2 de fev. de 2016

BANDEIRA BRANCA


Foto: Lula Marques / Agência PT (19/11/2015 Fotos Públicas

religioso dominicano, jornalista, educador e deputado francês Henri Lacordaire (1802 - 1861) afirmou certa vez que “o orgulho divide os homens, a humildade une-os”.  Humildade é o que a presidente Dilma Rousseff demonstra ao ir hoje pessoalmente ao Congresso Nacional levar a mensagem do Executivo.

Dilma, tida como truculenta e dura na queda, parece ir ao território que na maioria das vezes em 2015 lhe foi hostil, em missão de paz, embora consciente das muitas batalhas que ainda virão e que terá de travar ali mesmo, ao longo dos possíveis três anos que ainda tem pela frente no comando do país.

A atitude que se fazia necessária e foi sincera, soará para muitos como uma encenação, um ato de desespero. De certo que não faltará aqueles, inclusive políticos de carteirinha e sensacionalistas pessimistas de plantão, que irão classificar ação da presidente como pura estratégia política.

Até aí, tudo bem, afinal a crise que o país passa atualmente não é só institucional e moral, mas também de descrença, desconfiança e desesperança.

Aliás, acredito que que a crise é o que é exatamente porque só queremos, não acreditamos de verdade, prometemos e não cumprimos, desejamos, mas não fazemos.

Entre o querer e o fazer existe o acreditar, também já disseram. É aí que mora o segredo.

Ao sair da zona de conforto representada pelo Palácio do Planalto e ir ao Congresso Nacional, Dilma deixa sua trincheira e entra na zona de combate para encarar frente a frente aliados e inimigos, pôr sua verdadeira humildade ou sua suposta truculência à prova e acreditar que sua ação sóbria pode dar certo.

Que os dois lados desse cabo de guerra que a política brasileira se tornou nos últimos tempos desarmem seu espíritos, portanto. 

Que o façam não como um gesto simbólico ou como uma pretensão apenas, mas como uma ação verdadeiramente possível.

Tomem conta do que vão pronunciar para não se traírem, sob pena de falarem demais por não ter nada a dizer ou fazer.

A ida da presidente ao Congresso simboliza respeito ao Legislativo e disponibilidade para dialogar.

Que a trégua possa realmente acontecer e seja o primeiro grande passo para a paz e a retomada do crescimento do Brasil.  

Que a sobriedade do gesto da presidente não endureça os corações de ambos os lados, mas que finalmente eles e nós possamos sair da teoria conciliatória para a prática eficiente e edificante, pois, como disse o indiano Tagore (1861 – 1941), “quanto maiores somos em humildade, mais próximos estamos da grandeza”.

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