Blog sobre Política, Comportamento, Cultura. Opinião, entrevistas, análise e interpretação de fatos baseados em dados e na obervação minuciosa da realidade.
O Brasil está prestes a entrar em um poço sem fundo e dificilmente voltará do exílio
Foto: Pixabay Public Domain
Aquebra de braço entre os três poderes
está prestes a alcançar seu ponto máximo nos próximos meses. A denúncia da
Procuradoria Geral da República contra Michel Temer confirmou as ações ilícitas
do presidente.
A decisão da PGR não
só ratifica a desarmonia entre Executivo, o Legislativo e o Judiciário como
também torna mais improvável uma solução pacífica para crise ética, política,
econômica e institucional vivida pelo Brasil.
Aliás, o país é o
que menos importa no emaranhado de denúncias, suspeitas, intrigas, verdades e mentiras
enredadas pelos egos inflados de orgulho e alimentados pela desonra protagonizada
pelos três lados envolvidos.
Qualquer um dos três
poderes que não pecou que atire a primeira pedra. Nenhum o fará, decerto. Todos
estão iguais em desgraça para o azar do país.
Que se dane o
Brasil. Às favas o povo brasileiro.
O que importa de
fato, em nome de uma governabilidade de compadres, é a manutenção de um modelo político
sujo, corrompido, corroído, desgastado por sua própria ineficiência e refém de
um sistema econômico decadente que beira o colapso de tão brutal e ineficiente
que se tornou.
A podridão e o
nível de envolvimento que abraça a todos os encurralados retiram de cada um deles
a condição de saber quem diz realmente a verdade, impossibilita-os até mesmo de
fazerem uso da dignidade que, de tão curta e distante, não lhes cabe mais.
O buraco em que se
meteram - e enfiaram junto o país – está tão baixo que já se tornou subterrâneo.
A única saída possível
é devolver o Brasil para os brasileiros através de eleições diretas, já que o
presidente nomeado se recusa a adotar a solução, por enquanto, ainda digna.
Temer se recusa a
renunciar sob o argumento de que estaria confessando sua culpa.
Insiste em se
comportar como se não tivesse errado, age como quem pensa que há algum
brasileiro que realmente acredita em sua inocência ou como quem está protegido
pelos segredos que sabe de seus iguais.
Ou as eleições
diretas são antecipadas ou sequer chegaremos ao fundo do poço, já que o poço não
terá mais fundo.
Caso a decisão
democrática não seja adotada, o Brasil demorará a sair da enrascada em que o
meteram e tardiamente voltará do exílio.
Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band ainda é o LP mais emblemático da história do Rock
Foto: Reprodução
NO dia 1º de Junho de 1967 os olhos e
os ouvidos dos amantes da música se voltaram atentos para os Estados Unidos. A data marcou o lançamento
do legendário Sargent Pepper’s Lonely
Hearts Club Band pelos Beatles.
Meio século depois, o disco ainda continua
sendo celebrado como um dos maiores e mais emblemáticos
álbuns do quarteto de Liverpool
e da história do Rock.
O Sargent Pepper’s foi sucesso de vendas e confirmou o Beatles como a
banda de rock mais influente de todos os tempos.
O vinil também alcançou pioneirismo ao incorporar uma capa dupla comas letras completas de suas 13
faixas.
O LP histórico reuniu talento, criatividade artística e engenharia
sonora em um experimento que, a principio parecia conceitual, mas que se tornou um dos produtos artísticos mais
populares, ricos e inovadores ao longo dos anos.
O disco junta e
mistura com bom gosto, humor, ousadia, estilos musicais e artísticos diversos
que vão do circo à música clássica em uma viagem exuberantemente psicodélica de sons, cores e sentidos que
resultaram em um tremendo sucesso de venda, público e crítica.
O Sargent Pepper’s surgiu em um momento delicado da carreira dos
Beatles, logo após a banda ter realizado uma série de turnês em que, da mesma
forma que os astros eram reverenciados em alguns países, também eram
hostilizados em outros.
Todo esse descompasso
ocorreu pelo fato do quarteto ter assumido posturas que desagradaram alguns fãs,
e em decorrência de John Lennon ter
afirmado que eles eram mais populares que Jesus
Cristo.
Essas controvérsias foram
a gota d’água para que Paul Mccartney,
John Lennon, George Harrison e Ringo Star
reconsiderassem as viagens do grupo e dessem adeus definitivo às temporadas de turnês, ainda em 1966.
Porém, o Sargent Pepper’s emplacou. O disco
ficou 27 semanas na top parade do Reino Unido e três meses e
meio como número um nos Estados Unidos.
Além das músicas, a capa do disco, aclamado com o mais
importante da história do Rock, e
que em 2011 vendeu mais de 35 milhões de cópias, também é considerada
uma obra de arte, um capítulo à
parte cheio de histórias e simbolismos.
A capa, criada por Peter Blake e Jann Haworth a partir de uma ideia nascida na mente inventiva de Paul Mccartney, que também sugeriu o nome
do disco, reuniu em uma mesma foto gurus,
artistas, jogadoresde futebol e escritores.
A dupla capa, outra
inovação da época, foi a vencedora do Grammy
na categoria de artes gráficas em 1968, mas a empreitada só foi realizada
porque contou também com o trabalho coletivo de pelo menos dez artistas.
Entre as celebridades
que ilustram a capa principal do disco estão, lado a lado, ícones como Paramanhansa
Yogananda, Bob Dylan, Marlon Brando, Marlene Dietrich, Oscar
Wilde, Sonny Liston e Albert Stubbins.
Há relatos de que John
Lennon propôs que as imagens de Jesus
Cristo e de Adolf Hitler também
fizessem parte do grupo de personalidades estampadas na premiada capa, mas a
sugestão foi imediatamente rejeitada por todos os integrantes do projeto.
Anos depois, a capa seria
recriada por artistas gráficos em álbuns de outros astros do mundo da música.
A última recriação
ocorreu no ano passado pelas mãos do artista inglês Chris Backer.
A reprodução trazia estampadas
as imagens de celebridades que morreram em 2016,
e fazia paródia a um dos principais eventos políticos do ano.
No espaço que ocupava o
nome do Beatles foi colocada a expressão Brexit,
referência ao plebiscito que marcou
a saída do Reino Unido da União Européia.
Cinco décadas depois de seu lançamento,
Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band,
primeiro produto musical a viralizar
em uma época em que não havia redes sociais,
continua insuperável.
Verdadeira overdose criativa e musical, o agora coroa Sargent Pepper’s segue alegrando o
coração solitário dos fãs dos
Beatles, apimentando o Rock, e tem tudo para permanecer artisticamente insuperável
durante os próximos 50 anos.
Eleições Diretas: O Brasil de volta para os brasileiros
Foto: Paulo Pinto/AGPT - Fotos Públicas 29/05/2017
O dia seguinte de Michel Temer, após
as supostas denúncias de conivência com a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo
Cunha e com as ações ilícitas praticadas e sugeridas pelo executivo da JBS, deixou o presidente do país em suspensão e lançou a sorte do Brasil em um mar
revolto de incertezas.
O clima de complô,
conspiração, tentativa de golpe, acusações, faz que vai, mas não vai, daqui não
saio, daqui ninguém me tira, só aprofunda a situação de instabilidade
política, deflagra guerra entre os três poderes, deixa a população à deriva.
O resultado da
soma das denúncias que, no mínimo, comprometem seriamente Michel Temer e
reafirmam a relação promíscua entre o público e o privado, multiplica o ódio, diminui
as chances de retomada de crescimento, divide o país. É uma conta que não
fecha.
Sabemos que, na
visão torta dos maus políticos brasileiros e na concepção desumana do
capitalismo de compadres praticado largamente no Brasil, o povo é um mero
detalhe.
Porém, o mínimo
de respeito e decência, por mais que a população não signifique muito, ainda se
fazem necessários, até mesmo porque, ainda, é o voto dessa massa que é vista como insignificante que elege esse bando de inconseqüentes.
A saída de Michel
Temer do comando do país, seja por impeachment, cassação de chapa ou renúncia é
certo que não vai mudar muito a forma como economia é conduzida e o modo como
as reformas estão sendo impostas, mas é inevitável.
Qualquer um que venha substituir Temer por meio de uma das três possibilidades
que se apresentam terá que, obrigatoriamente, dar continuidade à agenda política
e econômica do atual presidente.
A maneira como uma provável substituição de Temer está sendo tratada faz com que a troca de presidente não dependa da decisão popular. É um pressuposto estabelecido por quem condicionou a
chegada Temer ao poder: o mercado.
Se Temer sair,
cair ou for derrubado, e a escolha de seu sucessor acontecer por via indireta, será
novamente o mercado quem vai determinar quem deve ser o presidente tampão. Basta
ver a lista de nomes que estão se cogitados.
As propostas de reforma
trabalhista e da Previdência do governo atual estão sendo claramente ditadas
pelo mercado.
Isso só ocorre porque
não foi o povo, por livre e espontânea vontade expressada através do voto, quem
colocou o atual presidente no comando do país. Foram os interesses financeiros.
Somente eleições gerais
e o voto popular, processos legitimamente democráticos, podem devolver a paz e a
serenidade ao país e condicionar as decisões políticas e econômicas que o novo presidente
irá tomar às necessidades e à vontade do povo.
Caso isso não
ocorra, um provável presidente eleito pelo Congresso também terá que se submeter
incondicionalmente às mesmas vontades do capitalismo de amigos praticado ininterruptamente
no país, tornando-se refém das exigências do mercado e de um sistema decadente.
Eleição direta,
mas do que nunca no Brasil, significa devolver ao brasileiro o direito que ele
sempre teve e que, em hipótese alguma, lhe deve ser negado: o poder de decidir
o que é melhor para ele e para o país.
Por mais que se
concorde ou se discorde que o brasileiro ultimamente fez escolhas erradas através
do voto, a decisão soberana e a responsabilidade pelas escolhas que ele fez, ou
que venha a fazer, deve ser inevitável e exclusivamente dele. Sempre.
Enquanto o poder
emanar do mercado e em nome dos interesses deles for exercido, dificilmente
teremos justiça social, igualdade de direitos e respeito integral no Brasil.
Portanto, a solução
para atual crise política do país é rápida, fácil e sem dor: basta que se
cumpra a Constituição quando ela diz claramente que todo poder emana do povo e
em seu nome deve ser exercido.
É a gota d'água. Chegamos no limite. Não dá mais para segurar
Foto: Pixabay Public Domain
Quando o filósofo
francês Voltaire escreveu que a dissimulação é virtude de reis e de camareiras,
cometeu uma injustiça. Ele esqueceu de incluir outras duas categorias em seu raciocínio: os políticos e os governantes.
Abraham
Lincoln quando tocou no assunto preferiu ser assertivo, invés de irônico.
Lincoln
foi além, ao afirmar que alguém pode enganar uma pessoa por muito tempo;
algumas por algum tempo; mas não pode enganar todas por todo o tempo.
Michel
Temer e Aécio Neves, por sua vez, podem ter optado por confirmar as máximas, colocando-as em prática:dissimularam até quando puderam. Ou até quando deixaram.
Surpresa
apenas para os que foram enganados - ou aceitaram ser; Confirmação do óbvio
para quem verdadeiramente conhece Temer e Aécio.
De
uma forma ou de outra, o fato é que ontem a máscara de homem público íntegro,
corajoso e competente que Temer usava - antes mesmo de ser nomeado presidente
promovido - pode ter sido arrancada a contragolpe, para o bem ou para o mal do Brasil.
Escândalo,
para os que sempre fizeram questão de não enxergar quem ele realmente é; O pior
do mesmo para os que não pouparam esforços em escancarar o risco que a nomeação
de Temer como presidente representaria para a segurança do Brasil.
Diante
do caos instaurado, uma coisa não se pode negar: todos - tanto os que têm
ouvidos, mas se fizeram de surdos, quanto os que têm olhos e acertadamente
enxergaram além - fomos exaustivamente alertados para o perigo do impeachment e
suas conseqüências desastrosas.
Apostou
que o impeachment era a negação da democracia quem teve bom senso, desacreditou na aposta quem não teve juízo. Deu no que deu.
Contudo,
em meio à indefinição em que nos encontramos, nos metemos - ou nos meteram - uma
coisa é certa: nunca tivemos em toda nossa história junto, e ao mesmo tempo, a
oportunidade mais propícia para reconstruirmos o Brasil e o momento mais
favorável para o jogarmos ladeira abaixo.
A gravidade
da situação, entretanto, exige coragem, atitude, sinceridade, consciência e, sobretudo,
serenidade, afinal de contas, tal e qual ladrão que espera a hora certa para
atacar, os velhos e novos dissimulados continuam a agir e não perdem um segundo
sequer de tempo.
Eles já
estão à espreita armados para nos assaltar com suas falsas promessas, seus
desmentidos oficiais, suas soluções infladas de ego e seus discursos infalivelmente
prontos.
A confirmação está nos vídeos postados pelos ministros de Temer e a postura vacilante de alguns
veículos de comunicação em reconhecer o óbvio e admitir que não dá mais.
A
questão já não é mais onde tudo isso vai dar, mas no que deixaremos que dê.
Não temos
mais que esperar a hora, temos que fazer acontecer.
Para
tanto é imprescindível não se deixar iludir pelos velhos e pelos novos
dissimulados, eles continuam a fazer escola.
O
momento exige que se tome as ruas e se resgate a democracia que foi roubada. Só
assim saberemos se conduziremos ou se continuaremos sendo conduzidos.
Nem quente nem fria, absolutamente morna. Foi assim a tão esperada disputa do ano entre o ex-presidente Lula e o juiz Sérgio Moro, realizada ontem em Curitiba.
Lula não disse nada mais do que já tem dito e Moro não perguntou nada além do que já se sabe.
Meras formalidades sem contrapartidas muito positivas ou negativas para ambos os lados, porém com conseqüências, no médio prazo, boas e ruins tanto para um quanto para o outro.
Todavia, a verdadeira condenação ou absolvição de Lula e de Moro poderá vir muito mais pela força dos que apóiam e condenam cada um dos lados do que necessariamente pela excelência política do experiente ex-presidente ou pela competência jurídica controversa do jovem juiz.
Ao final de cinco horas – que poderiam ter durado muito menos – tanto Lula quanto Moro jogaram pelo empate e a partida acabou em 1x1.
Fora da Arena Curitiba, os torcedores de ambos os lados também evitaram o embate frontal violento.
Tanto a arquibancada quanto a cadeira cativa se comportaram com civilidade. Ponto positivo para a democracia.
Apesar de tudo, a bola continuará rolando. Lula seguirá reafirmando que é inocente enquanto que Sérgio Moro permanecerá tentando convencer a todos do contrário, até que apareçam provas que desempatem o jogo e e finalmente determinem qual será o vencedor.
Entretanto, ao julgar pela disputa de ontem e pelo desempenho de cada um dos jogadores, se depender dos dois lados, o resultado final poderá vir por pontos corridos e não mais pelo confronto direto no melhor estilo Fla-Flu.
Luz, Câmera, Ação! Tudo pronto para Temer tentar aprovar suas reformas a todo custo
Foto: Pixabay Public Domain
Michel Temer está lutando com todas as forças e tentando de todas as formas garantir a aprovação de sua reforma desigual da Previdência.
A insistência já não é mais política ou uma necessidade imprescindível para o país, mas questão de honra.
Temer precisa honrar os compromissos que assumiu com o capital financeiro que o fez chegar onde está e, para tanto, está pedindo a benção de Deus e do Diabo, como se fosse possível servir a dois senhores em paz.
Apesar do apoio de setores da mídia – ou dos que aceitaram defender as reformas em troca do aumento da quota de propaganda governamental – outros expedientes ilegítimos, alguns baseados em argumentos inconsistentes desmentidos e contraditos pelas leis do mercado, também não deixam de ser utilizados e vão desde ameaças declaradas à velha e já manjada redistribuição de cargos e benesses.
Porém, o que chama mais atenção, como moeda de troca pelo possível aumento da verba publicitária destinada aos veículos apoiadores do governo, é a alta exposição midiática do presidente nomeado.
Para aprovar as reformas do jeito que estão postas e empurrá-las goela abaixo defendendo o indefensável, Temer está se valendo do vale tudo, desde apelar para a sensibilização forçada até aparecer no Programa do Ratinho.
Para lograr êxito em sua determinação arrogante, não vai demorar muito e logo Temer também estará no Rala e Rola e Casos de Família, do SBT; Master Chef e Terceiro Tempo, da Band; Dr. Hollywood, da Rede TV!; Videocassetadas, Arquivo Confidencial e Malhação, da Globo e, para fechar com chave de ouro, Fala que eu te escuto, da Record.
Na tentativa desesperada de aprovar sua reforma excludente, custe o que custar, e ficar bem na foto melhorando, a qualquer preço, sua imagem com a população, Temer corre o risco de, além de ser derrotado, queimar o filme de quem aceitar posar ao seu lado.
Impeachment, reformas trabalhista e previdenciária, santidade disfarçada: castelos de areia que aos poucos vão sendo desfeitos Foto: Pixabay Public Domain
As pesquisas divulgadas recentemente pelos institutos Ipsos e DataFolha sobre as preferências da população em relação as possíveis candidaturas à Presidência da República em 2018 voltaram a confirmar o crescimento de Lula na disputa eleitoral do ano que vem.
Entretanto, ao contrário do que destacou a mídia em geral, o que mais chama a atenção nas estatísticas não é a capacidade de resistência de Lula e seu favoritismo como candidato permanente do PT, mas a falta de articulação e a queda constante nas pesquisas daqueles que poderão ser os prováveis adversários do ex-presidente na disputa.
Enquanto Lula fortalece sua ascendência, os vários candidatos que podem polarizar a briga pela Presidência do Brasil continuam sua trajetória de rejeição crescente.
Poucos deles isoladamente chegam a obter mais de 10% da preferência da população, ficando atrás de até mesmo de Jair Bolsonaro, personagem político que não ocupa cargo de destaque nem sequer é conhecido em muitos rincões do país.
Os inimigos e concorrentes de Lula da Silva teimam em habitar uma Babel política. Falam línguas diferentes, não conseguem se entender nem se consolidar.
Contrariando o que se supunha ou o que era esperado, nem o impeachment de Dilma Rousseff nem a famigerada Lista de Fachin surtiram o efeito desejado em relação ao ex-presidente. Pelo contrário, o feitiço tem virado contra o feiticeiro. Os opositores do petista, aparentemente, estão sendo obrigados a se convencer que remédio que cura também pode matar.
Temer e seus aliados estão tendo que suar a camisa para se soltarem das armadilhas que criaram.
É aí que Lula tem levado vantagem e está tirando proveito, apesar do ex-presidente também não ser uma unanimidade.
Contundo, Lula da Silva é o preferido da maioria dos eleitores não pelos olhos azuis, que não possui, mas, ao contrário de Temer, pelo fato de ter conseguido implementar ações que comprovadamente beneficiaram a maioria da população, mesmo tendo seu presente político manchado de denúncias e deslizes.
Por outro lado, Lula também continua crescendo na preferência dos eleitores porque está sendo beneficiado tanto pelas circunstâncias do momento quanto pela falta de articulação de seus adversários.
Em relação às circunstâncias, pela Lista de Fachin. Ela ajudou Lula na medida em que desmentiu a história que foram os petistas quem inventaram corrupção no Brasil, juntamente com o ex-presidente.
A Lista de Fachin comprovou que todos os citados pelos delatores da Odebrecht estão no mesmo nível. Colocou partidos de bases ideológicas diferentes - mas com interesses materiais idênticos - no mesmo patamar, igualando-os em sujeira, tal e qual recém-nascido de suíno quanto pisa pela primeira vez em chiqueiro.
Os denunciados por Fachin confirmaram, por si sós e por suas ações espúrias que, se não é uma senhora idosa e não poupa ninguém, a corrupção está agindo há pelo menos 30 anos no país.
Na verdade, Dona Corrupção está mais para uma pessoa altiva, ativa, ávida, esperta, de olhos e ouvidos abertos, mas que continua sendo seduzida pelos políticos e fazendo história no Brasil.
Em segundo lugar, Lula está sendo favorecido, além da falta de sintonia de seus adversários, também por uma série de estratégias erradas dos seus opositores e pela insistência cega deles, e de Michel Temer, em nadarem contra a corrente.
Enquanto o governo Temer e seus aliados continuarem a dar braçadas na direção contrária aos interesses do povo, em algum momento irão se cansar.
Inevitavelmente permanecerão favorecendo Lula e continuarão reforçando a imagem do petista como bom presidente e mantendo viva na memória do povo as ações favoráveis que ele realizou quando esteve no poder.
Se permanecerem nadando contra a vontade popular, os adversários de Lula fatalmente morrerão na praia, sendo o ex-presidente candidato ou não.
Mais de 70% dos brasileiros são contra as reforma, revelaram as pesquisas Ipsos e DataFolha. Isso é um recado claro. A população está dizendo que querer aprovar a todo custo e a toque de caixa reformas impopulares e desagregadoras é, no mínimo, falta de inteligência e atestado de inabilidade política.
Apesar da forte desaprovação, a maioria dos brasileiros rejeita as reformas não porque elas são desnecessárias – precisam realmente serem feitas, até certo ponto - mas porque segregam, diminuem, aumentam a desigualdade, retiram direitos coletivos e conquistas sociais.
Do jeito que estão sendo propostas, as reformas prejudicam a maioria, independente das pessoas estarem à direita ou à esquerda.
Por outro lado, os cidadãos que apoiaram o impeachment estão se sentindo traídos pelos políticos que se disseram contrários à corrupção e, vendendo-se como santos, provaram que no fundo não passam de impuros, tanto quanto aqueles que acusaram. Sequer eles cumpriram a mínima promessa de melhorar o país em poucos meses.
Em relação à situação política do Brasil, enquanto um cego continuar guiando outro cego, ambos cairão na cova de seu castelo de areia e seguirão sendo rejeitados nas estatísticas eleitorais, embora as pesquisas, em geral, representem apenas uma fotografia - muitas vezes em branco e preto - de um momento específico, ou indiquem uma tendência - que pode ou não se confirmar.
Contudo, quanto mais ruim para os opositores do ex-presidente e pior para a população, melhor para Lula que, tal e qual Madeira que cupim não rói, até agora, enverga e não quebra, balança, mas não cai.
Artista de criatividade intensa, Belchior morreu aos 70 anos
Foto: Divulgação
De nome comprido e talento de primeira grandeza, o cantor
e compositorAntônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, o Belchior,morreu hoje
(30), aos 70 anos, aparentemente de
causas naturais, em Santa Cruzdo Sul (RS).
Belchior era o décimoterceiro filho de uma família de 23 irmãos (13 mulheres e 10 homens). A paixão espontânea
pela música desabrochou cedo no
garoto de Sobral, cidade do interior
do Ceará.
O dom, que mais
tarde seria reconhecido como criatividade
à flor da pele, foi influenciado e amparado pelo talento amador do avô que tocava instrumentos musicais, da mãe que eracorista de igreja e de alguns tios, seresteiros e tocadores de violão.
Em 1971, depois de quatro anos cursando medicina, Belchior decidiu transformar
todo seu talento artístico e seu conhecimento sobre filosofia,política, religião, ciência, em música de alta qualidade.
Com “A hora do almoço” venceu o Festival Universitário da Canção, em
1971. Em 1972, abandou o curso de medicina
da Universidade Federal do Ceará para
definitivamente trilhar os caminhos
sem volta da música. Belchior considerava sua músicacontemporânea, nordestina e autobiografica, em determinado nível. Costumava afirmar que
procurava com suas letras e canções apresentar uma vertente verbal e visual nova.
O aspecto visual do concretismo em suas composições iniciais logo foi adotado,
assumido, apoiado, vinculado e misturado à tradição
da música nordestina e cearense, em particular.
Artista de grande talento e reconhecimento nacional, Belchior
sempre buscou em seu trabalho misturar
a novidade com a tradição. Conseguiu, como poucos,
fazê-lo com sucesso e propriedade.
Cantor e
compositor que quase se tornou padre,
Belchior, quando criança, tinha o hábito de fugir de casa. A partir de 2007, começou a sair de cena.
Em 2008, Belchior resolveu se auto-exilar
e fugir definitivamente do campo de visão do cotidiano, do alcance da fama e do
sucesso, ao ponto de não comparecer
ao sepultamento da mãe.
De comportamento intenso e ao mesmo tempo enigmático, Belchior transformou-se em uma esfinge:
todos queriam decifrá-lo, mas ao
mesmo tempo tinham respeito por sua
decisão e pessoa, talvez por medo de
serem devorados por ele.
Autocrítico bem-sucedido de sua geração, Belchior buscou
insistentemente o novo, o momento presente da música
popular brasileira.
Mesmo ausente do show business por uma decisão consciente, ele sempre foi uma presença marcante na MPB através da suas letras, canções e da história
que construiu.
Apesar de sua reclusão determinada e de seu silêncio decidido, Belchior, o rebelde cearense e enigmático rapaz latino-americano, continuará presente no mundo através da intensidade de suas letras,
da sonoridade marcante de suas músicas e da força perene e atemporal de suas canções.
RIP, Belchior!
BELCHIOR POR BELCHIOR
“O meu trabalho
pretende, gostaria de ser, um objeto poético transformador. Que tende para os
interesses da história do homem. Um objeto útil, enfim. Uma arte que sirva, que
não seja ornamental. Uma arma na mão do homem para a conquista de si mesmo,
do universo e dos espaços esquecidos. Tudo isso, claro, aparece como um
universo, novo, jovem e cujo conhecimento só pode ser expresso em palavras
novas. É uma utopia paradisíaca, de transformação pelo que é primitivo no homem”
(Sobre si mesmo e seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM)
“Essa música fala
de uma pessoa do terceiro mundo na esquina do mundo. Na expectativa, dependente
do resto do mundo, mas com uma capacidade tremenda de desdobramento, de
resistência, de rebeldia de espírito, de novidade, de transformação, de poder
novo, enfim. Assume de fato sermos latino-americanos sendo brasileiros, cearenses,
e justamente participantes da fraternidade latino-americana. Fala de “desinsular”
a cultura, de fazer com que a cultura seja penetrante, troque energias com
todos os espaços. Mas, também é uma música irônica, satírica, de humor branco,
negro, amarelo e vermelho sobre a situação das pessoas da Latina América”.
(Sobre a canção Apenas um rapaz latino-americano. Em entrevista à Rádio
Universitária FM)
“O humor cearense
está sempre presente na minha música. É uma ironia característica da nossa
cultura, mas que também contém uma certa graça. Não quero dizer que minha
música contenha naturalmente um humor explícito ou que eu faça uma música
satírica do ponto de vista convencional. Todos esses dados aparecem diluídos no
meu trabalho de um modo muito fino e sutil, o que aumenta cada vez mais o teor
e a carga de ironia. (Sobre o tom humorado de suas letras e canções. Em entrevista à Rádio
Universitária FM).
“Foi uma música
que estava pronta há mais de um ano esperando a gravação de um artista
competente. Foi a que mais marcou a minha vida de artista e cidadão naquele momento.
Foi a música que mais simbolizou o movimento espiritual, todo o momento da juventude
brasileira naquela circunstância e que também teve a sorte e a felicidade de
ser interpretada por Elis, acrescentando ao material por si mesmo rico e
complexo, o poder de sugestão da voz de Elis, o poder de invenção da voz de
Elis. (Sobre
“Como os nossos pais”. Em entrevista à Rádio Universitária FM).
“O meu trabalho
tem uma continuidade, no sentido de que a cada disco eu vou tentando completar
aquilo que está cantado anteriormente. Naturalmente que tudo isso está
acrescido de comportamentos criativos novos, da tentativa de descobrir novas
formas de cantar, de dizer,de pensar o ato de fazer música e de apresentar essa
nordestinidade nova, de uma “cearensidade” aberta para o mundo. O meu trabalho
vem tentado tudo isso de um modo muito amplo, no sentido de abrir uma perspectiva
para o mundo todo mesmo, de tal forma que meu trabalho possa ser ouvido e
interpretado como um trabalho de plena contemporaneidade”. (Sobre o significado
de seu trabalho. Em entrevista à Rádio Universitária FM.).
“O tema básico de
minha música é o espírito de minha geração, a vida cotidiana do cidadão comum.
É uma tentativa de retratar de um modo bastante característico, individual,
pessoal, a vida do homem brasileiro do meu tempo, de tal forma que a fonte de
expressão continua sendo a observação direta e imediata da vida mesmo”. (Sobre
sua fonte de inspiração. Em entrevista a Josué Mariano.).
“É mais o
critério da criatividade, do meu esforço criativo, o momento de liberdade de
criação e de expressão. Como não faço um trabalho voltado imediatamente para o
sucesso, ou o sucesso imediatista, eu uso como critério para escolha das
canções ou para a própria feitura delas, o critério mais artístico, mais
expressional e mais poético, desligado do rádio, da televisão e de se a música
vai fazer sucesso ou não. Me preocupo realmente com o exercício do meu ofício
de artista e de cantor. Se a música fizer sucesso, vem por acréscimo”. (Sobre o critério que usa para compor suas
canções. Em entrevista a Josué Mariano).
“Sou um operário
da minha música e estou ligado ao meu trabalho diariamente. (...) Gosto muito
do exercício do meu ofício porque ele combina o prazer com o fazer e a criação
com o exercício contínuo da vida comum. Tenho uma visão artística ligada mais
com o fazer, com o trabalho, do que com uma visão mais brilhante, que me parece
mais tola”. (Sobre o seu ofício. Em entrevista a Josué Mariano).
“Eu gostaria de
ter uma mensagem muito concreta, muito direta, que pudesse salvar as pessoas,
encaminhá-las, mas eu não tenho essa mensagem sequer para mim, de tal forma que
eu acho que não devem me seguir porque eu também estou perdido. Cada um deve fazer
ou encontrar seu caminho. Sobretudo, não façam como meu, inventem. Ou melhor,
façam como eu: inventem!”. (Sobre qual mensagem deixaria para os fãs. Em
entrevista a Josué Mariano).
Combate às
reformas deve ter a mesma intensidade e interesse
Foto: Rovena
Rosa/Agência Brasil (15/03/2017)
ACâmara dos Deputados abriu ontem (26) o caminho para que as perdas de
direitos e garantias trabalhistas sejam colocadas
em prática. A vitória foi parcial, já que a medida ainda precisa ser aprovada
no Senado.
O placar final – foram 296 votos a favor e 177 contra – confirma que o governo está
conseguindo aprovar suas medidas disfarçadas de modernização mais aos trancos do que aos
barrancos. O resultado de
ontem, ainda que aparentemente favorável a Michel Temer, também sinaliza que a
aprovação da proposta de reforma da Previdência será mais difícil do que se
imaginava a princípio.
Contudo, Temer e
sua base de aliados insistem em seguir fortalecidos na contramão dos interesses
da população muito mais por descompasso dos movimentos sociais e por falta de
organização dos parlamentares oposicionistas.
Parlamentares da
oposição, Centrais sindicais e movimentos organizados não estão sabendo
aproveitar integralmente a onda de insatisfação geral da população, ao
contrário do governo que, explorando as brechas deixadas pelos dois lados, está
operando positivamente em favor de si.
Enquanto os
oposicionistas se fixam em expressar suas posições contrárias mais intensamente dentro dos
limites do Congresso Nacional, os movimentos sociais e sindicalistas investem
toda a força e atenção mais na reforma da Previdência, como se as perdas que irão
resultar da aprovação de uma fossem mais prejudiciais do que a da outra.
Ambas as reformas
são um assalto a mão armada à população. Desfavorecem, diminuem, empobrecem,
privam e exploram igualmente, logo, deveriam ser tratadas com a mesma
intensidade e interesse.
Ao que tudo
indica, a sugestão de acabar com a contribuição sindical obrigatória foi uma
ameaça que surtiu efeito nos sindicalistas.
Parlamentares de
oposição precisam fortalecer o seu discurso em uníssono com o da população,
caso contrário o governo vai continuar falando mais alto, empurrando goela
abaixo suas mazelas e saboreando o gosto de suas vitórias.
Os movimentos
sociais, os oposicionistas e os sindicalistas têm que ficar mais espertos e saberem
aproveitar o vácuo deixado pela situação, caso contrário, verão os vazios
provocados por seus vacilos serem preenchidos favoravelmente pelo governo e correrão
o risco de serem derrotados em embates futuros.
Em se tratando de
malandragem, qualquer vacilo pode ser fatal, afinal de contas, camarão que
dorme na praia a onda leva.
Número de suicídios entre jovens e adolescentes brasileiros cresceu 27,2% nos últimos 34 anos
Foto: Pixabay Public Domain
“Baleia Azul”, jogo que aportou no
Brasil na semana passada e tomou conta dos noticiários causando temor e
perplexidade em pais e filhos, chamou a atenção para um assunto que ainda é
tratado com reservas e sem profundidade em todo o mundo: o suicídio entre jovens e
adolescentes.
Para investigar a extensão do Baleia azul e o principal prejuízo que ele pode causar, a BBC Brasil divulgou com exclusividade reportagem com números do Mapa da Violência
2017 sobre suicídios entre jovens e adolescentes brasileiros.
O estudo, realizado
a partir de um levantamento feito anualmente pelo Sistema de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde,
apontou dados preocupantes em relação
à quantidade de suicídios na faixa etária
adolescente e à forma como eles ainda são desconsiderados no país.
De 1980 a 2014, a quantidade de suicídios envolvendo jovens e adolescentes de
15 a 29 anospor 100 mil habitantes cresceu 27,2%. Em números reais
isso equivale a 2.898 casos.
Número de jovens e adolescentes que se matam no Brasil cresce ano após ano
Foto: Pixabay Public Domain
Na população geral, o índice de suicídios chegou
aos 60%, nos últimos 34 anos.
Segundo o ranking
de suicídios divulgado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a oitava colocação
em números de autocídios no mundo.
A taxa de suicídios entre os jovens brasileiros está em 4,5, bem abaixo dos 25 por 100 mil habitantes na Rússia,
mas é crescente a cada ano no Brasil,de acordo com dados da OMS.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, depressão, abuso de drogas
e álcool, bullying, violências sexuais
e domésticas são os fatores mais associados ao suicídio entre jovens e adolescentes.
A competitividade exagerada, a não aceitação das diferenças de gênero,
preconceito com a orientação sexual, a cor da pele e peso, também foram listados pelos estudiosos como fatores potenciais que favorecem o autocídio.
O acompanhamento quanto ao uso da internet, não como um monitoramento controlador, mas como uma
preocupação amorosa, não foi supervalorizado nem subestimado pelos estudiosos. Em entrevista à BBC Brasil
a professora
da UniversidadeEstadualdo Rio de Janeiro – Uerj
- e psicóloga, Mariana Bteshe afirmou que “é preciso que a família, mantendo a privacidade do
jovem, busque uma forma de contato com ele e abra um espaço de diálogo”.
Enxergar os jovens como eles são, entender e respeitar suas transformações naturais
e seu relacionamento com o mundo, juntamente com a interação social diária, presencial e contínua ainda são atitudes que podem melhorar e permitir o bom convívio com a galera jovem, ressaltam psicólogos e pedagogos.
Amor, acompanhamento
e empatia é a fórmula elementar
para prevenir desvios e tentar evitar que os jovens e adolescentes tomem decisões drásticas ou optem por atalhos fatais como o suicídio.
Quando colocada em prática, essa tríade não impedirá que a estrada que os jovens e adolescentes irão percorrer seja repleta de percalços nem a caminhada desafiadora, porém, permitirá que ela também seja prazerosa, responsável, livre, sem culpa e com menor número de interrupções abruptas, como deve ser a vida. Simples assim.