparável, vão
continuar a encantar muitos e permanecerão, como ele, para sempre inigualáveis.
RIP, Cauby!
12 de mai. de 2016
NOVA VELHA HISTÓRIA
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Foto: Roberto Struckert/Instituto Lula (12/05/2016) Fotos Públicas
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O afastamento
da presidente Dilma Rousseff foi o passo mais ousado da oposição em direção à
retomada do comando do país, mas não o último.
A condenação do
Partido dos Trabalhadores ao ostracismo e ao exílio político deverá
ser a cartada final ou a pá de cal que ainda falta aos opositores na luta
pelo poder.
O impeachment
fabricado por PSDB, DEM, Eduardo Cunha e demais correligionários e partidos
aliados foi a demonstração mais clara da falta de respeito com a democracia e
com a eleição direta para presidente do Brasil.
Se o voto antes era
apenas uma escada para se chegar ao Palácio do Planalto e estava
condicionado aos interesses mesquinhos da maioria dos políticos profissionais
do nosso país, hoje foi rebaixado a instrumento figurativo.
Os agora governistas
não estão nem aí para os mais de 51% dos votos que elegeram Dilma Rousseff, e
seguem em frente na sanha de mudar o sistema político brasileiro em favor
deles, de seus interesses e dos interesses das elites brasileiras.
A verdade é que os
ardilosos não têm projeto político para país, mas projeto de poder.
A próxima investida é
enfraquecer ainda mais o direito de escolha do povo, exercido através do voto,
instaurando o parlamentarismo ou o poder do legislativo, concentrando-o na
figura do Primeiro-Ministro e atribuindo às outras instâncias democráticas ações
meramente decorativas.
No parlamentarismo, a
Constituição muitas vezes é mera peça ornamentaria que pode ser alterada de
acordo com os humores e as vontades do parlamento, vide Inglaterra, onde sequer
há constituição escrita.
O golpe foi o
primeiro passo para se eliminar a Constituição, ironicamente, considerando as
atuais circunstâncias, chamada de Cidadã e promulgada por muitos que hoje fazem
questão de aviltá-la.
A aprovação do afastamento de Dilma Rousseff foi uma condenação política e não um ato de respeito à Carta Magna que rege o país.
Afastar a presidente
porque não cumpriu o que prometeu é no mínimo contraditório quando a maioria
dos políticos não passam de mentirosos graduados e contraventores descarados.
Se pedalada fiscal é
crime de responsabilidade e justifica o impedimento, vamos derrubar também os
16 governadores que há anos cometem o mesmo "delito"? Duvido.
No país em que grande
parte da população é teleguiada pelas informações viciadas da imprensa hegemônica
que visa apenas o lucro, impeachment e crime de responsabilidade soam como
palavrão nos ouvidos da galera. Expressões demagógicas na boca de oradores
oportunistas.
Dois deles são a
expressão máxima e representativa do fisiologismo e da democracia de fachada
pregada pelos lobos do covil chamado Congresso Nacional: Gilberto Kassab e
Marta Suplicy.
Kassab, poucos dias
antes votação da admissibilidade do impeachment pela Câmara dos deputados, era
ministro do mesmo governo que ajudou a derrubar em nome da pátria, da família,
da propriedade, ética e do combate à corrupção. Hoje é ministro de Temer. Belo
exemplo da meritocracia tucana.
Marta, até pouco
tempo era defensora voraz de um partido que jurou fidelidade, mas que disse ter
saído porque foi tomado pela corrupção. Esquece-se, entretanto, que o partido
em que está atualmente possui políticos sob suspeita e investigados pela Lava
Jato.
O partido que a
senhora está atualmente é tomado por que e por quem, nobre senadora? De
certo, por pessoas justas e honestas como a nobre senadora.
Vocês envergonham a
política, no sentido mais denotativo e mais amplo que ela possui. Não valem o
voto que receberam. Falam demais por não ter nada a dizer.
O pior é que vossas excelências ainda ajoelham e rezam.
Cuidado, senhores! Como diz a canção de um antigo compositor baiano, a vida é real e de viés.
Enquanto Dilma sai do
poder pela porta lateral, o PSDB, por enquanto, volta ao poder (ou o toma) pela
porta dos fundos.
Vossas senhorias
podem até acreditar, mas a história não é uma lata de lixo. Ela saberá colocar
cada um dos senhores em seu devido lugar.
4 de mai. de 2016
VIA CRUCIS
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Foto: Lula Marques/Agência PT (17/03/2016) Fotos Públicas
|
A decisão
tomada ontem (03/05) pela Procuradoria Geral da República deixou o
inferno astral da presidente Dilma Rousseff e o martírio do ex-presidente Lula
longe de terem um final feliz. Na verdade, o calvário de Dilma e Lula só está
começando.
A via crucis deles e
do PT passará pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o tiro de misericórdia
poderá ser dado em Curitiba pelas mãos do juiz Sergio Moro e pelos eleitores no
pleito de 2016.
A retirada de Dilma
do poder, ao que tudo indica, não é suficiente. É preciso inviabilizar também,
se não politicamente, pelo menos jurídica e moralmente, a candidatura de Lula
em 2018.
A capacidade do
ex-presidente de superar desafios e a facilidade em sair direta ou
indiretamente vitorioso dos embates que campeia, sempre foi uma ameaça constante
para os seus inimigos.
As justificativas do
procurador-geral Rodrigo Janot para pedir a abertura de inquérito da dupla
petista e do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, por suspeita de
obstrução da Lava Jato, foram recebidas como fortes e contundentes pela classe política, tanto que
deixaram Lula deprimido e chateado, segundo informações da jornalista Mônica
Bergamo.
Ao promover a
abertura do inquérito Janot pôs na boca da oposição e nas mãos de alguns
setores da imprensa os argumentos que queriam, queimando um pouco mais a imagem
do ex-presidente e tornando remota a possibilidade dele entrar na disputa de
2018.
Se Lula demonstrava
estar um tanto quanto fragilizado e seu futuro político incerto, sua provável
candidatura fragmentou-se e deixou a imagem do PT mais pulverizada.
Mas, antes mesmo do
grande teste nas urnas em 2018, o partido terá de enfrentar sua primeira
provação pública nas eleições de 2016. Por enquanto, as perspectivas não
estão tranquilas nem favoráveis. Baixas também já começaram a
acontecer.
Preocupados em não
terem sua reputação atrelada à imagem de um partido que é acusado de
profissionalizar a corrupção no Brasil, 11% dos prefeitos eleitos em 2012
abandonaram recentemente a legenda, segundo reportagem da Folha de S.
Paulo.
Enquanto o destino
dos líderes petistas estará nas mãos do Supremo Tribunal Federal, o futuro do
partido dependerá mais do que nunca do voto dos eleitores.
Entretanto, o atual
horizonte eleitoral acinzentado em que o PT se encontra tende a tornar mais
difícil a possibilidade do Partido dos Trabalhadores volta a voar em um céu de
brigadeiro.
Se na justiça divina
as coisas acontecem no tempo determinado por Deus, na justiça brasileira as
decisões políticas e judiciais acontecem no tempo determinado por Janot,
Zavascki, Moro e companhia limitada.
Se depender deles, o
destino se confirmará implacável e a Fênix petista dificilmente ressurgirá tão
cedo.
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